Longevas enquanto indivíduos e enquanto grupo biológico, as tartarugas marinhas mantiveram a sua morfologia praticamente sem mudanças significativas durante cerca de 150 milhões de anos, sendo animais verdadeiramente fascinantes.
As tartarugas marinhas são répteis que surgiram há 150 milhões de anos, resistindo às drásticas mudanças da Terra que levaram a extinções em massa de inúmeras espécies, entre as quais os dinossauros. Mantiveram praticamente a sua morfologia sem mudanças significativas até o tempo actual.
As tartarugas marinhas distinguem-se dos cágados ou tartarugas de água doce por uma série de características anatómicas, tais como a impossibilidade de recolher a cabeça dentro da carapaça, formas hidrodinâmicas e transformação das quatro extremidades em barbatanas aptas para a natação.
Apesar de cada espécie de tartaruga marinha ser distinta na sua aparência e comportamento, todas as tartarugas marinhas possuem características em comum.
A “concha” é constituída pela carapaça (parte superior) e pelo plastrão (parte inferior), unidas através de cartilagem de modo a proteger os órgãos internos. Na maior parte das espécies, existem escamas que cobrem a carapaça, sendo o seu número e disposição específicas de cada espécie.
As barbatanas dianteiras, principais órgãos para a propulsão, são bastante mais largas que as posteriores e são utilizadas simultaneamente, não de forma alternada. As barbatanas posteriores servem-lhes de remos.
Como todas as tartarugas, estas não possuem orelhas e os seus tímpanos estão cobertos por pele. Elas ouvem melhor em baixas frequências e o seu olfacto é excelente.
O seu comprimento pode variar de 53 cm até 1,9 m, não havendo diferenças de tamanho entre machos e fêmeas.
As tartarugas marinhas encontram-se nas águas temperadas e tropicais de todo o mundo. As fêmeas só abandonam o meio aquático para pôr os ovos no litoral, enquanto que os machos, a partir do momento em que chegam ao mar, não voltam a abandoná-lo em toda a vida.
Os adultos da maioria das espécies podem ser encontrados em águas superficiais e costeiras, baías, lagoas e estuários, sendo que alguns aventuram-se até ao mar aberto.
As tartarugas marinhas passam a maior parte do tempo submersas, emergindo periodicamente para respirar. Uma única exalação explosiva e uma rápida inalação, é tudo o que precisam para repor o seu suplemento de oxigénio. Durante a actividade normal, as tartarugas mergulham durante 4 ou 5 minutos e emergem para respirar durante 1 a 3 segundos. As tartarugas podem descansar ou dormir debaixo de água durante algumas horas, mas a sua capacidade de conter a respiração em intensa actividade ou em estado de stress é consideravelmente mais reduzida. Muitas tartarugas marinhas adultas dormem junto a rochas.
As tartarugas marinhas não têm dentes, sendo que as suas mandíbulas foram modificadas em bicos para esmagar, triturar, rasgar ou morder, dependendo da sua dieta.
A maioria das tartarugas é carnívora, e os animais que constituem o seu alimento são crustáceos, anfíbios e peixes. Estas podem usar diferentes áreas de alimentação em cada estado de crescimento.
A maioria das tartarugas marinhas normalmente migram longas distâncias entre a sua área de alimentação e as praias de desova. Ninguém tem a certeza de como elas encontram o seu caminho. Muitas teorias têm sido desenvolvidas, tais como que as tartarugas se orientam através das estrelas, sol ou luz polarizada, determinam a latitude através sensação de velocidade de rotação da Terra ou o seu grau de inclinação, ou que seguem o gradiente de um sabor ou cheiro particular emanado de rios ou zonas costeiras.
A taxa de crescimento das tartarugas marinhas é muito variável. Geralmente elas demoram a atingir a maturidade e acredita-se que têm um período fértil de desova relativamente longo, talvez tão longo como 75 a 100 anos.
As tartarugas atingem a maturidade sexual a idades que variam desde os 7 anos em tartarugas em cativeiro e perto de 50 em tartarugas selvagens, dependendo da espécie e da qualidade do habitat no qual se alimentam.
As tartarugas desovam 50 a 200 ovos do tamanho de bolas de ping-pong, sendo o período de incubação para a maioria das espécies de 45 a 70 dias.
Os primeiros momentos fora dos ovos são possivelmente os mais perigosos na vida de uma tartaruga marinha. Os predadores são abundantes e muitas crias não conseguem chegar à zona da rebentação marinha. Formigas, caranguejos, raposas, coiotes e abutres, são apenas alguns dos animais que se alimentam dos ovos e das crias. As bactérias nos ninhos também ajudam à mortalidade, destruindo muitos ovos antes destes eclodirem. As crias que sobrevivem aos predadores da praia, têm de enfrentar os predadores que estão à sua espera no mar. O escuro providencia alguma protecção, mas não muita, e as crias que emergem durante a luz do dia raramente chegam muito longe, porque aves predadoras como andorinhas-do-mar, gaivotas e alcatrazes estão à sua espera.
Felizmente o grande tamanho e a dura carapaça das tartarugas marinhas adultas fazem delas presas menos fáceis para a maior parte dos animais.
Cientistas reconhecem 7 espécies vivas de tartarugas marinhas, agrupadas em 6 géneros. A tartaruga boba ou tartaruga careta (Caretta caretta), distingue-se por possuir uma cabeça bastante grande em relação ao corpo. A tartaruga verde (Chelonia mydas), é assim designada devido à cor da sua gordura localizada abaixo da carapaça. A carapaça da tartaruga de couro (Dermochelys coriacea) é quilhada e sem escamas, tendo a aparência de couro, enquanto que a tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea) tem uma aparência esverdeada. Existem ainda a tartaruga de Kemp (Lepidochelys kempi), a tartaruga bico-de-falcão (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga australiana (Natator depressus).
Madalena Salgado
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