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domingo, 31 de janeiro de 2021

Zoo de Lourosa lidera programa internacional sobre calau de casco cinzento



O Zoo de Lourosa, em Santa Maria da Feira, vai liderar um programa internacional apostado em aumentar a população selvagem do calau de casco cinzento, revelou hoje o único parque ornitológico do país a propósito dessa ave ameaçada.

O projeto envolve outras cinco instituições inscritas na Associação Europeia de Zoos e Aquários (EAZA), que escolheu o parque do distrito de Aveiro para coordenar a gestão em cativeiro das populações do calau da espécie ‘Ceratogymna atrata’, que é nativa das florestas do Centro-Este africano, está pouco identificada no seu habitat natural e integra a lista do Programa Europeu de Espécies Ameaçadas – também conhecido como “EAZA Ex-situ Programme”.

Como o Zoo de Lourosa tem vindo a monitorizar desde 2016 vários indivíduos dessa espécie, foi em 2020 convidado pela EAZA para aplicar a sua experiência na coordenação de um programa envolvendo outros 10 parques em território europeu.

“Dentro da EAZA existem 30 aves desta espécie de calau em cativeiro, mas poucos zoos têm conseguido a sua reprodução. Como o de Lourosa é dos poucos a nível mundial a ter sucesso reprodutivo com esta espécie e já monitoriza a respetiva população há alguns anos, foi proposto que ficássemos nós a coordenar o programa e o Comité Europeu de Espécies Ameaçadas confiou-nos essa responsabilidade”, explicou à Lusa Salomé Tavares, diretora da estrutura portuguesa.

O trabalho com o calau ‘Ceratogymna atrata’ será supervisionado pela curadora Andreia Pinto, e visa estudar o verdadeiro estatuto da espécie em estado selvagem com vista a travar “o decréscimo significativo da sua população devido ao tráfico”.

O projeto irá assim implicar investigação demográfica e genética, assim como “partilha de informação entre as várias instituições envolvidas”, no que a intenção é “manter elevados padrões de maneio da espécie em cativeiro e criar condições para que se reproduza com sucesso”.

Salomé Tavares realça que também cabe à equipa do Zoo de Lourosa “localizar potenciais futuros participantes no programa e fazer recomendações sobre a colocação dos descendentes da espécie, com o intuito de manter a sua diversidade genética”.

Em 2016 existiam apenas 13 calaus de casco negro em seis zoos membros da EAZA, mas, graças ao “sucesso pioneiro” do zoo da Feira na reprodução da espécie, os indivíduos mais jovens foram confiados a outras instituições europeias e atualmente a população da ‘Ceratogymna atrata’ aumentou para 30 aves distribuídas por 11 parques.

A primeira cria de calau de casco cinzento concebida em Lourosa nasceu em 2009. Já a ave mais jovem da espécie a juntar-se a essa família terá agora entre quatro a seis meses.

A sua idade exata é desconhecida porque, embora se tenha ouvido “uma cria a piar em julho, a mãe manteve-a selada no ninho durante algum tempo, como é típico dos calaus, e só em outubro a deixou sair pela primeira vez”.

Nessa altura, recorda Salomé Tavares, foi dupla a surpresa: “Contávamos só com uma cria, mas afinal eram duas”.

O Zoo de Lourosa abriu oficialmente as suas portas ao público em outubro de 1990, sendo nessa altura propriedade de um particular.

Em 2000 o espaço foi adquirido pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, que impôs ao local as normas comunitárias relativas à exposição de animais ao público.

Após algumas obras de remodelação, a reabertura do parque aconteceu em 2001, sendo que hoje o Zoo conta com cerca de 500 aves de 150 espécies diferentes, muitas delas raras ou ameaçadas de extinção.

https://greensavers.sapo.pt/zoo-de-lourosa-lidera-programa-internacional-sobre-calau-de-casco-cinzento/

domingo, 17 de janeiro de 2021

Descoberto no Brasil um dos ancestrais mais antigos do T-rex

Uma nova espécie de dinossauro, classificada pelos cientistas como um dos antepassados mais antigos do Tirannosaurus rex, que viveu há cerca de 230 milhões de anos durante a ascensão da era dos dinossauros, foi descoberta no Sul do Brasil.

O Erythrovenator jacuiensis, que os cientistas acreditam ser um trisavô do tiranossauro Rex (T-rex), também era um predador, mas menor, sendo classificado como um dos membros mais primitivos da linhagem dos terópodes, à qual pertencem outras espécies conhecidas, como o Velociraptor.

A descoberta foi obra do paleontólogo brasileiro Rodrigo Temp Müller, da Universidade Federal de Santa Maria, cujo estudo foi publicado recentemente na revista Journal of South American Earth Sciences.

Rodrigo Müller identificou a nova espécie num fémur fossilizado que descobriu em 2017 numa propriedade rural no município de Agudo, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul.

“Tínhamos poucos fósseis desse tipo de dinossauro, a maioria bastante fragmentado. Este que descobri é apenas um osso, bastante danificado, mas tem características que só são vistas na linhagem de terópodes”, explicou Müller em declarações à agência de notícias espanhola Efe. “E, dentro dessa linhagem, pertence a um animal que não conhecíamos até agora. Embora seja apenas um osso, é possível ver traços que não tínhamos visto em outros dinossauros”, completou.

O nome científico do Erythrovenator jacuiensis significa “caçador vermelho do rio Jacuí”. Rodrigo Müller disse que lhe deu esse nome por causa da coloração avermelhada do fóssil e por causa do rio que corre próximo ao local onde o fóssil foi descoberto.

Uma análise para identificar o grau de parentesco revelou que o “caçador vermelho” seria um dos dinossauros da família dos terópodes “mais primitivos já descobertos”.

“O [tiranossauro] Rex chegava a 12 metros de comprimento e pesava cerca de dez toneladas. Esse dinossauro era muito pequeno, podia ter cerca de dois metros de comprimento e pesava não muito mais de dez quilos”, disse o investigador. “Isso é muito interessante porque mostra que essa linhagem de dinossauros famosos, como o Tyrannosaurus rex ou o Velociraptor, veio de um grupo de pequenos dinossauros”, acrescentou.

Porém, apesar de seu pequeno tamanho, a nova espécie foi provavelmente um predador extremamente ágil, pois o fémur fossilizado tinha estruturas de fixação musculares bastante desenvolvidas. A descoberta dessa nova espécie ajudará a entender a evolução do grupo ao longo de milhões de anos.

Roberto Müller concluiu dizendo que agora espera continuar com o trabalho de campo e as expedições para encontrar materiais mais completos e reconstituir o quebra-cabeça dos antepassados dos dinossauros.

https://www.publico.pt/2020/12/03/ciencia/noticia/descoberto-brasil-ancestrais-antigos-trex-1941661

domingo, 10 de janeiro de 2021

Descobertos em Moçambique achados dos primeiros vertebrados da idade dos dinossauros

Fósseis dos primeiros animais vertebrados, com cerca de 245 milhões de anos, da era dos dinossauros, foram descobertos em Moçambique, segundo um estudo publicado agora na revista científica sul-africana Palaeontologia Africana, podendo surgir achados de dinossauros.

O português Ricardo Araújo, o autor principal do artigo, anunciou à agência Lusa que a equipa de oito investigadores descreve a descoberta de “várias partes de crânios e esqueletos fragmentados de dicinodontes Lystrosaurus”.

Os achados descobertos na última expedição, ocorrida entre Setembro e Outubro de 2019, foram estudados e agora validados pela comunidade científica, com a publicação do artigo. Os fósseis datam de há cerca de 245 milhões de anos, do período do Triásico, em que começaram a surgir os primeiros dinossauros.

“Com esta descoberta, temos os primeiros vertebrados da história da vida na Terra em Moçambique” desde o início da era dos dinossauros, sublinhou Ricardo Araújo, paleontólogo do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Os achados, acrescentou o investigador, “vão abrir a janela para a descoberta de dinossauros em Moçambique”.

Para o paleontólogo, a descoberta coloca ainda “Moçambique no mapa do estudo sobre a extinção de 95% dos seres vivos existentes no planeta, ocorrida na transição do Pérmico para o Triásico”.

“Na altura em que os ancestrais dos mamíferos viveram estava tudo dizimado e nas rochas onde estes achados foram encontrados há sinais dessa extinção em massa”, explicou.

O artigo científico é ainda assinado pelos norte-americanos James Crowley (Universidade Estadual de Boise, nos EUA) e Kenneth Angielczyk (Museu de História Natural de Chicago, nos EUA), pelos ingleses Roger Smith (Universidade de Witwatersrand, na África do Sul) e Stephen Tolan (Centro de Educação de Vida Selvagem de Chipembele, na Zâmbia) e pelos moçambicanos Dino Milisse (Museu Nacional de Geologia de Moçambique) e João Mugabe (Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique).

Em África, os Lystrosaurus são sobretudo conhecidos na África do Sul.

https://www.publico.pt/2020/12/11/ciencia/noticia/descobertos-mocambique-achados-vertebrados-idade-dinossauros-1942695

domingo, 3 de janeiro de 2021

Icebergue gigante que se soltou da Antártida está agora a fragmentar-se

O icebergue gigante A-68a que anda à deriva no Atlântico Sul está a dividir-se em grandes fragmentos, disse em comunicado o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos. Na semana passada já se tinha fragmentado e dado origem ao A-68d, que tem cerca de 144 quilómetros quadrados. Agora, surgem dois novos pedaços: o A-68e com 655 quilómetros quadrados; e o A-68f com 225 quilómetros quadrados.

O icebergue A-68 separou-se da plataforma Larsen C, na Antárctida Ocidental em Julho de 2017, e viajou lentamente para oceano aberto. Na altura, tinha cerca de 5800 quilómetros quadrados, mas três anos depois já “só” tinha 3900 quilómetros quadrados e ameaçava colidir com a Geórgia do Sul, podendo colocar em perigo a sua vida selvagem.

Depois de se ter identificado a fragmentação deste icebergue na semana passada e o surgimento do A-68d, surgem agora novidades. Na terça-feira, dados do satélite Sentinela-1 do programa Copérnico da Comissão Europeia e da Agência Espacial Europeia mostravam que há mais dois fragmentos que se separaram do icebergue, o A-68e e o A-68f. Há uns tempos, já se tinham separado deste icebergue o A68b e o A68c. Agora, o A-68a (o que resta do icebergue original) terá ainda 2600 quilómetros quadrados, de acordo com os cálculos de Laura Gerrish, do British Antarctic Survey (BAS), que é responsável por assuntos do Reino Unido na Antárctida.

“Quase três anos e meio depois de se ter separado da plataforma Larsen C, o icebergue A68a – o quarto maior de que há registo – está finalmente a começar a desintegrar-se”, notou ao site da BBC Adrian Luckman, especialista em glaciologia da Universidade de Swansea, no Reino Unido.

E o que acontecerá a seguir? Embora já mais pequeno, o A-68a continua na rota de colisão da ilha da Geórgia do Sul e poderá ser um obstáculo para a sua vida selvagem. Uma das preocupações tem sido a grande população de pinguins na ilha. Se o icebergue se pode prender ao flanco da ilha e permanecer aí durante dez anos, poderá bloquear a passagem dos pinguins para a água e impedi-los de alimentar os seus filhos.

Em breve, voltaremos a ter mais informações sobre este icebergue ainda gigante. No próximo mês, uma missão científica liderada pelo BAS rumará à Geórgia do Sul para estudar esse bloco de gelo. Nesta missão, usar-se-ão veículos robóticos subaquáticos e instrumentos de amostragem para perceber como é que a massa do icebergue está a influenciar o ambiente envolvente.

https://www.publico.pt/2020/12/24/ciencia/noticia/icebergue-gigante-soltou-antarctida-fragmentarse-1944037