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quarta-feira, 28 de abril de 2021

Importância da Paleontologia

A informação sobre a vida do passado geológico está contida nos fósseis e na sua relação com as rochas e os contextos geológicos em que ocorrem. O mundo biológico que hoje conhecemos é o resultado de milhares de milhões de anos de evolução. Assim, só estudando paleontologicamente o registo fóssil — o registo da vida na Terra — é possível entender e explicar a diversidade, a afinidade e a distribuição geográfica dos grupos biológicos actuais. Este tipo de estudo tornou-se viável através dos trabalhos de Georges Cuvier, que, mediante a aplicação das suas leis da anatomia comparada, comprovou o fenómeno da extinção e da sucessão biótica. Estas leis permitiram as reconstruções paleontológicas dos organismos que frequentemente eram encontrados no registo fossilífero somente de forma fragmentada, ou mesmo, apenas algumas partes fossilizadas. Desta maneira, os resultados dos trabalhos de Georges Cuvier possibilitaram, posteriormente, a elaboração de sequências evolutivas, que foram fundamentais para a defesa do evolucionismo.

Com base no princípio de que "o presente é a chave do passado", enunciado por Charles Lyell, partindo do conhecimento dos seres vivos atuais e ainda do seu estudo biológico, é possível extrapolar-se muita informação sobre os organismos do passado, como o modo de vida, tipo trófico, de locomoção e de reprodução, entre outros, e isso é fundamental para o estudo e a compreensão dos fósseis.

A partir dos fósseis, uma vez que são vestígios de organismos de grupos biológicos do passado que surgiram e se extinguiram em épocas definidas da história da Terra, pode fazer-se a datação relativa das rochas em que ocorrem e estabelecer correlações (isto é, comparações cronológicas, temporais) entre rochas de locais distantes que apresentem o mesmo conteúdo fossilífero. O estudo dos fósseis e a sua utilização como indicadores de idade das rochas são imprescindíveis, por exemplo, para a prospecção e exploração de recursos geológicos tão importantes como o carvão e o petróleo.

Candidata a vacina contra a malária mostra eficácia de 77%

Ensaio clínico de uma potencial vacina para a malária durou um ano e revelou 77% de eficácia num grupo de 450 crianças, em África.

Uma potencial nova vacina contra a malária provou ser altamente eficaz num ensaio em bebés em África, podendo um dia vir a ajudar a reduzir o número de mortes causadas pela doença transmitida por mosquitos que mata meio milhão de crianças por ano.

A vacina candidata, desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, chama-se R21/ Matrix-M e mostrou eficácia de até 77% no ensaio que decorreu ao longo de um ano no Burkina Faso, onde participaram 450 crianças, avançaram em comunicado os investigadores que lideram o ensaio clínico.

O grupo de cientistas, liderados por Adrian Hill, director do Instituto Jenner de Oxford e também um dos principais investigadores por detrás da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, referiu ainda que planeiam realizar mais testes em cerca de 4800 crianças com idade entre os cinco meses e os três anos em quatro países africanos.

Hill disse ter “grandes expectativas para o potencial da vacina”, acrescentando ainda que se trata da primeira vacina contra a malária a atingir a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de conseguir pelo menos 75% de eficácia.

Cientistas de todo o mundo trabalham há décadas para desenvolver uma vacina capaz de prevenir a malária — uma infecção complexa causada por um parasita transportado na saliva dos mosquitos.

A malária infecta milhões de pessoas todos os anos e mata mais de 400.000, a maioria bebés e crianças pequenas nas zonas mais pobres da África.

A primeira e única injecção contra a malária licenciada no mundo, Mosquirix, foi desenvolvida pela GlaxoSmithKline ao longo de muitos anos de testes clínicos em vários países africanos, mas tem uma eficácia de apenas 30%.

No ensaio R21/ Matrix-M no Burkina Faso, as 450 crianças foram divididas em três grupos. Dois grupos receberam três doses da vacina experimental juntamente com uma dose baixa ou alta de um adjuvante — um ingrediente que potencia a resposta do sistema imunitário a uma vacina — enquanto o terceiro grupo recebeu uma vacina de controlo.

Os resultados, que os investigadores garantiram que seriam publicados em breve na revista científica The Lancet, mostraram eficácia de 77% no grupo de adjuvante de dose elevada e 74% entre aqueles que receberam a vacina com uma dose reduzida.

https://www.publico.pt/2021/04/23/ciencia/noticia/potencial-nova-vacina-malaria-mostrase-promissora-ensaios-burkina-faso-1959854

domingo, 25 de abril de 2021

Paleontologia

Paleontologia (do grego palaiós= antigo + óntos= ser + lógos= estudo) é a especialidade da biologia que estuda a vida do passado da Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de integração da informação biológica no registro geológico, isto é, a formação dos fósseis. O biológo ou geólogo responsável pelos estudos dessa ciência é denominado de paleontólogo.

A vida na Terra surgiu cerca de 3,8 bilhões de anos e, desde então, restos de animais e vegetais ou indícios das suas atividades ficaram preservados nas rochas. Estes restos e indícios são denominados fósseis e constituem o objeto de estudo da Paleontologia.

A paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje. Já não é a ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades. Todos se interessam pela história da Terra e dos seus habitantes durante o passado geológico, para melhor conhecerem as suas origens. O objeto imediato de estudo da Paleontologia são os fósseis, pois são eles que, na atualidade, encerram a informação sobre o passado geológico do planeta Terra. Por isso se diz frequentemente que a paleontologia é, simplesmente, a ciência que estuda os fósseis. Contudo, esta é uma definição redutora, que limita o alcance da Paleontologia, pois os seus objetivos fundamentais não se restringem ao estudo dos restos fossilizados dos organismos do passado. A Paleontologia não procura apenas estudar os fósseis, procura também, com base neles, entre outros aspectos, conhecer a vida do passado geológico da Terra.

Uma vez que os fósseis são objetos geológicos com origem em organismos do passado, a paleontologia é a disciplina científica que estabelece a ligação entre as ciências geológicas e as ciências biológicas. Conhecimentos acerca da Geografia são de suma importância para a paleontologia, entre outros, através desta pode relacionar-se o posicionamento e distribuição dos dados coligidos pelo globo.

Descobertos dois animais escavadores que viveram há milhões de anos

Um era um réptil parecido com um mamífero e tinha 31,6 centímetros de comprimento. Chamaram-lhe Fossiomanus sinensis. O outro era um primo distante dos mamíferos modernos com placenta e tinha 18,3 comprimentos. Deram-lhe o nome de Jueconodon cheni. Apesar de serem filogeneticamente distantes, ambas as espécies descobertas recentemente viveram no Cretácico Inferior (entre há 145 e 100 milhões de anos) e eram escavadoras natas. Na revista Nature é revelada a sua identidade e mostrado que estes são os primeiros animais escavadores conhecidos a serem encontrados num ecossistema chamado “Biota de Jehol”.

Tal como outros tantos, os fósseis agora revelados foram encontrados na Biota de Jehol por agricultores locais. Situada no Nordeste da China, a Biota de Jehol caracteriza-se pela sua abundância de fósseis bem conservados. Uma equipa de cientistas começou a estudar esses fósseis há cerca de quatro anos e agora descrevem-nos a todo o mundo.

Vamos então às apresentações. O Fossiomanus sinensis foi encontrado na formação de Jiufotang, na província de Liaoning, e é um membro dos tritilodontes – cinodontes que se caracterizavam por ter dentes molares superiores com três filas longitudinais de cúspides (pontas). Pertencente a um grupo extinto de répteis parecidos com mamíferos, este animal representa o primeiro do seu tipo na Biota de Jehol. “São parentes próximos dos mamíferos”, esclarece ao PÚBLICO Jin Meng, cientista do Museu Americano de História Natural e um dos autores deste estudo.

Já o Jueconodon cheni é um eutriconodonta – um primo distante dos mamíferos modernos com placenta que era comum nesta biota. Esta nova espécie foi encontrada na formação de Yixian, também na província de Liaoning. “Os eutriconodontas são um grupo extinto de mamíferos primitivos e estão muito próximos do antepassado comum dos marsupiais e dos mamíferos com placenta, mas tinham uma ligação distante aos tritilodontes”, descreve Jin Meng.

Mas muito mais era o que os unia do que aquilo que os separava. “Estas duas espécies têm uma relação filogenética distante, mas mostram ter características convergentes que estão adaptadas à vida de animal escavador”, indica Fangyuan Mao, investigadora do Instituto de Paleontologia Vertebrada e de Paleoantropologia da Academia Chinesa de Ciências e também autora do artigo.

Ambas as espécies escavadoras tinham características adequadas a essa função. As suas pernas eram pequenas e o seu sistema músculo-esquelético permitia-lhes produzir muita força. Os seus braços eram maiores do que as pernas e tinham garras robustas. A cauda era pequena e tinham um número maior de vértebras torácicas do que outros animais da sua biota. A equipa pensa que as características partilhadas por estas duas espécies evoluíram de forma independente por causa de “pressões selectivas semelhantes”.

“Estas espécies com uma ligação [filogenética] distante fornecem um exemplo excelente de evolução convergente num tempo geológico distante, tanto a nível da sua capacidade de escavação como do aumento do número de vértebras no seu corpo”, assinala Jin Meng. O investigador nota que se sabe que este tipo de evolução adaptativa para estilos de vida e condições ecológicas semelhantes ocorreu há 120 milhões de anos nestes ancestrais dos mamíferos modernos. As mudanças nas suas colunas vertebrais (tanto no número de vértebras como na forma) são comparáveis às que se observam em mamíferos actuais. “Isto sugere que mecanismos genéticos de desenvolvimento semelhantes que regulam a coluna vertebral de mamíferos modernos já tinham evoluído nestes animais primitivos.”

https://www.publico.pt/2021/04/24/ciencia/noticia/descobertos-dois-animais-escavadores-viveram-ha-milhoes-anos-1957470

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Vida "semeada" de outro lugar

A ideia de que a vida na Terra foi "semeada" de outras partes do universo data pelo menos do século quinto AEC. No século vinte foi proposto pelo químico físico Svante Arrhenius, pelos astrónomos Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe, e pelo biólogo molecular Francis Crick e pelo químico Leslie Orgel. Há três versões principais para a hipótese de "sementeira de outro local": vindo de outro lugar do nosso Sistema Solar via fragmentos lançados para o espaço por um impacto de um meteoro de grandes dimensões, sendo a única fonte credível Marte; por visitantes extra-terrestres, possivelmente por contaminação acidental com microorganismos que trouxeram com eles; e de fora do Sistema Solar mas por meios naturais.

sábado, 10 de abril de 2021

Evidências mais antigas da vida na Terra

Os organismos mais antigos que já foram identificados eram diminutos e com relativamente poucas características, e os seus fósseis parecem-se com pequenos bastonetes, que são difíceis de diferenciar de estruturas que surgem através de processos físicos abióticos. A evidência mais antiga indisputável da vida na Terra, interpretada como bactérias fossilizadas, data de há 3 mil milhões de anos. Outras descobertas em rochas datadas em cerca de 2,5 mil milhões de anos têm sido também interpretadas como bactérias, com evidências geoquímicas aparentemente mostrando a presença de vida há 3,8 mil milhões de vida. Contudo estas análises foram escrutinadas cuidadosamente, e foram encontrados processos não-biológicos que poderiam produzir todos estes "sinais de vida" que foram relatados. Embora isto não prove que as estruturas encontradas tenham uma origem não-biológica, elas não podem ser tomadas como evidências claras para a presença de vida. Assinaturas geoquímicas de rochas depositadas há 3,4 mil milhões de anos foram interpretadas como evidências de vida, embora estas afirmações não tenham sido examinadas pormenorizadamente por críticos.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

História inicial da Terra

Os mais antigos fragmentos de meteorito encontrados na Terra têm cerca de 4,54 bilhões de anos de idade; isto, junto principalmente com a datação de depósitos de chumbo antigos, colocou a estimada idade da Terra por volta deste tempo. A Lua tem a mesma composição da crosta terrestre mas não contém um núcleo planetário rico em ferro como o da Terra. Muitos cientistas pensam que cerca de apenas 40 milhões de anos depois um planetoide atingiu a Terra, lançando para o espaço material da crosta que acabou por formar a Lua. Uma outra hipótese é que a Terra e a Lua começaram a coalescer ao mesmo tempo, mas a Terra, tendo uma gravidade muito mais forte, atraiu quase todas as partículas de ferro na área.

Até recentemente, as rochas mais antigas encontradas na Terra foram estimadas possuírem cerca de 3,8 bilhões de anos de idade, levando cientistas a acreditar durante décadas que a superfície da Terra estava fundida até essa altura. De acordo com isto, nomearam esta parte da história da Terra de éon Hadeano, significando "infernal". No entanto, análises de zircons formados entre 4,0 a 4,4 bilhões de anos indicam que a crosta solidificou cerca de 100 milhões de anos depois da formação do planeta e que o planeta rapidamente adquiriu oceanos e uma atmosfera, que podem ter sido capazes de suportar vida.

Evidências recolhidas da lua indicam que a partir de 4,0 a 3,8 bilhões de anos sofreu um Intenso bombardeio tardio por detritos que sobraram da formação do Sistema Solar, e a Terra deveria ter sofrido um bombardeamento ainda mais intenso devido à sua maior gravidade. Apesar de não haver evidência direta das condições na Terra há 4,0 - 3,8 bilhões de anos, não há razões para pensar que a Terra não foi afectada por este intenso bombardeamento tardio. O evento poderá ter removido qualquer atmosfera e oceanos anteriores; neste caso gases e água resultantes de impactos de cometa podem ter contribuído para a sua substituição, apesar de que a desgaseificação vulcânica na Terra teria contribuído pelo menos metade.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

História evolutiva da vida

A história evolutiva da vida na Terra traça os processos pelos quais organismos vivos e fósseis evoluíram. Engloba a origem da vida na Terra, que se pensa ter ocorrido há 4,1 bilhões de anos, até aos dias de hoje. As semelhanças entre todos os organismos atuais indicam a presença de um ancestral comum a partir do que todas as espécies divergiram por um processo de evolução.

Biofilmes de bactérias e archaea coexistentes foram a forma de vida dominante no início do Arqueano e pensa-se que muitos dos principais passos nos primórdios da evolução tiveram lugar dentro deles. A evolução de fotossíntese com oxigênio, há cerca de 3,5 bilhões de anos, eventualmente levou à oxigenação da atmosfera, começando por volta de há 2 400 milhões de anos.[Enquanto que células eucariotas podem ter estado presentes anteriormente, a sua evolução foi acelerada quando começaram a usar o oxigénio no seu metabolismo. A evidência mais antiga de eucariotas complexos com organelos, data de 1,85 bilhões de anos. Mais tarde, por volta de há 1 700 milhões de anos, começaram a aparecer organismos multicelulares, com células diferenciadas a realizar funções especializadas.

As primeiras plantas terrestres datam de há cerca de 450 milhões de anos, apesar de evidências sugerirem que algas formaram-se em terra tão cedo com há 1,2 bilhões de anos. Plantas terrestres foram tão bem sucedidas que se pensa que elas contribuíram para a extinção do Devoniano. Os animais invertebrados apareceram durante o Ediacarano, enquanto que os vertebrados surgiram há cerca de 525 milhões de anos, durante a explosão do Cambriano.


Durante o Permiano, os sinápsidos, incluindo os ancestrais de mamíferos, dominaram a terra, mas a porém com a extinção do Permiano-Triássico há 251 milhões de anos, este fato esteve perto de dizimar toda a vida complexa. Durante a recuperação desta catástrofe, os Archosauria tornaram-se os vertebrados terrestres mais abundantes, substituindo os therapsida em meados do Triássico. Um grupo de archosauria viveram quando os dinossauros, dominaram o Jurássico e Cretácico, enquanto os ancestrais dos mamíferos sobreviviam como pequenos insectívoros. Depois da extinção Cretáceo-Paleogeno há 65 milhões de anos ter morto os dinossauros não-avianos os mamíferos aumentaram rapidamente em tamanho e diversidade.Tal extinção em massa pode ter acelerado a evolução ao fornecer oportunidades para novos grupos de organismos de diversificar.

Evidências fósseis indicam que as plantas com flor apareceram e rapidamente diversificaram no princípio do Cretácico, entre há 130 milhões a 90 milhões de anos, provavelmente pela coevolução com insectos polinizadores. Plantas com flores e fitoplâncton marinho são ainda os produtores de matéria orgânica dominantes. Insectos sociais apareceram por volta da mesma altura que as plantas com flor. Apesar de ocuparem apenas uma pequena parte da "árvore da vida" dos insectos, agora formam cerca de metade da massa total dos insetos. Os humanos evoluíram a partir de uma linhagem com diferentes espécies de hominideos cujos fósseis mais antigos datam de há mais de 6 milhões de anos. Apesar dos membros mais antigos desta linhagem terem cérebros do tamanho semelhante ao de um chimpanzé, há sinais de um aumento constante do tamanho do cérebro após 3 milhões de anos.