Páginas

segunda-feira, 13 de março de 2023

Tendências da seca no Corno de África são piores do que na fome de 2011

O alerta é do Centro de Previsão e Aplicação Climática da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento.

As perspetivas da seca histórica no Corno de África são agora piores do que a situação que ocorreu em 2011, quando pelo menos 250 mil pessoas morreram de fome, alertou hoje um centro de estudos climáticos.

"Esta pode ser a sexta temporada de chuvas consecutiva falhada" na região, que inclui Somália, Etiópia e Quénia, revelou o Centro de Previsão e Aplicação Climática da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD, na sigla em inglês), já que são esperadas chuvas abaixo do normal na estação chuvosa dos próximos três meses.

A seca, a mais longa de que há registo na Somália, dura há quase três anos, dezenas de milhares de pessoas terão já morrido e mais de um milhão foram deslocadas, de acordo com as Nações Unidas.

No mês passado, o coordenador da ONU na Somália alertou que o excesso de mortes neste país “quase certamente” superará as da fome declarada em 2011.

Cerca de 23 milhões de pessoas estarão em situação de elevada insegurança alimentar na Somália, Etiópia e Quénia, de acordo com estimativas de um grupo de trabalho de segurança alimentar presidido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a IGAD.

Já morreram 11 milhões de animais essenciais para muitas famílias, e muitas pessoas afetadas em toda a região são pastores ou agricultores que viram as colheitas murcharem e as fontes de água secarem.

Além disso, a guerra na Ucrânia afetou a resposta humanitária, uma vez que os doadores tradicionais na Europa desviam fundos para a crise mais perto dos seus países, refere ainda a organização regional em comunicado.

O secretário-executivo da IGAD, Workneh Gebeyehu, pediu aos governos e parceiros para agirem "antes que seja tarde demais".

Aquário Vasco da Gama devolve ao meio natural peixes em risco de extinção

Serão libertados cerca de 900 peixes de água doce em perigo de extinção.

O Aquário Vasco da Gama vai libertar este mês cerca de 900 peixes de água doce em perigo de extinção, para repovoarem rios e ribeiras, com as populações em meio natural a serem depois monitorizadas.

De acordo com uma informação hoje divulgada pela Marinha Portuguesa, na próxima terça-feira serão libertados peixes no concelho de Grândola e a 23 de março no concelho de Mafra.

A iniciativa, uma parceria do Aquário com o MARE-ISPA (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do ISPA – Instituto Universitário), e com a Faculdade de Medicina Veterinária, insere-se no projeto “Conservação ex situ de organismos fluviais”, que tem como objetivo reproduzir e manter espécies nativas de peixes de água doce da fauna portuguesa, “criticamente em perigo”, para repovoamento dos seus rios de origem.

A Marinha explica em comunicado que os rios serão depois visitados e as populações de peixes serão monitorizadas pelos investigadores do MARE-ISPA.

“Esta é uma forma de proteger as espécies consideradas criticamente em perigo devido à redução das populações no meio natural, provocada por vários fatores: descargas de poluentes, ocorrência cada vez mais frequente de verões prolongados e secos, destruição da vegetação das margens e proliferação de espécies invasoras vegetais e animais”, salienta-se no comunicado.

Na terça-feira serão libertadas na ribeira de Grândola 600 bogas-portuguesas (Iberochondrostoma lusitanicum), nascidas no Aquário e descendentes de exemplares capturados na mesma ribeira.

Trata-se, salienta-se no comunicado, de uma espécie considerada criticamente em perigo que apenas existe em Portugal, nas bacias hidrográficas dos rios Tejo e Sado e nas pequenas ribeiras da região Oeste e da região entre o Sado e o Mira.

No dia 23 são libertados no rio Safarujo, Mafra, 300 ruivacos-do-oeste (Achondrostoma occidentale), igualmente nascidos no Aquário e descendentes de exemplares capturados no mesmo rio.

Esta é também uma espécie considerada criticamente em perigo que apenas existe em Portugal e apenas em três rios: Safarujo, Alcabrichel e Sizandro.

A Marinha Portuguesa refere no comunicado que este mês o Aquário Vasco da Gama já fez mais duas ações do género, uma na quinta-feira, com a libertação de 35 bogas-portuguesas (Iberochondrostoma lusitanicum), dois escalos-do-sul (Squalius pyrenaicus) e dois verdemãs (Cobitis paludica), no rio Jamor, de onde tinham sido resgatados no verão devido à seca.

Hoje, em Mértola, foram libertados 60 saramugos (Anaecypris hispanica), uma espécie considerada criticamente em perigo e que apenas existe na Península Ibérica, na bacia do Guadiana.

O Aquário Vasco da Gama, um dos aquários públicos mais antigos do mundo, foi inaugurado a 20 de maio de 1898 e entregue em 1901 à Marinha Portuguesa.

Desflorestação na Amazónia brasileira disparou 61,8% em fevereiro

Foram devastados, em fevereiro, 322 quilómetros quadrados de vegetação nativa na Amazónia.

A desflorestação na Amazónia brasileira disparou 61,8% em fevereiro em relação ao mesmo período de 2022 e antes mesmo do final do mês já era o maior do período desde o início da medição, anunciou hoje o Governo.

Segundo dados do sistema de alerta de desflorestação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no mês passado foram devastados 322 quilómetros quadrados de vegetação nativa na Amazónia.

Além de ultrapassar significativamente os 199 quilómetros quadrados destruídos no mesmo mês de 2022, esta é a maior devastação registada para um mês de fevereiro desde 2015, quando o Governo começou a medir com o Sistema de Deteção do Desmatamento da Amazónia Legal em Tempo Real (Deter).

A área destruída no bioma no mês passado também foi 93,3% maior do que em janeiro, quando perdeu 166,58 quilómetros quadrados.

No primeiro mês do ano, a desflorestação da maior floresta tropical do planeta registou uma forte queda (-61,3%) na comparação interanual e recuou 27% em relação a dezembro.

Naquele mês, porém, especialistas enfatizaram que os dados eram parciais, já que a densa nebulosidade registada sobre o bioma em janeiro impediu que os satélites captassem áreas devastadas em mais de metade da Amazónia brasileira.

Assim, é bem possível que em fevereiro o Deter tenha registado a devastação que não conseguiu captar em janeiro.

Em 2022, a Amazónia brasileira perdeu 10.278 quilómetros quadrados de cobertura vegetal, um nível nunca antes visto desde que a medição com o Deter é realizada no Brasil.

A destruição do bioma aumentou quase 60% nos quatro anos do Governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) em relação ao quadriénio anterior devido à falta de controlos e ao enfraquecimento dos órgãos ambientais, já que o líder de extrema-direita brasileira defende a exploração dos recursos naturais na selva, mesmo em reservas indígenas, onde isto é proibido por lei.

A recuperação da Amazónia brasileira é um dos principais compromissos anunciados por Luiz Inácio Lula da Silva desde que foi eleito Presidente do gigante sul-americano, promessa que reiterou ao assumir o seu terceiro mandato, em 01 de janeiro.

No primeiro mês de mandato, Lula da Silva reativou o Fundo Amazónia, financiado pela Noruega e Alemanha, e do qual também anunciou a participação dos Estados Unidos. 

O chefe de Estado brasileiro revogou ainda medidas de Bolsonaro e criou um grupo com 17 ministérios para definir políticas de preservação da floresta.

O Governo brasileiro tem tentado combater a extração ilegal de metais preciosos no bioma após a crise sanitária descoberta na reserva Yanomami, causada pela invasão de cerca de 20 mil garimpeiros que ainda estão a ser expulsos do território indígena pelas autoridades.

"Acabámos de sair de um Governo que apoiava a desflorestação. Até que a fiscalização e o controlo cheguem a todo o território, os desflorestadores ilegais vão continuar a aproveitar-se para agir", disse Rómulo Batista, porta-voz da Amazónia da Greenpeace Brasil, atribuindo o aumento da devastação nos dois primeiros meses ao efeito das políticas de Bolsonaro.