Um grupo de investigadores norte-americanos publica hoje um artigo na revista "Cancer" que estabelece uma associação entre o consumo de marijuana e o risco de desenvolver cancro nos testículos. Segundo os dados obtidos, um fumador frequente de marijuana tem mais 70 por cento de risco de vir a desenvolver um cancro nos testículos. Comparando com alguém que nunca fumou, os consumidores que recorrem a esta droga numa base semanal ou que a fizeram uso dela durante longos períodos na adolescência enfrentam o dobro do risco.
Desde 1950 que a taxa de incidência de dois principais tipos de cancro de testículo (os seminomas e os não seminomas) tem vindo a aumentar a um ritmo de 3 a 6 por cento por ano nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália e Nova Zelândia. Paralelamente, durante o mesmo período aumentou também o consumo de marijuana na América do Norte, Europa e Austrália. Os investigadores do Fred Hutchinson Cancer Research Center notaram esta coincidência e decidiram estudar uma possível associação entre os dois fenómenos.
A equipa entrevistou 369 homens com idades entre os 18 e os 44 anos a quem tinha sido diagnosticado um cancro nos testículos e aos quais foram apresentadas questões relacionadas com o consumo de marijuana, entre outras perguntas sobre o estilo de vida (incluindo hábitos tabágicos e de consumo de álcool).
Para que fosse possível um termo de comparação, foram chamados também a participar 979 homens, seleccionados aleatoriamente apenas com base na idade e área geográfica de residência (Seattle). E mesmo tendo em conta diversas variáveis importantes como uma eventual história familiar deste tipo de tumor, o uso de marijuana revelou-se um factor de risco significativo e autónomo para o cancro de testículo.
O cancro nos testículos é responsável por apenas 1% dos cancros no homem. No entanto, é o tumor maligno mais comum no grupo etário entre os 15 e 35 anos, sendo um cancro raro em asiáticos e africanos.
O célebre ciclista Lance Armstrong, que sobreviveu a este cancro, deu alguma visibilidade a este tipo de tumor, que regista sete mil novos casos por ano no mundo.
A história familiar e os casos de crianças até aos três anos com testículos que não desceram para o escroto são factores associados a um maior risco de cancro testicular. Por outro lado, a exposição a marijuana tem sido associada a múltiplos efeitos adversos no sistema reprodutivo, do impacto na qualidade do esperma à impotência e à infertilidade.
Janet Daling, um dos autores do estudo, terá decidido explorar esta ligação entre a marijuana e o cancro testicular após ter assistido a uma conferência, há oito anos, onde foi revelado que o cérebro e os testículos eram os únicos órgãos do nosso corpos que tinham receptores de tetrahidrocanabinoides (THC), o principal componente psicoactivo da marijuana. [Actualmente, estes receptores já foram encontrados noutros sítios como o útero ou o coração].
Stephen M. Schwartz, epidemiologista e um dos autores deste estudo, sublinha que, apesar desta associação clara, há ainda algumas questões por responder como, por exemplo, o facto de esta ligação se constatar apenas num tipo de cancro testicular (os de tipo não seminona, considerado o mais agressivo).
Andrea Cunha Freitas
Desde 1950 que a taxa de incidência de dois principais tipos de cancro de testículo (os seminomas e os não seminomas) tem vindo a aumentar a um ritmo de 3 a 6 por cento por ano nos Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália e Nova Zelândia. Paralelamente, durante o mesmo período aumentou também o consumo de marijuana na América do Norte, Europa e Austrália. Os investigadores do Fred Hutchinson Cancer Research Center notaram esta coincidência e decidiram estudar uma possível associação entre os dois fenómenos.
A equipa entrevistou 369 homens com idades entre os 18 e os 44 anos a quem tinha sido diagnosticado um cancro nos testículos e aos quais foram apresentadas questões relacionadas com o consumo de marijuana, entre outras perguntas sobre o estilo de vida (incluindo hábitos tabágicos e de consumo de álcool).
Para que fosse possível um termo de comparação, foram chamados também a participar 979 homens, seleccionados aleatoriamente apenas com base na idade e área geográfica de residência (Seattle). E mesmo tendo em conta diversas variáveis importantes como uma eventual história familiar deste tipo de tumor, o uso de marijuana revelou-se um factor de risco significativo e autónomo para o cancro de testículo.
O cancro nos testículos é responsável por apenas 1% dos cancros no homem. No entanto, é o tumor maligno mais comum no grupo etário entre os 15 e 35 anos, sendo um cancro raro em asiáticos e africanos.
O célebre ciclista Lance Armstrong, que sobreviveu a este cancro, deu alguma visibilidade a este tipo de tumor, que regista sete mil novos casos por ano no mundo.
A história familiar e os casos de crianças até aos três anos com testículos que não desceram para o escroto são factores associados a um maior risco de cancro testicular. Por outro lado, a exposição a marijuana tem sido associada a múltiplos efeitos adversos no sistema reprodutivo, do impacto na qualidade do esperma à impotência e à infertilidade.
Janet Daling, um dos autores do estudo, terá decidido explorar esta ligação entre a marijuana e o cancro testicular após ter assistido a uma conferência, há oito anos, onde foi revelado que o cérebro e os testículos eram os únicos órgãos do nosso corpos que tinham receptores de tetrahidrocanabinoides (THC), o principal componente psicoactivo da marijuana. [Actualmente, estes receptores já foram encontrados noutros sítios como o útero ou o coração].
Stephen M. Schwartz, epidemiologista e um dos autores deste estudo, sublinha que, apesar desta associação clara, há ainda algumas questões por responder como, por exemplo, o facto de esta ligação se constatar apenas num tipo de cancro testicular (os de tipo não seminona, considerado o mais agressivo).
Andrea Cunha Freitas
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