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sábado, 5 de junho de 2021

A localização da Terra no Sistema Solar

Atualmente, considera-se que o Sistema Solar, que se terá formado há cerca de 4600 Ma, é constituído pelo Sol e por outros astros de menores dimensões: oito planetas identificados, satélites naturais ou luas, planetas anões, asteroides, cometas, entre outros corpos celestes.

A Terra é o terceiro planeta a contar a partir do Sol e está situada, aproximadamente, a 150 milhões de quilómetros da estrela do Sistema Solar.

domingo, 30 de maio de 2021

Green2You, uma loja amiga do ambiente em Coimbra

A Green2You alargou a oferta, ao passar de um centro comercial para uma loja de rua com o dobro do espaço, que continua aberta, em Coimbra. Aos detergentes ecológicos de produção local, vendidos a granel, juntou mais artigos amigos do ambiente.

Produtos artesanais e 100% naturais que visam minimizar ao máximo o impacto ambiental, pensados para todos, incluindo bebés e animais de estimação. Eis a proposta da Green2You, que abriu há mais de um ano em Coimbra, no centro comercial Primavera, tendo passado, há poucos meses, para um espaço mais amplo e visível, na Rua dos Combatentes da Grande Guerra. Foi o culminar de um caminho de progressiva rendição à cosmética natural e a um estilo de vida mais saudável por parte de Marta Lopes, responsável pela loja – que continua aberta, visto disponibilizar alguns artigos considerados essenciais, e faz envios para Portugal continental.

No fundo, tudo começou com uma atividade preexistente: Marta trabalhava como comercial e já revendia detergentes ecológicos feitos em Coimbra, da marca Greendet – que foi a primeira parceira da Green2You, e está para ficar. No início, a loja apostou nesses detergentes para vários fins, vendidos a granel, em frascos reutilizados, e em produtos para o corpo. Os campeões de vendas continuam a ser os detergentes de roupa e louça, seguidos do gel de banho e dos champôs sólidos, mas, hoje, este projeto de combate ao desperdício reúne muitos outros produtos amigos do ambiente, quase todos portugueses e em atualização.

Entre as novidades mais recentes estão os copos reutilizáveis e colapsáveis, os chás e infusões de comércio justo, em saquetas biodegradáveis, e artigos de higiene feminina como pensos, cuecas e copos menstruais, para lavar e voltar a usar. A oferta inclui ainda escovas de dentes feitas com amido de milho, pufes de banho resultantes de excedentes de tecido, produtos para a barba, fraldas reutilizáveis, almofadas térmicas de camomila e alfazema ou velas aromáticas. Tudo exposto em prateleiras feitas com caixas de fruta compradas em segunda mão, num pomar.

Nos planos está a criação de uma linha própria e produtos e de um cantinho para promover a troca de roupa, não sendo de descartar a realização de pequenas feiras.

https://www.evasoes.pt/o-que-fazer/green2you-uma-loja-amiga-do-ambiente-em-coimbra/1007833/

sábado, 29 de maio de 2021

Resumo da história da vida

A história evolutiva da vida remonta há mais de 3,8 bilhões de anos. A Terra foi formada há cerca de 4,57 bilhões de anos e após a colisão que formou a Lua, uma grande quantidade de vapores de água foi liberadas pelos vulcões e milhões de anos depois, com o resfriamento gradual da atmosfera terrestre o vapor se condensou e se precipitou na forma de chuva. A evidência mais clara da existência da vida na Terra data de cerca de 3 bilhões de anos, embora existam relatos do fóssil de uma bactéria de 3,4 bilhões de anos e de evidências geológicas da existência de vida há 3,8 bilhões de anos. Alguns cientistas admitem a hipótese da panspermia, onde a vida na Terra tenha iniciado através de meteoritos que abrigavam formas de vida primárias, mas a maioria das pesquisas concentra-se em várias explicações de como a vida poderia ter aparecido de forma independente na Terra.

Esta textura em forma de "pele de elefante" é um vestígio fóssil de um tapete microbiano de não-estromatólitos A imagem mostra a localização, no Leito Burgsvik na Suécia, em que a textura foi identificado pela primeira vez.

Por cerca de 2 bilhões de anos os tapete microbiano, colônias de várias camadas de diferentes tipos de bactérias, eram forma de vida dominante na Terra. A evolução da fotossíntese aeróbica os habilitou a desempenhar um papel importante na oxigenação da atmosfera há 2,4 bilhões de anos. Esta mudança na atmosfera aumentou sua eficácia como berçário da evolução. Enquanto os eucariontes, células com estruturas internas complexas, poderiam estar presentes no início, a sua evolução acelerada quando eles adquiriram a capacidade de transformar o oxigênio a partir de um veneno. Essa inovação pode ser herança dos eucariontes primitivos que transformavam o oxigênio saturado de bactérias através da Endossimbiose e transformando-os em organelos chamados mitocôndria. A evidência mais antiga de complexos eucariontes com organelos como a mitocôndria data de cerca de 1,85 bilhões de anos.

A vida multicelular é composta apenas por células eucarióticas e sua evidência mais antiga é do Grupo fóssil de Francevillian de 2,1 bilhões de anos, embora a especialização das células para diferentes funções aparece pela primeira vez entre 1,43 bilhões de anos (um possível Fungi) e 1,2 bilhões de anos (provavelmente uma alga vermelha. A reprodução sexuada pode representar um pré-requisito à especialização das células, como um organismo multicelular assexuado pode estar em risco de ser tomado por células desonestas que retêm a capacidade de se reproduzir.

domingo, 23 de maio de 2021

Oficina nasce em Lisboa para reutilizar e recuperar móveis estragados

Uma oficina destinada à reutilização e recuperação de móveis abriu esta segunda-feira na freguesia da Ajuda, em Lisboa, para dar uma nova vida aos resíduos espalhados na cidade e criar novos lugares de reencontro comunitário, afetado pela pandemia da Covid-19.

Aproveitando o Dia Internacional da Reciclagem, a iniciativa “Ripas” nasce na Calçada da Boa-Hora, através da colaboração do município, da Junta de Freguesia da Ajuda e da Oficina Monstros — Associação de Artes e Ofícios.

Em declarações esta segunda-feira à agência Lusa, o vereador do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia, José Sá Fernandes, explicou que o primeiro espaço utilizado para a reutilização de mobília na capital surge para reaproveitar “as madeiras”, adiantando que o projeto será replicado noutras freguesias no futuro.

É um projeto-piloto que vamos desenvolver noutros locais. Estamos muito contentes por ter esta iniciativa de recuperar monstros, os chamados monstros que as pessoas deitam fora, o mobiliário que está estragado”, indicou.

José Sá Fernandes realçou que a iniciativa inovadora iniciar-se-á com a reutilização de móveis, mas a ideia é também reciclar outro tipo de materiais, como metais.

“Estamos a reduzir [lixo] e estamos a reutilizar tudo o que tenha a ver com as madeiras e também algumas coisas de metal, mas — para já, para já — o grande foco vão ser as madeiras“, disse, lembrando que o município está empenhado na redução de “resíduos de óleos”, após a instalação de oleões em vários locais da cidade.

Em 19 de abril, foi anunciado que 204 oleões inteligentes de recolha de óleos alimentares usados iam começar a ser instalados em Lisboa, permitindo aos cidadãos registar os depósitos em tempo real. Em comunicado divulgado, na altura, a Hardlevel, empresa fundadora da Rede Nacional de Oleões (RENO), adiantou que numa primeira fase estava prevista a instalação de 160 oleões “em pontos estratégicos da cidade”.

O projeto, que deverá ficar concluído até ao final de maio, iniciou-se nas freguesias de Areeiro, Arroios, Beato, Penha de França, Benfica, Carnide, São Vicente e Alcântara.

“Nós já instalámos há três semanas vários oleões em vários sítios da cidade, em quase todos os ecopontos, para também podermos reduzir os resíduos de óleos”, recordou, adiantando que “em breve” andará por Lisboa “uma carrinha […] em busca de eletrodomésticos, que também podem ser reutilizados e reciclados”.

À Lusa, o autarca contou ainda que o município tem também o objetivo de “recuperar o Repair Café“, cafés onde se reparam coisas.

“A nossa ideia é termos este tipo de experiências nas freguesias todas, começamos agora na Ajuda, mas, no futuro, é estes nichos de materiais terem destinos que não seja irem para o lixo. Quer na reciclagem dos óleos, quer na reutilização das madeiras, quer na reutilização e reciclagem de aparelhos eletrónicos. Acho que é bom haver dispersão na cidade e ao mesmo tempo tem um efeito positivo na comunidade”, sustentou.

O “Ripas” que nasce agora, além de ser um espaço para reutilizar mobília, vai ter uma componente de ações de formação e seminários dedicados à reciclagem, com o objetivo de “capacitar os munícipes para a reparação autónoma do seu próprio mobiliário e criar redes comunitárias de partilha, sensibilizando-os para a problemática das madeiras em fim de vida e do seu impacte ambiental”.

Ninguém compreenderia que uma cidade não fosse evoluindo na questão dos resíduos, que é uma questão absolutamente central em termos ambientais, no mundo inteiro. Estas iniciativas visam reduzir reutilizando. O que nós precisamos mesmo é aprendermos muito com esta coisa da pandemia, termos sítios para nos encontrarmos para nos ajudarmos, para sermos solidários”, frisou.

https://observador.pt/2021/05/18/oficina-nasce-em-lisboa-para-reutilizar-e-recuperar-moveis-estragados/


sábado, 22 de maio de 2021

Paleontologia vs Arqueologia

Os arqueólogos diferenciam-se dos paleontólogos porque não trabalham com restos de seres vivos - é uma ciência social. Um arqueólogo estuda as culturas e os modos de vida humana do passado a partir da análise de vestígios materiais. Um paleontólogo, entre outras coisas, é um biólogo ou geólogo, e estuda restos ou vestígios de diversas formas de vida (animal, vegetal, etc.) através da análise do que restou delas e da sua atividade biológica: pisadas, coprólitos, bioturbações, fósseis ósseos, etc.

A paleontologia estuda todos os organismos que viveram na Terra, incluindo a evolução primata-homem, mas não o ser humano como o conhecemos hoje, pois o estudo e seguimento da vida antropo-cultural restringe-se a disciplinas ligadas à Arqueologia, à Paleoantropologia, à Biologia e à Medicina. Normalmente, a Paleontologia estuda organismos mortos há mais de 11 000 anos; quando os vestígios ou restos possuem menos de 11 000 anos, podem ser denominados de subfósseis. De uma maneira muito simplificada, um paleontólogo estuda os restos ou vestígios de seres vivos desde o início da vida na Terra até hoje, incluindo os restos de hominídeos.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Gronelândia está mais escura e mais quente devido à falta de tempestades e neve fresca


Os cientistas dizem que a poluição não pode ser considerada responsável. O responsável é o reforço de um fenómeno climático chamado bloqueio atmosférico.

A Gronelândia está a ficar mais escura devido à falta de tempestades que trazem a neve fresca e, com menos branco, reflecte menos a luz solar, o que acelera o seu aquecimento, de acordo com um estudo publicado segunda-feira. A superfície da calota de gelo da Gronelândia aqueceu pelo menos 2,7°C desde 1982, causando um derretimento muito rápido do gelo, lê-se na introdução do estudo, publicado em Cartas de Investigação Geofísica.

Durante várias décadas, as observações de satélite mostraram que a proporção de luz reflectida pela neve (albedo) diminuiu. Mais escura, a Gronelândia está também a ficar mais quente. O motivo deste escurecimento permanece um mistério, tendo os investigadores equacionado se a causa será a presença de partículas absorventes de luz na neve (como fuligem da combustão de combustíveis fósseis) ou outra razão.

Em busca da resposta, investigadores da Universidade de Darmouth viajaram centenas de quilómetros na Gronelândia para realizar duas campanhas de amostragem e um inquérito, nos verões de 2016 e 2017. O tamanho dos flocos no chão, que reflectem a luz, e as impurezas na neve foram medidas em dezenas de locais.

Os cientistas concluíram que a poluição não pode ser considerada responsável: “Esta é uma das neves mais limpas do mundo”, afirmou Gabriel Lewis, um dos principais autores do estudo, citado numa declaração.

Segundo os investigadores, o responsável é o reforço de um fenómeno climático, chamado bloqueio atmosférico, que pode estagnar até várias semanas acima de certas regiões da Gronelândia e que reduziu o número de tempestades de neve, que são essenciais.

“Quando (a neve) cai e permanece à superfície, ao sol, muda de forma e os flocos crescem”, explicou Gabriel Lewis. “Em poucas horas, e depois em poucos dias, obtém-se esta queda na reflectividade e é por isso que a neve fresca é tão importante”, acrescentou Erich Osterberg, professor associado em Dartmouth e investigador principal do estudo.

O mesmo fenómeno climático também provoca a permanência de ar mais quente sobre estas regiões, bem como uma redução da cobertura de nuvens. Com menos radiação solar filtrada, a transformação dos flocos de neve no solo é ainda mais acelerada. “É como um triplo golpe”, avançou Erich Osterberg, afirmando: “Tudo isto contribui para que a Gronelândia derreta cada vez mais depressa”.

https://www.publico.pt/2021/05/18/ciencia/noticia/gronelandia-escura-quente-devido-falta-tempestades-neve-fresca-1962987

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Descobertos restos de nove neandertais numa gruta em Itália

Governo fala em achado extraordinário. As descobertas este sábado anunciadas vão ajudar a “compreender melhor a história do povoamento da Itália”.

A Gruta de Guattari, na cidade de San Felice de Circeo, região de Lazio, foi descoberta por acaso, em Fevereiro de 1939. 

Os restos de nove neandertais foram descobertos na Gruta de Guattari, em San Felice Circeo, na costa entre Roma e Nápoles, onde já tinham sido encontrados vestígios da presença neandertal, anunciou este sábado o ministro italiano da Cultura.

“Se tivermos em conta os dois outros indivíduos que já tinham sido descobertos no mesmo sítio, temos um total de 11 indivíduos, confirmando que este é um dos sítios mais importantes do mundo para a história do neandertal”, afirmou o ministro Dario Franceschini, citado pela agência francesa AFP.

Para o governante, esta é “uma descoberta extraordinária, que dará a volta ao mundo”.

Oito dos vestígios encontrados terão entre 50.000 e 68.000 anos e o mais antigo estará entre os 90.000 e os 100.000 anos, avança o Governo italiano.

Francesco Di Mario, responsável pelas escavações, acredita que aqueles indivíduos são representativos de uma população de neandartais que devia ser muito importante naquela região.

“O neandertal marca uma etapa fundamental na evolução da humanidade, representando o pico de uma espécie e a primeira sociedade humana a falar devidamente”, frisou o director do serviço regional de Antropologia, Marion Rubini.

As escavações começaram em Outubro de 2019 e as descobertas este sábado anunciadas vão ajudar a “compreender melhor a história do povoamento da Itália”, acrescentou.

Em escavações recentes, foram encontrados naquele local milhares de ossos de animais, incluindo ossos de elefantes, rinocerontes, veados gigantes, cavalos selvagens e ursos, refere a AFP.

A Gruta de Guattari, na cidade de San Felice de Circeo, região de Lazio, foi descoberta por acaso, em Fevereiro de 1939.

Pouco depois, o antropólogo Albert Carlo Blanc descobriu naquele local um crânio de Neandertal em perfeito estado de conservação.

https://www.publico.pt/2021/05/08/ciencia/noticia/descobertos-restos-nove-neandertais-gruta-italia-1961752


domingo, 2 de maio de 2021

Divisões da Paleontologia

A paleontologia divide-se, conceitualmente, em diversas áreas, como por exemplo a paleobiologia, uma área que estuda os conceitos evolutivos e ecológicos e foca-se menos na identificação de fósseis. É no seio da Paleobiologia que se insere a paleozoologia, o estudo dos fósseis de animais, e a paleobotânica, o estudo dos fósseis de plantas. Basicamente, qualquer disciplina biológica aplicada aos organismos do passado geológico, por via do estudo dos fósseis, constitui uma subdisciplina paleobiológica: paleoecologia (que estuda os ecossistemas do passado), paleobiogeografia, paleoanatomia, paleoneurologia, paleomastozoologia, etc.

Outras disciplinas paleobiológicas transversais, que não estão limitadas a um dado grupo taxonómico, são, por exemplo:

Micropaleontologia — que estuda os fósseis de organismos ou parte deles que necessitam de microscópio para serem visualizados;

Paleoicnologia — que estuda os vestígios fósseis, por exemplo, pegadas;

Tafonomia — que ainda se divide em Bioestrationomia, Diagênese e Tectônica, estuda a integração da informação biológica no registo geológico, ou seja, a formação dos fósseis e das jazidas fossilíferas e do registo paleontológico;

Biocronologia — que estuda o desenvolvimento temporal (a cronologia) dos eventos paleobiológicos, bem como as relações temporais entre entidades paleobiológicas (os organismos do passado) e/ou tafonómicas (os fósseis);

Sistemática — que estuda a classificação de espécies fósseis.

Ainda se faz uma subdivisão da paleobotânica e da micropaleontologia constituindo a paleopalinologia, que se dedica ao estudo de pólen e esporos, importantes para a datação.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Importância da Paleontologia

A informação sobre a vida do passado geológico está contida nos fósseis e na sua relação com as rochas e os contextos geológicos em que ocorrem. O mundo biológico que hoje conhecemos é o resultado de milhares de milhões de anos de evolução. Assim, só estudando paleontologicamente o registo fóssil — o registo da vida na Terra — é possível entender e explicar a diversidade, a afinidade e a distribuição geográfica dos grupos biológicos actuais. Este tipo de estudo tornou-se viável através dos trabalhos de Georges Cuvier, que, mediante a aplicação das suas leis da anatomia comparada, comprovou o fenómeno da extinção e da sucessão biótica. Estas leis permitiram as reconstruções paleontológicas dos organismos que frequentemente eram encontrados no registo fossilífero somente de forma fragmentada, ou mesmo, apenas algumas partes fossilizadas. Desta maneira, os resultados dos trabalhos de Georges Cuvier possibilitaram, posteriormente, a elaboração de sequências evolutivas, que foram fundamentais para a defesa do evolucionismo.

Com base no princípio de que "o presente é a chave do passado", enunciado por Charles Lyell, partindo do conhecimento dos seres vivos atuais e ainda do seu estudo biológico, é possível extrapolar-se muita informação sobre os organismos do passado, como o modo de vida, tipo trófico, de locomoção e de reprodução, entre outros, e isso é fundamental para o estudo e a compreensão dos fósseis.

A partir dos fósseis, uma vez que são vestígios de organismos de grupos biológicos do passado que surgiram e se extinguiram em épocas definidas da história da Terra, pode fazer-se a datação relativa das rochas em que ocorrem e estabelecer correlações (isto é, comparações cronológicas, temporais) entre rochas de locais distantes que apresentem o mesmo conteúdo fossilífero. O estudo dos fósseis e a sua utilização como indicadores de idade das rochas são imprescindíveis, por exemplo, para a prospecção e exploração de recursos geológicos tão importantes como o carvão e o petróleo.

Candidata a vacina contra a malária mostra eficácia de 77%

Ensaio clínico de uma potencial vacina para a malária durou um ano e revelou 77% de eficácia num grupo de 450 crianças, em África.

Uma potencial nova vacina contra a malária provou ser altamente eficaz num ensaio em bebés em África, podendo um dia vir a ajudar a reduzir o número de mortes causadas pela doença transmitida por mosquitos que mata meio milhão de crianças por ano.

A vacina candidata, desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, chama-se R21/ Matrix-M e mostrou eficácia de até 77% no ensaio que decorreu ao longo de um ano no Burkina Faso, onde participaram 450 crianças, avançaram em comunicado os investigadores que lideram o ensaio clínico.

O grupo de cientistas, liderados por Adrian Hill, director do Instituto Jenner de Oxford e também um dos principais investigadores por detrás da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, referiu ainda que planeiam realizar mais testes em cerca de 4800 crianças com idade entre os cinco meses e os três anos em quatro países africanos.

Hill disse ter “grandes expectativas para o potencial da vacina”, acrescentando ainda que se trata da primeira vacina contra a malária a atingir a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de conseguir pelo menos 75% de eficácia.

Cientistas de todo o mundo trabalham há décadas para desenvolver uma vacina capaz de prevenir a malária — uma infecção complexa causada por um parasita transportado na saliva dos mosquitos.

A malária infecta milhões de pessoas todos os anos e mata mais de 400.000, a maioria bebés e crianças pequenas nas zonas mais pobres da África.

A primeira e única injecção contra a malária licenciada no mundo, Mosquirix, foi desenvolvida pela GlaxoSmithKline ao longo de muitos anos de testes clínicos em vários países africanos, mas tem uma eficácia de apenas 30%.

No ensaio R21/ Matrix-M no Burkina Faso, as 450 crianças foram divididas em três grupos. Dois grupos receberam três doses da vacina experimental juntamente com uma dose baixa ou alta de um adjuvante — um ingrediente que potencia a resposta do sistema imunitário a uma vacina — enquanto o terceiro grupo recebeu uma vacina de controlo.

Os resultados, que os investigadores garantiram que seriam publicados em breve na revista científica The Lancet, mostraram eficácia de 77% no grupo de adjuvante de dose elevada e 74% entre aqueles que receberam a vacina com uma dose reduzida.

https://www.publico.pt/2021/04/23/ciencia/noticia/potencial-nova-vacina-malaria-mostrase-promissora-ensaios-burkina-faso-1959854

domingo, 25 de abril de 2021

Paleontologia

Paleontologia (do grego palaiós= antigo + óntos= ser + lógos= estudo) é a especialidade da biologia que estuda a vida do passado da Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de integração da informação biológica no registro geológico, isto é, a formação dos fósseis. O biológo ou geólogo responsável pelos estudos dessa ciência é denominado de paleontólogo.

A vida na Terra surgiu cerca de 3,8 bilhões de anos e, desde então, restos de animais e vegetais ou indícios das suas atividades ficaram preservados nas rochas. Estes restos e indícios são denominados fósseis e constituem o objeto de estudo da Paleontologia.

A paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje. Já não é a ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades. Todos se interessam pela história da Terra e dos seus habitantes durante o passado geológico, para melhor conhecerem as suas origens. O objeto imediato de estudo da Paleontologia são os fósseis, pois são eles que, na atualidade, encerram a informação sobre o passado geológico do planeta Terra. Por isso se diz frequentemente que a paleontologia é, simplesmente, a ciência que estuda os fósseis. Contudo, esta é uma definição redutora, que limita o alcance da Paleontologia, pois os seus objetivos fundamentais não se restringem ao estudo dos restos fossilizados dos organismos do passado. A Paleontologia não procura apenas estudar os fósseis, procura também, com base neles, entre outros aspectos, conhecer a vida do passado geológico da Terra.

Uma vez que os fósseis são objetos geológicos com origem em organismos do passado, a paleontologia é a disciplina científica que estabelece a ligação entre as ciências geológicas e as ciências biológicas. Conhecimentos acerca da Geografia são de suma importância para a paleontologia, entre outros, através desta pode relacionar-se o posicionamento e distribuição dos dados coligidos pelo globo.

Descobertos dois animais escavadores que viveram há milhões de anos

Um era um réptil parecido com um mamífero e tinha 31,6 centímetros de comprimento. Chamaram-lhe Fossiomanus sinensis. O outro era um primo distante dos mamíferos modernos com placenta e tinha 18,3 comprimentos. Deram-lhe o nome de Jueconodon cheni. Apesar de serem filogeneticamente distantes, ambas as espécies descobertas recentemente viveram no Cretácico Inferior (entre há 145 e 100 milhões de anos) e eram escavadoras natas. Na revista Nature é revelada a sua identidade e mostrado que estes são os primeiros animais escavadores conhecidos a serem encontrados num ecossistema chamado “Biota de Jehol”.

Tal como outros tantos, os fósseis agora revelados foram encontrados na Biota de Jehol por agricultores locais. Situada no Nordeste da China, a Biota de Jehol caracteriza-se pela sua abundância de fósseis bem conservados. Uma equipa de cientistas começou a estudar esses fósseis há cerca de quatro anos e agora descrevem-nos a todo o mundo.

Vamos então às apresentações. O Fossiomanus sinensis foi encontrado na formação de Jiufotang, na província de Liaoning, e é um membro dos tritilodontes – cinodontes que se caracterizavam por ter dentes molares superiores com três filas longitudinais de cúspides (pontas). Pertencente a um grupo extinto de répteis parecidos com mamíferos, este animal representa o primeiro do seu tipo na Biota de Jehol. “São parentes próximos dos mamíferos”, esclarece ao PÚBLICO Jin Meng, cientista do Museu Americano de História Natural e um dos autores deste estudo.

Já o Jueconodon cheni é um eutriconodonta – um primo distante dos mamíferos modernos com placenta que era comum nesta biota. Esta nova espécie foi encontrada na formação de Yixian, também na província de Liaoning. “Os eutriconodontas são um grupo extinto de mamíferos primitivos e estão muito próximos do antepassado comum dos marsupiais e dos mamíferos com placenta, mas tinham uma ligação distante aos tritilodontes”, descreve Jin Meng.

Mas muito mais era o que os unia do que aquilo que os separava. “Estas duas espécies têm uma relação filogenética distante, mas mostram ter características convergentes que estão adaptadas à vida de animal escavador”, indica Fangyuan Mao, investigadora do Instituto de Paleontologia Vertebrada e de Paleoantropologia da Academia Chinesa de Ciências e também autora do artigo.

Ambas as espécies escavadoras tinham características adequadas a essa função. As suas pernas eram pequenas e o seu sistema músculo-esquelético permitia-lhes produzir muita força. Os seus braços eram maiores do que as pernas e tinham garras robustas. A cauda era pequena e tinham um número maior de vértebras torácicas do que outros animais da sua biota. A equipa pensa que as características partilhadas por estas duas espécies evoluíram de forma independente por causa de “pressões selectivas semelhantes”.

“Estas espécies com uma ligação [filogenética] distante fornecem um exemplo excelente de evolução convergente num tempo geológico distante, tanto a nível da sua capacidade de escavação como do aumento do número de vértebras no seu corpo”, assinala Jin Meng. O investigador nota que se sabe que este tipo de evolução adaptativa para estilos de vida e condições ecológicas semelhantes ocorreu há 120 milhões de anos nestes ancestrais dos mamíferos modernos. As mudanças nas suas colunas vertebrais (tanto no número de vértebras como na forma) são comparáveis às que se observam em mamíferos actuais. “Isto sugere que mecanismos genéticos de desenvolvimento semelhantes que regulam a coluna vertebral de mamíferos modernos já tinham evoluído nestes animais primitivos.”

https://www.publico.pt/2021/04/24/ciencia/noticia/descobertos-dois-animais-escavadores-viveram-ha-milhoes-anos-1957470

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Vida "semeada" de outro lugar

A ideia de que a vida na Terra foi "semeada" de outras partes do universo data pelo menos do século quinto AEC. No século vinte foi proposto pelo químico físico Svante Arrhenius, pelos astrónomos Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe, e pelo biólogo molecular Francis Crick e pelo químico Leslie Orgel. Há três versões principais para a hipótese de "sementeira de outro local": vindo de outro lugar do nosso Sistema Solar via fragmentos lançados para o espaço por um impacto de um meteoro de grandes dimensões, sendo a única fonte credível Marte; por visitantes extra-terrestres, possivelmente por contaminação acidental com microorganismos que trouxeram com eles; e de fora do Sistema Solar mas por meios naturais.

sábado, 10 de abril de 2021

Evidências mais antigas da vida na Terra

Os organismos mais antigos que já foram identificados eram diminutos e com relativamente poucas características, e os seus fósseis parecem-se com pequenos bastonetes, que são difíceis de diferenciar de estruturas que surgem através de processos físicos abióticos. A evidência mais antiga indisputável da vida na Terra, interpretada como bactérias fossilizadas, data de há 3 mil milhões de anos. Outras descobertas em rochas datadas em cerca de 2,5 mil milhões de anos têm sido também interpretadas como bactérias, com evidências geoquímicas aparentemente mostrando a presença de vida há 3,8 mil milhões de vida. Contudo estas análises foram escrutinadas cuidadosamente, e foram encontrados processos não-biológicos que poderiam produzir todos estes "sinais de vida" que foram relatados. Embora isto não prove que as estruturas encontradas tenham uma origem não-biológica, elas não podem ser tomadas como evidências claras para a presença de vida. Assinaturas geoquímicas de rochas depositadas há 3,4 mil milhões de anos foram interpretadas como evidências de vida, embora estas afirmações não tenham sido examinadas pormenorizadamente por críticos.

quarta-feira, 7 de abril de 2021

História inicial da Terra

Os mais antigos fragmentos de meteorito encontrados na Terra têm cerca de 4,54 bilhões de anos de idade; isto, junto principalmente com a datação de depósitos de chumbo antigos, colocou a estimada idade da Terra por volta deste tempo. A Lua tem a mesma composição da crosta terrestre mas não contém um núcleo planetário rico em ferro como o da Terra. Muitos cientistas pensam que cerca de apenas 40 milhões de anos depois um planetoide atingiu a Terra, lançando para o espaço material da crosta que acabou por formar a Lua. Uma outra hipótese é que a Terra e a Lua começaram a coalescer ao mesmo tempo, mas a Terra, tendo uma gravidade muito mais forte, atraiu quase todas as partículas de ferro na área.

Até recentemente, as rochas mais antigas encontradas na Terra foram estimadas possuírem cerca de 3,8 bilhões de anos de idade, levando cientistas a acreditar durante décadas que a superfície da Terra estava fundida até essa altura. De acordo com isto, nomearam esta parte da história da Terra de éon Hadeano, significando "infernal". No entanto, análises de zircons formados entre 4,0 a 4,4 bilhões de anos indicam que a crosta solidificou cerca de 100 milhões de anos depois da formação do planeta e que o planeta rapidamente adquiriu oceanos e uma atmosfera, que podem ter sido capazes de suportar vida.

Evidências recolhidas da lua indicam que a partir de 4,0 a 3,8 bilhões de anos sofreu um Intenso bombardeio tardio por detritos que sobraram da formação do Sistema Solar, e a Terra deveria ter sofrido um bombardeamento ainda mais intenso devido à sua maior gravidade. Apesar de não haver evidência direta das condições na Terra há 4,0 - 3,8 bilhões de anos, não há razões para pensar que a Terra não foi afectada por este intenso bombardeamento tardio. O evento poderá ter removido qualquer atmosfera e oceanos anteriores; neste caso gases e água resultantes de impactos de cometa podem ter contribuído para a sua substituição, apesar de que a desgaseificação vulcânica na Terra teria contribuído pelo menos metade.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

História evolutiva da vida

A história evolutiva da vida na Terra traça os processos pelos quais organismos vivos e fósseis evoluíram. Engloba a origem da vida na Terra, que se pensa ter ocorrido há 4,1 bilhões de anos, até aos dias de hoje. As semelhanças entre todos os organismos atuais indicam a presença de um ancestral comum a partir do que todas as espécies divergiram por um processo de evolução.

Biofilmes de bactérias e archaea coexistentes foram a forma de vida dominante no início do Arqueano e pensa-se que muitos dos principais passos nos primórdios da evolução tiveram lugar dentro deles. A evolução de fotossíntese com oxigênio, há cerca de 3,5 bilhões de anos, eventualmente levou à oxigenação da atmosfera, começando por volta de há 2 400 milhões de anos.[Enquanto que células eucariotas podem ter estado presentes anteriormente, a sua evolução foi acelerada quando começaram a usar o oxigénio no seu metabolismo. A evidência mais antiga de eucariotas complexos com organelos, data de 1,85 bilhões de anos. Mais tarde, por volta de há 1 700 milhões de anos, começaram a aparecer organismos multicelulares, com células diferenciadas a realizar funções especializadas.

As primeiras plantas terrestres datam de há cerca de 450 milhões de anos, apesar de evidências sugerirem que algas formaram-se em terra tão cedo com há 1,2 bilhões de anos. Plantas terrestres foram tão bem sucedidas que se pensa que elas contribuíram para a extinção do Devoniano. Os animais invertebrados apareceram durante o Ediacarano, enquanto que os vertebrados surgiram há cerca de 525 milhões de anos, durante a explosão do Cambriano.


Durante o Permiano, os sinápsidos, incluindo os ancestrais de mamíferos, dominaram a terra, mas a porém com a extinção do Permiano-Triássico há 251 milhões de anos, este fato esteve perto de dizimar toda a vida complexa. Durante a recuperação desta catástrofe, os Archosauria tornaram-se os vertebrados terrestres mais abundantes, substituindo os therapsida em meados do Triássico. Um grupo de archosauria viveram quando os dinossauros, dominaram o Jurássico e Cretácico, enquanto os ancestrais dos mamíferos sobreviviam como pequenos insectívoros. Depois da extinção Cretáceo-Paleogeno há 65 milhões de anos ter morto os dinossauros não-avianos os mamíferos aumentaram rapidamente em tamanho e diversidade.Tal extinção em massa pode ter acelerado a evolução ao fornecer oportunidades para novos grupos de organismos de diversificar.

Evidências fósseis indicam que as plantas com flor apareceram e rapidamente diversificaram no princípio do Cretácico, entre há 130 milhões a 90 milhões de anos, provavelmente pela coevolução com insectos polinizadores. Plantas com flores e fitoplâncton marinho são ainda os produtores de matéria orgânica dominantes. Insectos sociais apareceram por volta da mesma altura que as plantas com flor. Apesar de ocuparem apenas uma pequena parte da "árvore da vida" dos insectos, agora formam cerca de metade da massa total dos insetos. Os humanos evoluíram a partir de uma linhagem com diferentes espécies de hominideos cujos fósseis mais antigos datam de há mais de 6 milhões de anos. Apesar dos membros mais antigos desta linhagem terem cérebros do tamanho semelhante ao de um chimpanzé, há sinais de um aumento constante do tamanho do cérebro após 3 milhões de anos.

domingo, 21 de março de 2021

Falta de oxigénio empurra tubarões para a superfície

Os ecossistemas de profundidade estão a mudar. As alterações climáticas estão a expandir as zonas de oxigénio mínimo, que tipicamente se encontravam entre os 200 e os 800 metros nas regiões tropicais. Essa mudança diminui fortemente o habitat disponível para os grandes peixes pelágicos, como os tubarões azuis. E em busca de concentrações de oxigénio mais elevadas, essas espécies rumam à superfície, onde correm maior risco de caírem em redes de pesca industrial.

Este trabalho estudou o efeito que uma dessas zonas de oxigénio mínimo no Nordeste Atlântico, próximo de Cabo Verde, tem nos movimentos e na distribuição do tubarão azul. Para conseguirem os seus objetivos, os investigadores marcaram vários espécimes com transmissores de satélite, registando as profundidades máximas de mergulho. "Ao seguir os movimentos horizontais e o comportamento de mergulho dos tubarões marcados, conseguimos observar mudanças no seu comportamento, com períodos de maior permanência à superfície, como forma de evitar o défice de oxigénio das águas profundas", explicou David Sims, um dos responsáveis pelo estudo.

Em simultâneo, a equipa de investigação monitorizou as deslocações dos barcos de pesca por palangre de superfície e confirmaram que a zona de oxigénio mínimo da Costa Ocidental Africana é uma área de pesca intensiva, nomeadamente de tubarões azuis. "A compressão de habitat em tubarões azuis torna a sua captura potencialmente mais fácil e deverá continuar de futuro, se esta situação se mantiver", alertou o biólogo Nuno Queiroz, que co-liderou este estudo.

Esta investigação foi publicada na revista científica eLife e tem como primeira autora Marisa Vedor, que foi orientada por Nuno Queiroz e David Sims. A equipa internacional de cientistas responsáveis por este artigo integra cientistas do MARE - Centro de Ciências do Ambiente e do Mar e do CIBIO-InBIO.

https://www.dn.pt/ciencia/falta-de-oxigenio-empurra-tubaroes-para-a-superficie-13481470.html

sexta-feira, 19 de março de 2021

Reencontradas 17 espécies de plantas consideradas extintas, uma delas nativa de Portugal

A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo.

Dezassete espécies europeias de plantas consideradas extintas foram reencontradas na natureza ou preservadas em colecções, segundo um estudo publicado na revista científica Nature Plants. A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo, e que três das espécies foram encontradas na natureza, duas preservadas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes, e as restantes reclassificadas “através de uma extensa revisão taxonómica”.

David Draper, um dos autores do estudo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que uma das plantas é originária de Portugal, mas precisou que nesse caso ainda são necessários mais estudos de confirmação. A espécie em causa é a Armeria arcuata, uma espécie endémica do Litoral Sudoeste de Portugal cujos últimos registos datam do final do século XIX. Através do estudo, os investigadores encontraram a espécie preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda.

Cauteloso, o investigador disse que é agora preciso fazer estudos genéticos para confirmar a redescoberta, porque há 150 anos que a planta estava desaparecida e pode haver “uma má identificação”. David Draper explicou que é um processo moroso, tanto mais que em tempos de pandemia de covid-19 os laboratórios estão fechados.

Caso se confirme que se trata da Armeria arcuata, e questionado se será devolvida ao seu habitat natural, o investigador explicou que o ideal seria devolvê-la à natureza, mas adiantou que como existem apenas “três ou quatro pés” é preciso primeiro um trabalho longo de recuperação, nomeadamente através da sua dispersão, primeiro, por vários jardins botânicos. Em termos gerais a descoberta agora anunciada vai permitir lançar programas de conservação para várias das espécies, consideradas raras ou sob ameaça de uma extinção definitiva.

A investigação “exigiu um trabalho minucioso de detective, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”, disse David Draper citado no comunicado. A investigação foi liderada por Thomas Abeli e Giulia Albani Rocchetti, investigadores da Universidade Roma Tre (Itália). Foram analisadas 36 espécies endémicas europeias cujo estatuto de conservação era “extinto” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Além de monitorização contínua na natureza, envolvendo universidades, museus, jardins botânicos e bancos de sementes, foram usadas técnicas avançadas para estudar a variabilidade das espécies. Nas declarações à Lusa, David Draper salientou ainda que os investigadores confirmaram que as restantes 19 espécies analisadas se perderam para sempre. Poderão algumas destas espécies ainda ser reencontradas também? “Pode acontecer, mas é cada vez mais difícil”, disse o investigador. David Draper considerou fundamental prevenir extinções de plantas, mais fácil do que procurar depois “ressuscitar” espécies, pelo que é preciso investigar e criar condições para que não se chegue ao ponto de extinção.

https://www.publico.pt/2021/03/10/ciencia/noticia/reencontradas-17-especies-plantas-consideradas-extintas-nativa-portugal-1953779

domingo, 14 de março de 2021

Reencontradas 17 espécies de plantas consideradas extintas, uma delas nativa de Portugal

Dezassete espécies europeias de plantas consideradas extintas foram reencontradas na natureza ou preservadas em colecções, segundo um estudo publicado na revista científica Nature Plants. A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo, e que três das espécies foram encontradas na natureza, duas preservadas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes, e as restantes reclassificadas “através de uma extensa revisão taxonómica”.

David Draper, um dos autores do estudo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que uma das plantas é originária de Portugal, mas precisou que nesse caso ainda são necessários mais estudos de confirmação. A espécie em causa é a Armeria arcuata, uma espécie endémica do Litoral Sudoeste de Portugal cujos últimos registos datam do final do século XIX. Através do estudo, os investigadores encontraram a espécie preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda.

Cauteloso, o investigador disse que é agora preciso fazer estudos genéticos para confirmar a redescoberta, porque há 150 anos que a planta estava desaparecida e pode haver “uma má identificação”. David Draper explicou que é um processo moroso, tanto mais que em tempos de pandemia de covid-19 os laboratórios estão fechados.

Caso se confirme que se trata da Armeria arcuata, e questionado se será devolvida ao seu habitat natural, o investigador explicou que o ideal seria devolvê-la à natureza, mas adiantou que como existem apenas “três ou quatro pés” é preciso primeiro um trabalho longo de recuperação, nomeadamente através da sua dispersão, primeiro, por vários jardins botânicos. Em termos gerais a descoberta agora anunciada vai permitir lançar programas de conservação para várias das espécies, consideradas raras ou sob ameaça de uma extinção definitiva.

A investigação “exigiu um trabalho minucioso de detective, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”, disse David Draper citado no comunicado. A investigação foi liderada por Thomas Abeli e Giulia Albani Rocchetti, investigadores da Universidade Roma Tre (Itália). Foram analisadas 36 espécies endémicas europeias cujo estatuto de conservação era “extinto” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Além de monitorização contínua na natureza, envolvendo universidades, museus, jardins botânicos e bancos de sementes, foram usadas técnicas avançadas para estudar a variabilidade das espécies. Nas declarações à Lusa, David Draper salientou ainda que os investigadores confirmaram que as restantes 19 espécies analisadas se perderam para sempre. Poderão algumas destas espécies ainda ser reencontradas também? “Pode acontecer, mas é cada vez mais difícil”, disse o investigador. David Draper considerou fundamental prevenir extinções de plantas, mais fácil do que procurar depois “ressuscitar” espécies, pelo que é preciso investigar e criar condições para que não se chegue ao ponto de extinção.

https://www.publico.pt/2021/03/10/ciencia/noticia/reencontradas-17-especies-plantas-consideradas-extintas-nativa-portugal-1953779