terça-feira, 18 de maio de 2021
Gronelândia está mais escura e mais quente devido à falta de tempestades e neve fresca
segunda-feira, 10 de maio de 2021
Descobertos restos de nove neandertais numa gruta em Itália
Governo fala em achado extraordinário. As descobertas este sábado anunciadas vão ajudar a “compreender melhor a história do povoamento da Itália”.
A Gruta de Guattari, na cidade de San Felice de Circeo, região de Lazio, foi descoberta por acaso, em Fevereiro de 1939.
Os restos de nove neandertais foram descobertos na Gruta de Guattari, em San Felice Circeo, na costa entre Roma e Nápoles, onde já tinham sido encontrados vestígios da presença neandertal, anunciou este sábado o ministro italiano da Cultura.
“Se tivermos em conta os dois outros indivíduos que já tinham sido descobertos no mesmo sítio, temos um total de 11 indivíduos, confirmando que este é um dos sítios mais importantes do mundo para a história do neandertal”, afirmou o ministro Dario Franceschini, citado pela agência francesa AFP.
Para o governante, esta é “uma descoberta extraordinária, que dará a volta ao mundo”.
Oito dos vestígios encontrados terão entre 50.000 e 68.000 anos e o mais antigo estará entre os 90.000 e os 100.000 anos, avança o Governo italiano.
Francesco Di Mario, responsável pelas escavações, acredita que aqueles indivíduos são representativos de uma população de neandartais que devia ser muito importante naquela região.
“O neandertal marca uma etapa fundamental na evolução da humanidade, representando o pico de uma espécie e a primeira sociedade humana a falar devidamente”, frisou o director do serviço regional de Antropologia, Marion Rubini.
As escavações começaram em Outubro de 2019 e as descobertas este sábado anunciadas vão ajudar a “compreender melhor a história do povoamento da Itália”, acrescentou.
Em escavações recentes, foram encontrados naquele local milhares de ossos de animais, incluindo ossos de elefantes, rinocerontes, veados gigantes, cavalos selvagens e ursos, refere a AFP.
A Gruta de Guattari, na cidade de San Felice de Circeo, região de Lazio, foi descoberta por acaso, em Fevereiro de 1939.
Pouco depois, o antropólogo Albert Carlo Blanc descobriu naquele local um crânio de Neandertal em perfeito estado de conservação.
https://www.publico.pt/2021/05/08/ciencia/noticia/descobertos-restos-nove-neandertais-gruta-italia-1961752
domingo, 2 de maio de 2021
Divisões da Paleontologia
A paleontologia divide-se, conceitualmente, em diversas áreas, como por exemplo a paleobiologia, uma área que estuda os conceitos evolutivos e ecológicos e foca-se menos na identificação de fósseis. É no seio da Paleobiologia que se insere a paleozoologia, o estudo dos fósseis de animais, e a paleobotânica, o estudo dos fósseis de plantas. Basicamente, qualquer disciplina biológica aplicada aos organismos do passado geológico, por via do estudo dos fósseis, constitui uma subdisciplina paleobiológica: paleoecologia (que estuda os ecossistemas do passado), paleobiogeografia, paleoanatomia, paleoneurologia, paleomastozoologia, etc.
Outras disciplinas paleobiológicas transversais, que não estão limitadas a um dado grupo taxonómico, são, por exemplo:
Micropaleontologia — que estuda os fósseis de organismos ou parte deles que necessitam de microscópio para serem visualizados;
Paleoicnologia — que estuda os vestígios fósseis, por exemplo, pegadas;
Tafonomia — que ainda se divide em Bioestrationomia, Diagênese e Tectônica, estuda a integração da informação biológica no registo geológico, ou seja, a formação dos fósseis e das jazidas fossilíferas e do registo paleontológico;
Biocronologia — que estuda o desenvolvimento temporal (a cronologia) dos eventos paleobiológicos, bem como as relações temporais entre entidades paleobiológicas (os organismos do passado) e/ou tafonómicas (os fósseis);
Sistemática — que estuda a classificação de espécies fósseis.
Ainda se faz uma subdivisão da paleobotânica e da micropaleontologia constituindo a paleopalinologia, que se dedica ao estudo de pólen e esporos, importantes para a datação.
quarta-feira, 28 de abril de 2021
Importância da Paleontologia
A informação sobre a vida do passado geológico está contida nos fósseis e na sua relação com as rochas e os contextos geológicos em que ocorrem. O mundo biológico que hoje conhecemos é o resultado de milhares de milhões de anos de evolução. Assim, só estudando paleontologicamente o registo fóssil — o registo da vida na Terra — é possível entender e explicar a diversidade, a afinidade e a distribuição geográfica dos grupos biológicos actuais. Este tipo de estudo tornou-se viável através dos trabalhos de Georges Cuvier, que, mediante a aplicação das suas leis da anatomia comparada, comprovou o fenómeno da extinção e da sucessão biótica. Estas leis permitiram as reconstruções paleontológicas dos organismos que frequentemente eram encontrados no registo fossilífero somente de forma fragmentada, ou mesmo, apenas algumas partes fossilizadas. Desta maneira, os resultados dos trabalhos de Georges Cuvier possibilitaram, posteriormente, a elaboração de sequências evolutivas, que foram fundamentais para a defesa do evolucionismo.
Com base no princípio de que "o presente é a chave do passado", enunciado por Charles Lyell, partindo do conhecimento dos seres vivos atuais e ainda do seu estudo biológico, é possível extrapolar-se muita informação sobre os organismos do passado, como o modo de vida, tipo trófico, de locomoção e de reprodução, entre outros, e isso é fundamental para o estudo e a compreensão dos fósseis.
A partir dos fósseis, uma vez que são vestígios de organismos de grupos biológicos do passado que surgiram e se extinguiram em épocas definidas da história da Terra, pode fazer-se a datação relativa das rochas em que ocorrem e estabelecer correlações (isto é, comparações cronológicas, temporais) entre rochas de locais distantes que apresentem o mesmo conteúdo fossilífero. O estudo dos fósseis e a sua utilização como indicadores de idade das rochas são imprescindíveis, por exemplo, para a prospecção e exploração de recursos geológicos tão importantes como o carvão e o petróleo.
Candidata a vacina contra a malária mostra eficácia de 77%
Ensaio clínico de uma potencial vacina para a malária durou um ano e revelou 77% de eficácia num grupo de 450 crianças, em África.
Uma potencial nova vacina contra a malária provou ser altamente eficaz num ensaio em bebés em África, podendo um dia vir a ajudar a reduzir o número de mortes causadas pela doença transmitida por mosquitos que mata meio milhão de crianças por ano.
A vacina candidata, desenvolvida por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, chama-se R21/ Matrix-M e mostrou eficácia de até 77% no ensaio que decorreu ao longo de um ano no Burkina Faso, onde participaram 450 crianças, avançaram em comunicado os investigadores que lideram o ensaio clínico.
O grupo de cientistas, liderados por Adrian Hill, director do Instituto Jenner de Oxford e também um dos principais investigadores por detrás da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, referiu ainda que planeiam realizar mais testes em cerca de 4800 crianças com idade entre os cinco meses e os três anos em quatro países africanos.
Hill disse ter “grandes expectativas para o potencial da vacina”, acrescentando ainda que se trata da primeira vacina contra a malária a atingir a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de conseguir pelo menos 75% de eficácia.
Cientistas de todo o mundo trabalham há décadas para desenvolver uma vacina capaz de prevenir a malária — uma infecção complexa causada por um parasita transportado na saliva dos mosquitos.
A malária infecta milhões de pessoas todos os anos e mata mais de 400.000, a maioria bebés e crianças pequenas nas zonas mais pobres da África.
A primeira e única injecção contra a malária licenciada no mundo, Mosquirix, foi desenvolvida pela GlaxoSmithKline ao longo de muitos anos de testes clínicos em vários países africanos, mas tem uma eficácia de apenas 30%.
No ensaio R21/ Matrix-M no Burkina Faso, as 450 crianças foram divididas em três grupos. Dois grupos receberam três doses da vacina experimental juntamente com uma dose baixa ou alta de um adjuvante — um ingrediente que potencia a resposta do sistema imunitário a uma vacina — enquanto o terceiro grupo recebeu uma vacina de controlo.
Os resultados, que os investigadores garantiram que seriam publicados em breve na revista científica The Lancet, mostraram eficácia de 77% no grupo de adjuvante de dose elevada e 74% entre aqueles que receberam a vacina com uma dose reduzida.
https://www.publico.pt/2021/04/23/ciencia/noticia/potencial-nova-vacina-malaria-mostrase-promissora-ensaios-burkina-faso-1959854
domingo, 25 de abril de 2021
Paleontologia
Paleontologia (do grego palaiós= antigo + óntos= ser + lógos= estudo) é a especialidade da biologia que estuda a vida do passado da Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de integração da informação biológica no registro geológico, isto é, a formação dos fósseis. O biológo ou geólogo responsável pelos estudos dessa ciência é denominado de paleontólogo.
A vida na Terra surgiu cerca de 3,8 bilhões de anos e, desde então, restos de animais e vegetais ou indícios das suas atividades ficaram preservados nas rochas. Estes restos e indícios são denominados fósseis e constituem o objeto de estudo da Paleontologia.
A paleontologia desempenha um papel importante nos dias de hoje. Já não é a ciência hermética, restrita aos cientistas e universidades. Todos se interessam pela história da Terra e dos seus habitantes durante o passado geológico, para melhor conhecerem as suas origens. O objeto imediato de estudo da Paleontologia são os fósseis, pois são eles que, na atualidade, encerram a informação sobre o passado geológico do planeta Terra. Por isso se diz frequentemente que a paleontologia é, simplesmente, a ciência que estuda os fósseis. Contudo, esta é uma definição redutora, que limita o alcance da Paleontologia, pois os seus objetivos fundamentais não se restringem ao estudo dos restos fossilizados dos organismos do passado. A Paleontologia não procura apenas estudar os fósseis, procura também, com base neles, entre outros aspectos, conhecer a vida do passado geológico da Terra.
Uma vez que os fósseis são objetos geológicos com origem em organismos do passado, a paleontologia é a disciplina científica que estabelece a ligação entre as ciências geológicas e as ciências biológicas. Conhecimentos acerca da Geografia são de suma importância para a paleontologia, entre outros, através desta pode relacionar-se o posicionamento e distribuição dos dados coligidos pelo globo.
Descobertos dois animais escavadores que viveram há milhões de anos
Um era um réptil parecido com um mamífero e tinha 31,6 centímetros de comprimento. Chamaram-lhe Fossiomanus sinensis. O outro era um primo distante dos mamíferos modernos com placenta e tinha 18,3 comprimentos. Deram-lhe o nome de Jueconodon cheni. Apesar de serem filogeneticamente distantes, ambas as espécies descobertas recentemente viveram no Cretácico Inferior (entre há 145 e 100 milhões de anos) e eram escavadoras natas. Na revista Nature é revelada a sua identidade e mostrado que estes são os primeiros animais escavadores conhecidos a serem encontrados num ecossistema chamado “Biota de Jehol”.
Tal como outros tantos, os fósseis agora revelados foram encontrados na Biota de Jehol por agricultores locais. Situada no Nordeste da China, a Biota de Jehol caracteriza-se pela sua abundância de fósseis bem conservados. Uma equipa de cientistas começou a estudar esses fósseis há cerca de quatro anos e agora descrevem-nos a todo o mundo.
Vamos então às apresentações. O Fossiomanus sinensis foi encontrado na formação de Jiufotang, na província de Liaoning, e é um membro dos tritilodontes – cinodontes que se caracterizavam por ter dentes molares superiores com três filas longitudinais de cúspides (pontas). Pertencente a um grupo extinto de répteis parecidos com mamíferos, este animal representa o primeiro do seu tipo na Biota de Jehol. “São parentes próximos dos mamíferos”, esclarece ao PÚBLICO Jin Meng, cientista do Museu Americano de História Natural e um dos autores deste estudo.
Já o Jueconodon cheni é um eutriconodonta – um primo distante dos mamíferos modernos com placenta que era comum nesta biota. Esta nova espécie foi encontrada na formação de Yixian, também na província de Liaoning. “Os eutriconodontas são um grupo extinto de mamíferos primitivos e estão muito próximos do antepassado comum dos marsupiais e dos mamíferos com placenta, mas tinham uma ligação distante aos tritilodontes”, descreve Jin Meng.
Mas muito mais era o que os unia do que aquilo que os separava. “Estas duas espécies têm uma relação filogenética distante, mas mostram ter características convergentes que estão adaptadas à vida de animal escavador”, indica Fangyuan Mao, investigadora do Instituto de Paleontologia Vertebrada e de Paleoantropologia da Academia Chinesa de Ciências e também autora do artigo.
Ambas as espécies escavadoras tinham características adequadas a essa função. As suas pernas eram pequenas e o seu sistema músculo-esquelético permitia-lhes produzir muita força. Os seus braços eram maiores do que as pernas e tinham garras robustas. A cauda era pequena e tinham um número maior de vértebras torácicas do que outros animais da sua biota. A equipa pensa que as características partilhadas por estas duas espécies evoluíram de forma independente por causa de “pressões selectivas semelhantes”.
“Estas espécies com uma ligação [filogenética] distante fornecem um exemplo excelente de evolução convergente num tempo geológico distante, tanto a nível da sua capacidade de escavação como do aumento do número de vértebras no seu corpo”, assinala Jin Meng. O investigador nota que se sabe que este tipo de evolução adaptativa para estilos de vida e condições ecológicas semelhantes ocorreu há 120 milhões de anos nestes ancestrais dos mamíferos modernos. As mudanças nas suas colunas vertebrais (tanto no número de vértebras como na forma) são comparáveis às que se observam em mamíferos actuais. “Isto sugere que mecanismos genéticos de desenvolvimento semelhantes que regulam a coluna vertebral de mamíferos modernos já tinham evoluído nestes animais primitivos.”
https://www.publico.pt/2021/04/24/ciencia/noticia/descobertos-dois-animais-escavadores-viveram-ha-milhoes-anos-1957470
quarta-feira, 14 de abril de 2021
Vida "semeada" de outro lugar
A ideia de que a vida na Terra foi "semeada" de outras partes do universo data pelo menos do século quinto AEC. No século vinte foi proposto pelo químico físico Svante Arrhenius, pelos astrónomos Fred Hoyle e Chandra Wickramasinghe, e pelo biólogo molecular Francis Crick e pelo químico Leslie Orgel. Há três versões principais para a hipótese de "sementeira de outro local": vindo de outro lugar do nosso Sistema Solar via fragmentos lançados para o espaço por um impacto de um meteoro de grandes dimensões, sendo a única fonte credível Marte; por visitantes extra-terrestres, possivelmente por contaminação acidental com microorganismos que trouxeram com eles; e de fora do Sistema Solar mas por meios naturais.
sábado, 10 de abril de 2021
Evidências mais antigas da vida na Terra
Os organismos mais antigos que já foram identificados eram diminutos e com relativamente poucas características, e os seus fósseis parecem-se com pequenos bastonetes, que são difíceis de diferenciar de estruturas que surgem através de processos físicos abióticos. A evidência mais antiga indisputável da vida na Terra, interpretada como bactérias fossilizadas, data de há 3 mil milhões de anos. Outras descobertas em rochas datadas em cerca de 2,5 mil milhões de anos têm sido também interpretadas como bactérias, com evidências geoquímicas aparentemente mostrando a presença de vida há 3,8 mil milhões de vida. Contudo estas análises foram escrutinadas cuidadosamente, e foram encontrados processos não-biológicos que poderiam produzir todos estes "sinais de vida" que foram relatados. Embora isto não prove que as estruturas encontradas tenham uma origem não-biológica, elas não podem ser tomadas como evidências claras para a presença de vida. Assinaturas geoquímicas de rochas depositadas há 3,4 mil milhões de anos foram interpretadas como evidências de vida, embora estas afirmações não tenham sido examinadas pormenorizadamente por críticos.
quarta-feira, 7 de abril de 2021
História inicial da Terra
Até recentemente, as rochas mais antigas encontradas na Terra foram estimadas possuírem cerca de 3,8 bilhões de anos de idade, levando cientistas a acreditar durante décadas que a superfície da Terra estava fundida até essa altura. De acordo com isto, nomearam esta parte da história da Terra de éon Hadeano, significando "infernal". No entanto, análises de zircons formados entre 4,0 a 4,4 bilhões de anos indicam que a crosta solidificou cerca de 100 milhões de anos depois da formação do planeta e que o planeta rapidamente adquiriu oceanos e uma atmosfera, que podem ter sido capazes de suportar vida.
Evidências recolhidas da lua indicam que a partir de 4,0 a 3,8 bilhões de anos sofreu um Intenso bombardeio tardio por detritos que sobraram da formação do Sistema Solar, e a Terra deveria ter sofrido um bombardeamento ainda mais intenso devido à sua maior gravidade. Apesar de não haver evidência direta das condições na Terra há 4,0 - 3,8 bilhões de anos, não há razões para pensar que a Terra não foi afectada por este intenso bombardeamento tardio. O evento poderá ter removido qualquer atmosfera e oceanos anteriores; neste caso gases e água resultantes de impactos de cometa podem ter contribuído para a sua substituição, apesar de que a desgaseificação vulcânica na Terra teria contribuído pelo menos metade.
sexta-feira, 2 de abril de 2021
História evolutiva da vida
A história evolutiva da vida na Terra traça os processos pelos quais organismos vivos e fósseis evoluíram. Engloba a origem da vida na Terra, que se pensa ter ocorrido há 4,1 bilhões de anos, até aos dias de hoje. As semelhanças entre todos os organismos atuais indicam a presença de um ancestral comum a partir do que todas as espécies divergiram por um processo de evolução.
Biofilmes de bactérias e archaea coexistentes foram a forma de vida dominante no início do Arqueano e pensa-se que muitos dos principais passos nos primórdios da evolução tiveram lugar dentro deles. A evolução de fotossíntese com oxigênio, há cerca de 3,5 bilhões de anos, eventualmente levou à oxigenação da atmosfera, começando por volta de há 2 400 milhões de anos.[Enquanto que células eucariotas podem ter estado presentes anteriormente, a sua evolução foi acelerada quando começaram a usar o oxigénio no seu metabolismo. A evidência mais antiga de eucariotas complexos com organelos, data de 1,85 bilhões de anos. Mais tarde, por volta de há 1 700 milhões de anos, começaram a aparecer organismos multicelulares, com células diferenciadas a realizar funções especializadas.
As primeiras plantas terrestres datam de há cerca de 450 milhões de anos, apesar de evidências sugerirem que algas formaram-se em terra tão cedo com há 1,2 bilhões de anos. Plantas terrestres foram tão bem sucedidas que se pensa que elas contribuíram para a extinção do Devoniano. Os animais invertebrados apareceram durante o Ediacarano, enquanto que os vertebrados surgiram há cerca de 525 milhões de anos, durante a explosão do Cambriano.
Durante o Permiano, os sinápsidos, incluindo os ancestrais de mamíferos, dominaram a terra, mas a porém com a extinção do Permiano-Triássico há 251 milhões de anos, este fato esteve perto de dizimar toda a vida complexa. Durante a recuperação desta catástrofe, os Archosauria tornaram-se os vertebrados terrestres mais abundantes, substituindo os therapsida em meados do Triássico. Um grupo de archosauria viveram quando os dinossauros, dominaram o Jurássico e Cretácico, enquanto os ancestrais dos mamíferos sobreviviam como pequenos insectívoros. Depois da extinção Cretáceo-Paleogeno há 65 milhões de anos ter morto os dinossauros não-avianos os mamíferos aumentaram rapidamente em tamanho e diversidade.Tal extinção em massa pode ter acelerado a evolução ao fornecer oportunidades para novos grupos de organismos de diversificar.
Evidências fósseis indicam que as plantas com flor apareceram e rapidamente diversificaram no princípio do Cretácico, entre há 130 milhões a 90 milhões de anos, provavelmente pela coevolução com insectos polinizadores. Plantas com flores e fitoplâncton marinho são ainda os produtores de matéria orgânica dominantes. Insectos sociais apareceram por volta da mesma altura que as plantas com flor. Apesar de ocuparem apenas uma pequena parte da "árvore da vida" dos insectos, agora formam cerca de metade da massa total dos insetos. Os humanos evoluíram a partir de uma linhagem com diferentes espécies de hominideos cujos fósseis mais antigos datam de há mais de 6 milhões de anos. Apesar dos membros mais antigos desta linhagem terem cérebros do tamanho semelhante ao de um chimpanzé, há sinais de um aumento constante do tamanho do cérebro após 3 milhões de anos.
domingo, 21 de março de 2021
Falta de oxigénio empurra tubarões para a superfície
Os ecossistemas de profundidade estão a mudar. As alterações climáticas estão a expandir as zonas de oxigénio mínimo, que tipicamente se encontravam entre os 200 e os 800 metros nas regiões tropicais. Essa mudança diminui fortemente o habitat disponível para os grandes peixes pelágicos, como os tubarões azuis. E em busca de concentrações de oxigénio mais elevadas, essas espécies rumam à superfície, onde correm maior risco de caírem em redes de pesca industrial.
Este trabalho estudou o efeito que uma dessas zonas de oxigénio mínimo no Nordeste Atlântico, próximo de Cabo Verde, tem nos movimentos e na distribuição do tubarão azul. Para conseguirem os seus objetivos, os investigadores marcaram vários espécimes com transmissores de satélite, registando as profundidades máximas de mergulho. "Ao seguir os movimentos horizontais e o comportamento de mergulho dos tubarões marcados, conseguimos observar mudanças no seu comportamento, com períodos de maior permanência à superfície, como forma de evitar o défice de oxigénio das águas profundas", explicou David Sims, um dos responsáveis pelo estudo.
Em simultâneo, a equipa de investigação monitorizou as deslocações dos barcos de pesca por palangre de superfície e confirmaram que a zona de oxigénio mínimo da Costa Ocidental Africana é uma área de pesca intensiva, nomeadamente de tubarões azuis. "A compressão de habitat em tubarões azuis torna a sua captura potencialmente mais fácil e deverá continuar de futuro, se esta situação se mantiver", alertou o biólogo Nuno Queiroz, que co-liderou este estudo.
Esta investigação foi publicada na revista científica eLife e tem como primeira autora Marisa Vedor, que foi orientada por Nuno Queiroz e David Sims. A equipa internacional de cientistas responsáveis por este artigo integra cientistas do MARE - Centro de Ciências do Ambiente e do Mar e do CIBIO-InBIO.
https://www.dn.pt/ciencia/falta-de-oxigenio-empurra-tubaroes-para-a-superficie-13481470.html
sexta-feira, 19 de março de 2021
Reencontradas 17 espécies de plantas consideradas extintas, uma delas nativa de Portugal
A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo.
Dezassete espécies europeias de plantas consideradas extintas foram reencontradas na natureza ou preservadas em colecções, segundo um estudo publicado na revista científica Nature Plants. A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo, e que três das espécies foram encontradas na natureza, duas preservadas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes, e as restantes reclassificadas “através de uma extensa revisão taxonómica”.
David Draper, um dos autores do estudo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que uma das plantas é originária de Portugal, mas precisou que nesse caso ainda são necessários mais estudos de confirmação. A espécie em causa é a Armeria arcuata, uma espécie endémica do Litoral Sudoeste de Portugal cujos últimos registos datam do final do século XIX. Através do estudo, os investigadores encontraram a espécie preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda.
Cauteloso, o investigador disse que é agora preciso fazer estudos genéticos para confirmar a redescoberta, porque há 150 anos que a planta estava desaparecida e pode haver “uma má identificação”. David Draper explicou que é um processo moroso, tanto mais que em tempos de pandemia de covid-19 os laboratórios estão fechados.
Caso se confirme que se trata da Armeria arcuata, e questionado se será devolvida ao seu habitat natural, o investigador explicou que o ideal seria devolvê-la à natureza, mas adiantou que como existem apenas “três ou quatro pés” é preciso primeiro um trabalho longo de recuperação, nomeadamente através da sua dispersão, primeiro, por vários jardins botânicos. Em termos gerais a descoberta agora anunciada vai permitir lançar programas de conservação para várias das espécies, consideradas raras ou sob ameaça de uma extinção definitiva.
A investigação “exigiu um trabalho minucioso de detective, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”, disse David Draper citado no comunicado. A investigação foi liderada por Thomas Abeli e Giulia Albani Rocchetti, investigadores da Universidade Roma Tre (Itália). Foram analisadas 36 espécies endémicas europeias cujo estatuto de conservação era “extinto” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Além de monitorização contínua na natureza, envolvendo universidades, museus, jardins botânicos e bancos de sementes, foram usadas técnicas avançadas para estudar a variabilidade das espécies. Nas declarações à Lusa, David Draper salientou ainda que os investigadores confirmaram que as restantes 19 espécies analisadas se perderam para sempre. Poderão algumas destas espécies ainda ser reencontradas também? “Pode acontecer, mas é cada vez mais difícil”, disse o investigador. David Draper considerou fundamental prevenir extinções de plantas, mais fácil do que procurar depois “ressuscitar” espécies, pelo que é preciso investigar e criar condições para que não se chegue ao ponto de extinção.
https://www.publico.pt/2021/03/10/ciencia/noticia/reencontradas-17-especies-plantas-consideradas-extintas-nativa-portugal-1953779
domingo, 14 de março de 2021
Reencontradas 17 espécies de plantas consideradas extintas, uma delas nativa de Portugal
Dezassete espécies europeias de plantas consideradas extintas foram reencontradas na natureza ou preservadas em colecções, segundo um estudo publicado na revista científica Nature Plants. A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo, e que três das espécies foram encontradas na natureza, duas preservadas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes, e as restantes reclassificadas “através de uma extensa revisão taxonómica”.
David Draper, um dos autores do estudo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que uma das plantas é originária de Portugal, mas precisou que nesse caso ainda são necessários mais estudos de confirmação. A espécie em causa é a Armeria arcuata, uma espécie endémica do Litoral Sudoeste de Portugal cujos últimos registos datam do final do século XIX. Através do estudo, os investigadores encontraram a espécie preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda.
Cauteloso, o investigador disse que é agora preciso fazer estudos genéticos para confirmar a redescoberta, porque há 150 anos que a planta estava desaparecida e pode haver “uma má identificação”. David Draper explicou que é um processo moroso, tanto mais que em tempos de pandemia de covid-19 os laboratórios estão fechados.
Caso se confirme que se trata da Armeria arcuata, e questionado se será devolvida ao seu habitat natural, o investigador explicou que o ideal seria devolvê-la à natureza, mas adiantou que como existem apenas “três ou quatro pés” é preciso primeiro um trabalho longo de recuperação, nomeadamente através da sua dispersão, primeiro, por vários jardins botânicos. Em termos gerais a descoberta agora anunciada vai permitir lançar programas de conservação para várias das espécies, consideradas raras ou sob ameaça de uma extinção definitiva.
A investigação “exigiu um trabalho minucioso de detective, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”, disse David Draper citado no comunicado. A investigação foi liderada por Thomas Abeli e Giulia Albani Rocchetti, investigadores da Universidade Roma Tre (Itália). Foram analisadas 36 espécies endémicas europeias cujo estatuto de conservação era “extinto” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Além de monitorização contínua na natureza, envolvendo universidades, museus, jardins botânicos e bancos de sementes, foram usadas técnicas avançadas para estudar a variabilidade das espécies. Nas declarações à Lusa, David Draper salientou ainda que os investigadores confirmaram que as restantes 19 espécies analisadas se perderam para sempre. Poderão algumas destas espécies ainda ser reencontradas também? “Pode acontecer, mas é cada vez mais difícil”, disse o investigador. David Draper considerou fundamental prevenir extinções de plantas, mais fácil do que procurar depois “ressuscitar” espécies, pelo que é preciso investigar e criar condições para que não se chegue ao ponto de extinção.
https://www.publico.pt/2021/03/10/ciencia/noticia/reencontradas-17-especies-plantas-consideradas-extintas-nativa-portugal-1953779
domingo, 7 de fevereiro de 2021
Heracleum mantegazzianum, a terrível planta que pode provocar ferimentos graves
Esta planta, com cinco metros de altura, larga furocumarinas, um produto químico tóxico que modifica a estrutura das células da pele e a torna mais sensíveis aos raios ultravioletas. Em 24 horas, e num prazo máximo de 48 horas, a pele desenvolve queimaduras e irritações que podem provocar cicatrizes permanentes e bolhas. E se esse composto químico chegar aos olhos, pode levar à cegueira.
Numa reportagem emitida pelo canal BBC, Oskars Mezhniyeks, dono de uma fazenda na Letónia trava uma batalha constante contra a planta. “Se eu não a matar aqui, ela vai tomar conta da minha plantação”, explica. “Elas têm um valor nutricional consideravelmente alto e, por isso, foram cultivadas como potencial alimento para o gado. Mas devido aos efeitos que causaram nos humanos foi abandonada rapidamente, só que continuaram a espalhar-se, já que uma só planta pode produzir muitas sementes”, acrescenta Pior Rzymski, investigador da Universidade de Poznan, na Polónia.
A planta é natural da Ásia, muito comum na Rússia e Geórgia, mas veio para os jardins europeus por causa das flores brancas que exibe. É comum encontrá-la também junto aos rios ou estradas no norte da Europa. Em Portugal não há registos da existência da planta. Há forma de limitar os efeitos caso a seiva encoste na pele. “Deve lavar a pele com sabão e água fria e evitar a exposição ao Sol”, aconselha Rzymski.
https://greensavers.sapo.pt/heracleum-mantegazzianum-a-terrivel-planta-que-pode-provocar-ferimentos-graves/
domingo, 31 de janeiro de 2021
Zoo de Lourosa lidera programa internacional sobre calau de casco cinzento
domingo, 24 de janeiro de 2021
domingo, 17 de janeiro de 2021
Descoberto no Brasil um dos ancestrais mais antigos do T-rex
Uma nova espécie de dinossauro, classificada pelos cientistas como um dos antepassados mais antigos do Tirannosaurus rex, que viveu há cerca de 230 milhões de anos durante a ascensão da era dos dinossauros, foi descoberta no Sul do Brasil.
O Erythrovenator jacuiensis, que os cientistas acreditam ser um trisavô do tiranossauro Rex (T-rex), também era um predador, mas menor, sendo classificado como um dos membros mais primitivos da linhagem dos terópodes, à qual pertencem outras espécies conhecidas, como o Velociraptor.
A descoberta foi obra do paleontólogo brasileiro Rodrigo Temp Müller, da Universidade Federal de Santa Maria, cujo estudo foi publicado recentemente na revista Journal of South American Earth Sciences.
Rodrigo Müller identificou a nova espécie num fémur fossilizado que descobriu em 2017 numa propriedade rural no município de Agudo, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul.
“Tínhamos poucos fósseis desse tipo de dinossauro, a maioria bastante fragmentado. Este que descobri é apenas um osso, bastante danificado, mas tem características que só são vistas na linhagem de terópodes”, explicou Müller em declarações à agência de notícias espanhola Efe. “E, dentro dessa linhagem, pertence a um animal que não conhecíamos até agora. Embora seja apenas um osso, é possível ver traços que não tínhamos visto em outros dinossauros”, completou.
O nome científico do Erythrovenator jacuiensis significa “caçador vermelho do rio Jacuí”. Rodrigo Müller disse que lhe deu esse nome por causa da coloração avermelhada do fóssil e por causa do rio que corre próximo ao local onde o fóssil foi descoberto.
Uma análise para identificar o grau de parentesco revelou que o “caçador vermelho” seria um dos dinossauros da família dos terópodes “mais primitivos já descobertos”.
“O [tiranossauro] Rex chegava a 12 metros de comprimento e pesava cerca de dez toneladas. Esse dinossauro era muito pequeno, podia ter cerca de dois metros de comprimento e pesava não muito mais de dez quilos”, disse o investigador. “Isso é muito interessante porque mostra que essa linhagem de dinossauros famosos, como o Tyrannosaurus rex ou o Velociraptor, veio de um grupo de pequenos dinossauros”, acrescentou.
Porém, apesar de seu pequeno tamanho, a nova espécie foi provavelmente um predador extremamente ágil, pois o fémur fossilizado tinha estruturas de fixação musculares bastante desenvolvidas. A descoberta dessa nova espécie ajudará a entender a evolução do grupo ao longo de milhões de anos.
Roberto Müller concluiu dizendo que agora espera continuar com o trabalho de campo e as expedições para encontrar materiais mais completos e reconstituir o quebra-cabeça dos antepassados dos dinossauros.
https://www.publico.pt/2020/12/03/ciencia/noticia/descoberto-brasil-ancestrais-antigos-trex-1941661
domingo, 10 de janeiro de 2021
Descobertos em Moçambique achados dos primeiros vertebrados da idade dos dinossauros
Fósseis dos primeiros animais vertebrados, com cerca de 245 milhões de anos, da era dos dinossauros, foram descobertos em Moçambique, segundo um estudo publicado agora na revista científica sul-africana Palaeontologia Africana, podendo surgir achados de dinossauros.
O português Ricardo Araújo, o autor principal do artigo, anunciou à agência Lusa que a equipa de oito investigadores descreve a descoberta de “várias partes de crânios e esqueletos fragmentados de dicinodontes Lystrosaurus”.
Os achados descobertos na última expedição, ocorrida entre Setembro e Outubro de 2019, foram estudados e agora validados pela comunidade científica, com a publicação do artigo. Os fósseis datam de há cerca de 245 milhões de anos, do período do Triásico, em que começaram a surgir os primeiros dinossauros.
“Com esta descoberta, temos os primeiros vertebrados da história da vida na Terra em Moçambique” desde o início da era dos dinossauros, sublinhou Ricardo Araújo, paleontólogo do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Os achados, acrescentou o investigador, “vão abrir a janela para a descoberta de dinossauros em Moçambique”.
Para o paleontólogo, a descoberta coloca ainda “Moçambique no mapa do estudo sobre a extinção de 95% dos seres vivos existentes no planeta, ocorrida na transição do Pérmico para o Triásico”.
“Na altura em que os ancestrais dos mamíferos viveram estava tudo dizimado e nas rochas onde estes achados foram encontrados há sinais dessa extinção em massa”, explicou.
O artigo científico é ainda assinado pelos norte-americanos James Crowley (Universidade Estadual de Boise, nos EUA) e Kenneth Angielczyk (Museu de História Natural de Chicago, nos EUA), pelos ingleses Roger Smith (Universidade de Witwatersrand, na África do Sul) e Stephen Tolan (Centro de Educação de Vida Selvagem de Chipembele, na Zâmbia) e pelos moçambicanos Dino Milisse (Museu Nacional de Geologia de Moçambique) e João Mugabe (Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique).
Em África, os Lystrosaurus são sobretudo conhecidos na África do Sul.
https://www.publico.pt/2020/12/11/ciencia/noticia/descobertos-mocambique-achados-vertebrados-idade-dinossauros-1942695
domingo, 3 de janeiro de 2021
Icebergue gigante que se soltou da Antártida está agora a fragmentar-se
O icebergue gigante A-68a que anda à deriva no Atlântico Sul está a dividir-se em grandes fragmentos, disse em comunicado o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos. Na semana passada já se tinha fragmentado e dado origem ao A-68d, que tem cerca de 144 quilómetros quadrados. Agora, surgem dois novos pedaços: o A-68e com 655 quilómetros quadrados; e o A-68f com 225 quilómetros quadrados.
O icebergue A-68 separou-se da plataforma Larsen C, na Antárctida Ocidental em Julho de 2017, e viajou lentamente para oceano aberto. Na altura, tinha cerca de 5800 quilómetros quadrados, mas três anos depois já “só” tinha 3900 quilómetros quadrados e ameaçava colidir com a Geórgia do Sul, podendo colocar em perigo a sua vida selvagem.
Depois de se ter identificado a fragmentação deste icebergue na semana passada e o surgimento do A-68d, surgem agora novidades. Na terça-feira, dados do satélite Sentinela-1 do programa Copérnico da Comissão Europeia e da Agência Espacial Europeia mostravam que há mais dois fragmentos que se separaram do icebergue, o A-68e e o A-68f. Há uns tempos, já se tinham separado deste icebergue o A68b e o A68c. Agora, o A-68a (o que resta do icebergue original) terá ainda 2600 quilómetros quadrados, de acordo com os cálculos de Laura Gerrish, do British Antarctic Survey (BAS), que é responsável por assuntos do Reino Unido na Antárctida.
“Quase três anos e meio depois de se ter separado da plataforma Larsen C, o icebergue A68a – o quarto maior de que há registo – está finalmente a começar a desintegrar-se”, notou ao site da BBC Adrian Luckman, especialista em glaciologia da Universidade de Swansea, no Reino Unido.
E o que acontecerá a seguir? Embora já mais pequeno, o A-68a continua na rota de colisão da ilha da Geórgia do Sul e poderá ser um obstáculo para a sua vida selvagem. Uma das preocupações tem sido a grande população de pinguins na ilha. Se o icebergue se pode prender ao flanco da ilha e permanecer aí durante dez anos, poderá bloquear a passagem dos pinguins para a água e impedi-los de alimentar os seus filhos.
Em breve, voltaremos a ter mais informações sobre este icebergue ainda gigante. No próximo mês, uma missão científica liderada pelo BAS rumará à Geórgia do Sul para estudar esse bloco de gelo. Nesta missão, usar-se-ão veículos robóticos subaquáticos e instrumentos de amostragem para perceber como é que a massa do icebergue está a influenciar o ambiente envolvente.
https://www.publico.pt/2020/12/24/ciencia/noticia/icebergue-gigante-soltou-antarctida-fragmentarse-1944037