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terça-feira, 17 de julho de 2018

Cem mil árvores para nos plantar uma ideia na cabeça



Se mora na Área Metropolitana do Porto é possível que nalgum passeio por uma zona verde das redondezas se tenha deparado com um pilarete em madeira com a seguinte inscrição: “Estamos a criar uma floresta nativa com a ajuda de muitos cidadãos voluntários. Preserve-a”. O alerta resume o que têm sido os últimos cinco anos da bióloga Marta Pinto e da pequena equipa que mobilizou centenas de pessoas e organismos vários em torno de Futuro: o Projecto das 100 Mil Árvores, que tem andado a plantar uma ideia na cabeça de milhares de cidadãos.

É assim todos os Verões, na época dos fogos. Nas últimas semanas, muito se tem falado da importância das espécies nativas para o ordenamento florestal português e para a resistência da floresta contra os incêndios. Mas, há cinco anos, as instituições reunidas na rede informal do Centro Regional de Excelência - Educação para o Desenvolvimento Sustentável (CRE-Porto), fundado pela Católica, a Direcção Regional de Educação e a Área Metropolitana decidiram que era preciso acordar a população para a importância de árvores cujos nomes deixamos de conhecer ou nunca nos foram sequer ensinados.

Assim, os pilriteiros - um arbusto das rosáceas - as pereiras-bravas que vemos em alguns bosques primordiais do Gerês, os azereiros, que também por lá encontramos e que quase desapareceram da paisagem portuguesa, ganharam o seu espaço num projecto que inclui o carvalho-alvarinho (o mais plantado), o carvalho-negral, o medronheiro, ulmeiros, castanheiros, freixos, azevinhos, pinheiros-mansos, cerejeiras, loureiros, sabugueiros, tramazeiras, teixos, aveleiras, gilbardeiras, num total de 41 espécies.

Enquanto o país se atém a combater os fogos - e Marta Pinto, ainda não sabia, há dias, os efeitos destes numa área de intervenção do projecto em Arouca - o grupo coordenador aproveita o Verão para planear as próximas acções de plantio e monitorização e para avaliar o trabalho feito até aqui. E o último relatório sobre o projecto é bem claro quanto à dimensão que ele atingiu. Em cinco anos, houve mais de 11.300 inscrições online nas acções de voluntariado (sendo que mais gente participou, inscrevendo-se na hora), que implicaram a oferta, por parte destes cidadãos, de 36 700 horas de trabalho gratuito. “Gente muito diversa”, de profissões que nada têm a ver com a área, nota Marta Pinto, assinalando que a estes se juntaram os técnicos das autarquias, e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, entidades com as quais as iniciativas são articuladas, e que contribuiram - muitas vezes aos sábados - com 110 mil horas de trabalho profissional.

Esta capacidade de articulação entre gente dos municípios, das organizações não governamentais, dos baldios, e os voluntários têm sido um dos segredos para o sucesso da iniciativa. “Muitas vezes vemos surgir apelos voluntaristas, para reflorestar uma determinada área ardida, mas sem consequências práticas por falta de coordenação”, assinala Marta Pinto, que em 2013 foi premiada com o “Terre de Femmes” pela Fundação Yves Rocher por causa deste projecto que se alimenta de milhares de plantas produzidas no horto municipal do Porto.

O projecto não se cinge ao plantio das árvores. Organiza também acções de formação para técnicos e voluntários, tentando melhorar o seu conhecimento das espécies em causa, e a melhor forma de as gerir. E depois, é preciso monitorizar a evolução das áreas de intervenção. “As mudanças são sempre lentas, mas estamos a fazer alguma diferença”, admite Marta Silva. A iniciativa das cem mil árvores pretende de facto chegar a esse número - foram 81.369, em 37 espaços, num total de 190 hectares de 15 concelhos, até agora - mas tem outro objecto confessado: reaproximar populações urbanas e periurbanas do meio florestal envolvente, comprometê-las, através do conhecimento, com a evolução destes ecossistemas que não se cingem sequer ao arvoredo, mas a toda a vida que este proporciona e que pode ser geradora de riquezas que têm sido pouco exploradas.  

Apesar de ter sido pensado para cinco anos, o Futuro - O Projecto das 100 mil árvores vai prosseguir. Não apenas porque ainda há quase 19 mil árvores para chegar ao número mágico, mas porque a “magia”, assume Marta, está precisamente no envolvimento das populações, que não pode parar. Com o passar dos anos, o projecto foi-se alargando para outras dimensões, como as acções de  controlo de invasoras ou a organização de rotas de vista a núcleos florestais da região (onde não há só eucaliptos e pinheiros, apesar destes dominarem a paisagem), mas vai continuar a apostar na reflorestação. “Poderíamos fazer mais, mas somos poucos na coordenação do projecto”, diz Marta Pinto que, cinco anos depois, assume que ela própria, enquanto bióloga, aprendeu imenso sobre a floresta portuguesa.

Informação retirada daqui

domingo, 15 de julho de 2018

Os Cogumelos e os seus Venenos

De Norte a Sul de Portugal muitos são os apreciadores que se deslocam para colher silarcas, míscaros, tortulhos, boletos, laranjinhas e outros cogumelos silvestres comestíveis. Porém, a actividade de recolha de cogumelos silvestres, que tanto prazer proporciona a todos os apreciadores, pode acarretar sérios riscos, pois várias espécies consideradas tóxicas ou mortais produzem cogumelos bastante semelhantes aos comestíveis.

Entre as milhares de espécies de fungos produtoras de cogumelos, apenas algumas dezenas contêm quantidades significativas de micotoxinas. As intoxicações por ingestão de micotoxinas presentes nos cogumelos podem ser classificadas em dois grandes grupos, de acordo com seu tempo de latência, definido como o intervalo que se verifica desde a ingestão até o aparecimento dos primeiros sintomas de envenenamento. Num primeiro grupo incluem-se as intoxicações com períodos de latência curtos, em que o intervalo desde a ingestão até o aparecimento dos primeiros sintomas é inferior a 4 horas. Estas intoxicações são regra geral consideradas como “leves”, não existindo risco de vida por mais aparatosos que sejam os sintomas. No segundo grupo incluem-se as intoxicações com períodos de latência longos em que o intervalo desde a ingestão até o aparecimento dos primeiros sintomas é superior a 4 horas. Estas intoxicações são consideradas como “muito graves”, podendo decorrer vários dias até surgirem os primeiros sintomas. Geralmente, as toxinas envolvidas neste último grupo de intoxicações provocam a falência das células de órgãos vitais, podendo ocasionar a morte.

As micotoxinas não são as únicas responsáveis por casos de intoxicação por cogumelos. Outros incidentes resultam de reacções alérgicas (hipersensibilidade a determinadas substâncias), consumo excessivo (especialmente de cogumelos crus) ou intoxicações alimentares (ingestão de cogumelos podres). Nestes casos, náuseas, vómitos e diarreias são os sintomas mais frequentes. Registaram-se ainda alguns episódios de manifestações de desconforto após a ingestão de cogumelos sem que existisse uma base fisiológica para tal. Estas ocorrências devem-se ao facto das pessoas duvidarem do que estão a ingerir (efeito psicossomático).
Por último, nunca é demais reafirmar que não se deve comer um cogumelo, a menos que se esteja seguro que é comestível!

Confiar em crenças, mitos e outras sabedorias populares para identificar cogumelos venenosos é uma estratégia perigosa, pois muitas destas convicções não têm rigorosamente nenhuma base científica. De facto, as duas causas mais comuns de envenenamento por ingestão de cogumelos continuam a ser a negligência e a ignorância.

Descrevem-se em seguida alguns exemplos comuns de crenças e mitos nos quais NÃO devemos confiar:

“Todos os cogumelos brancos são comestíveis”
Assumir que todos os cogumelos brancos são comestíveis pode conduzir a intoxicações fatais. Nem todos os cogumelos venenosos possuem cores garridas. Amanita verna (Anjo da destruição) é apenas um exemplo gritante de um cogumelo branco e mortal.

“Os cogumelos venenosos enegrecem os objectos de prata, os comestíveis não”
Este mito tem sido disseminado ao longo de gerações sem ter qualquer base de verdade.
Até à data não são conhecidas toxinas que reajam com a prata. Contudo, algumas substâncias, como o enxofre, reagem com a prata enegrecendo-a e alguns cogumelos, comestíveis ou não, têm uma elevada concentração de enxofre.

“Todos os cogumelos, desde que cozinhados prolongadamente, podem ser comidos”
Esta afirmação está completamente errada, pois a maioria das toxinas não é destruída pela temperatura elevada.

“Os insectos e outros animais evitam os cogumelos venenosos”
Não é verdade! Um cogumelo pode ser tóxico para os seres humanos e não o ser para insectos e outros animais. Por exemplo, os coelhos e as lesmas consomem Amanita phalloides (Chapéu da morte) pois são imunes às suas toxinas.

“Os cogumelos venenosos têm sabores amargos, azedos ou desagradáveis”
O sabor desagradável não significa que o cogumelo é venenoso. Algumas Amanita venenosas possuem sabores agradáveis e até adocicados. Em oposição, Lactarius piperatus não é tóxico, mas possui um sabor extremamente picante e desagradável.

Casos notáveis de intoxicação por cogumelos
De acordo com algumas fontes, Siddhartha Gautama, mais conhecido por Buda, morreu envenenado acidentalmente devido à ingestão de cogumelos tóxicos no ano de 479 A.C..

Tiberius Claudius, imperador Romano, diz-se ter sido assassinado no ano de 54 D.C. por sua esposa Agripina que, segundo rezam as lendas, lhe terá preparado um prato mortal de Amanita phalloides (Chapéu da morte).

Existem alguns rumores de que também o Imperador Romano-Germânico Carlos VI (séc. XV), o Papa Clemente VII (séc. XVI) e a Czarina Natalia Naryshkina (séc. XVII) morreram após terem ingerido acidentalmente Amanita phalloides.

Ambos os pais do físico Daniel Gabriel Fahrenheit, criador da escala de temperatura Fahrenheit, morreram em 14 de Agosto de 1701 em Danzig (actual Gdansk, Polónia), após ingestão acidental de cogumelos venenosos.

De acordo com uma lenda popular, o compositor Johann Schobert (séc. XVIII) terá morrido em Paris por ingestão de cogumelos tóxicos, juntamente com sua esposa e um de seus filhos, depois de insistir que certos cogumelos venenosos eram comestíveis.

Mais recentemente, no século XX, um famoso micologista alemão, Julius Schaeffer, morreu depois de ingerir Paxillus involutus. O micologista identificou correctamente os cogumelos, que à data eram considerados comestíveis, mas que hoje se sabe poderem provocar reacções alérgicas muito graves.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Conteúdo - O que é a Sistemática?


A sistemática é a ciência dedicada a inventariar e descrever a biodiversidade e compreender as relações filogenéticas entre os organismos. Inclui a taxonomia (ciência da descoberta, descrição e classificação das [espécies] e grupo de espécies, com suas normas e princípios) e também a filogenia (relações evolutivas entre os organismos). Em geral, diz-se que compreende a classificação dos diversos organismos vivos. Em biologia, os sistematas são os cientistas que classificam as espécies em outros taxa a fim de definir o modo como eles se relacionam evolutivamente.

O objetivo da classificação dos seres vivos, chamada taxonomia, foi inicialmente o de organizar as plantas e animais conhecidos em categorias que pudessem ser referidas. Posteriormente a classificação passou a respeitar as relações evolutivas entre organismos, organização mais natural do que a baseada apenas em características externas. Para isso se utilizam também características ecológicas, fisiológicas, e todas as outras que estiverem disponíveis para os táxons em questão. É a esse conjunto de investigações a respeito dos táxons que se dá o nome de Sistemática. Nos últimos anos têm sido tentadas classificações baseadas na semelhança entre genomas, com grandes avanços em algumas áreas, especialmente quando se juntam a essas informações aquelas oriundas dos outros campos da Biologia.

A classificação dos seres vivos é parte da sistemática, ciência que estuda as relações entre organismos, e que inclui a coleta, preservação e estudo de espécimes, e a análise dos dados vindos de várias áreas de pesquisa biológica. Nomenclatura é a atribuição de nomes (nome científico) a organismos e às categorias nas quais são classificados.

O nome científico é aceito em todas as línguas, e cada nome aplica-se apenas a uma espécie.

Há duas organizações internacionais que determinam as regras de nomenclatura, uma para zoologia e outra para botânica. Segundo as regras, o primeiro nome publicado (a partir do trabalho de Lineu) é o correcto, a menos que a espécie seja reclassificada, por exemplo em outro género. A reclassificação tem ocorrido com certa freqüência desde o século XX. O Código Internacional de Nomenclatura Zoológica preconiza que neste caso mantém-se a referência a quem primeiro descreveu a espécie, com o ano da descrição, entre parênteses, e não inclui o nome de quem reclassificou. Esta norma internacional decorre, entre outras coisas, do fato de ser ainda nova a abordagem genética da taxonomia, sujeita a revisão devido a novas pesquisas científicas, ou simplesmente a definição de novos parâmetros para a delimitação de um táxon, que podem ser morfológicos, ecológicos, comportamentais etc.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Conteúdo - A História da Sistemática

O primeiro sistema de classificação foi o de Aristóteles no século IV a.C., que ordenou os animais pelo tipo de reprodução e por terem ou não sangue vermelho. O seu discípulo Teofrasto classificou as plantas por seu uso e forma de cultivo.

Nos séculos XVII e XVIII os botânicos e zoólogos começaram a delinear o actual sistema de categorias, ainda baseados em características anatômicas superficiais. No entanto, como a ancestralidade comum pode ser a causa de tais semelhanças, este sistema demonstrou aproximar-se da natureza, e continua sendo a base da classificação actual. Lineu fez o primeiro trabalho extenso de categorização, em 1758, criando a hierarquia actual.

A partir de Darwin a evolução passou a ser considerada como paradigma central da Biologia, e com isso evidências da paleontologia sobre formas ancestrais, e da embriologia sobre semelhanças nos primeiros estágios de vida. No século XX, a genética e a fisiologia tornaram-se importantes na classificação, como o uso recente da genética molecular na comparação de códigos genéticos. Programas de computador específicos são usados na análise matemática dos dados.

Assim como outras ciências que se ocupam de sistemas complexos e determinados por uma história concreta, a sistemática beneficiou com novas técnicas da estatística descritiva, e desde o fim do século XIX em especial a estatística multivariável, a meio do século XX.

Em fevereiro de 2005 Edward Osborne Wilson, professor aposentado da Universidade de Harvard, onde cunhou o termo biodiversidade e participou da fundação da sociobiologia, ao defender um "projeto genoma" da biodiversidade da Terra, propôs a criação de uma base de dados digital com fotos detalhadas de todas a espécies vivas e a finalização do projeto Árvore da vida. Em contraposição a uma sistemática baseada na biologia celular e molecular, Wilson vê a necessidade da sistemática descritiva para preservar a biodiversidade.

Do ponto de vista econômico, defendem Wilson, Peter Raven e Dan Brooks, a sistemática pode trazer conhecimentos úteis na biotecnologia, e na contenção de doenças emergentes. Mais da metade das espécies do planeta é parasita, e a maioria delas ainda é desconhecida.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Conteúdo - Sistemática - Reinos




Tradicionalmente os seres vivos eram divididos em dois reinos: Plantas e Animais. Como muitos seres simples não cabem nesta divisão, em 1866 Ernst Heinrich Haeckel propôs a categoria Protista, incluindo algas, fungos, protozoários e bactérias, No século XX a classificação mais aceite passou a ter cinco reinos: Protista (protozoários e algumas algas), Monera (bactérias procariontes, e cianobactérias ou algas azuis), Fungi, Plantae e Animalia.

Recentemente a análise genética levou a propor o grupo Archaea para as Archaebactérias, e mais dois grupos: as outras bactérias e os eucariontes (organismos que têm núcleo celular: fungos, plantas e animais).

No entanto, estudos recentes passaram a aceitar o sistema de seis reinos (Monera, Protista, Animalia, Fungi, Plantae e Chromista). O reino Chromista engloba alguns grupos de algas como as Phaeophyta, Chrysophyta e Bacillariophyta (Diatomáceas) que possuem cloroplasto com 4 membranas, localizado no lumem do retículo endoplasmático rugoso e originado de uma simbiose secundária.

Considerando-se os organismos fotossintetizantes envolvidos nesta nova divisão dos reinos, uma das principais características definidoras das linhagens evolutivas é justamente a origem do cloroplasto:

Cianobactérias: Sem cloroplasto, pigmento difuso no citoplasma
Plantas: Simbiose primária (Protista + cianobactéria), cloroplasto com duas membranas.
Protistas (Euglenas e Dinoflagelados): Simbiose secundária ou terciária (Protista + planta), cloroplasto com 3 membranas
Chromistas: Simbiose secundária (Protista + Planta), cloroplasto com 4 membranas.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Relatório - Problemas causados pelo consumo e degradação dos recursos naturais


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Resumo - Estratégia Nacional de Educação Ambiental


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Resumo - Desenvolvimento e Evolução do Panorama Ambiental


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Resumo - População Mundial


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Resumo - Como fazer uma pirâmide etária no Excel


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