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sábado, 22 de maio de 2021

Paleontologia vs Arqueologia

Os arqueólogos diferenciam-se dos paleontólogos porque não trabalham com restos de seres vivos - é uma ciência social. Um arqueólogo estuda as culturas e os modos de vida humana do passado a partir da análise de vestígios materiais. Um paleontólogo, entre outras coisas, é um biólogo ou geólogo, e estuda restos ou vestígios de diversas formas de vida (animal, vegetal, etc.) através da análise do que restou delas e da sua atividade biológica: pisadas, coprólitos, bioturbações, fósseis ósseos, etc.

A paleontologia estuda todos os organismos que viveram na Terra, incluindo a evolução primata-homem, mas não o ser humano como o conhecemos hoje, pois o estudo e seguimento da vida antropo-cultural restringe-se a disciplinas ligadas à Arqueologia, à Paleoantropologia, à Biologia e à Medicina. Normalmente, a Paleontologia estuda organismos mortos há mais de 11 000 anos; quando os vestígios ou restos possuem menos de 11 000 anos, podem ser denominados de subfósseis. De uma maneira muito simplificada, um paleontólogo estuda os restos ou vestígios de seres vivos desde o início da vida na Terra até hoje, incluindo os restos de hominídeos.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Gronelândia está mais escura e mais quente devido à falta de tempestades e neve fresca


Os cientistas dizem que a poluição não pode ser considerada responsável. O responsável é o reforço de um fenómeno climático chamado bloqueio atmosférico.

A Gronelândia está a ficar mais escura devido à falta de tempestades que trazem a neve fresca e, com menos branco, reflecte menos a luz solar, o que acelera o seu aquecimento, de acordo com um estudo publicado segunda-feira. A superfície da calota de gelo da Gronelândia aqueceu pelo menos 2,7°C desde 1982, causando um derretimento muito rápido do gelo, lê-se na introdução do estudo, publicado em Cartas de Investigação Geofísica.

Durante várias décadas, as observações de satélite mostraram que a proporção de luz reflectida pela neve (albedo) diminuiu. Mais escura, a Gronelândia está também a ficar mais quente. O motivo deste escurecimento permanece um mistério, tendo os investigadores equacionado se a causa será a presença de partículas absorventes de luz na neve (como fuligem da combustão de combustíveis fósseis) ou outra razão.

Em busca da resposta, investigadores da Universidade de Darmouth viajaram centenas de quilómetros na Gronelândia para realizar duas campanhas de amostragem e um inquérito, nos verões de 2016 e 2017. O tamanho dos flocos no chão, que reflectem a luz, e as impurezas na neve foram medidas em dezenas de locais.

Os cientistas concluíram que a poluição não pode ser considerada responsável: “Esta é uma das neves mais limpas do mundo”, afirmou Gabriel Lewis, um dos principais autores do estudo, citado numa declaração.

Segundo os investigadores, o responsável é o reforço de um fenómeno climático, chamado bloqueio atmosférico, que pode estagnar até várias semanas acima de certas regiões da Gronelândia e que reduziu o número de tempestades de neve, que são essenciais.

“Quando (a neve) cai e permanece à superfície, ao sol, muda de forma e os flocos crescem”, explicou Gabriel Lewis. “Em poucas horas, e depois em poucos dias, obtém-se esta queda na reflectividade e é por isso que a neve fresca é tão importante”, acrescentou Erich Osterberg, professor associado em Dartmouth e investigador principal do estudo.

O mesmo fenómeno climático também provoca a permanência de ar mais quente sobre estas regiões, bem como uma redução da cobertura de nuvens. Com menos radiação solar filtrada, a transformação dos flocos de neve no solo é ainda mais acelerada. “É como um triplo golpe”, avançou Erich Osterberg, afirmando: “Tudo isto contribui para que a Gronelândia derreta cada vez mais depressa”.

https://www.publico.pt/2021/05/18/ciencia/noticia/gronelandia-escura-quente-devido-falta-tempestades-neve-fresca-1962987

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Descobertos restos de nove neandertais numa gruta em Itália

Governo fala em achado extraordinário. As descobertas este sábado anunciadas vão ajudar a “compreender melhor a história do povoamento da Itália”.

A Gruta de Guattari, na cidade de San Felice de Circeo, região de Lazio, foi descoberta por acaso, em Fevereiro de 1939. 

Os restos de nove neandertais foram descobertos na Gruta de Guattari, em San Felice Circeo, na costa entre Roma e Nápoles, onde já tinham sido encontrados vestígios da presença neandertal, anunciou este sábado o ministro italiano da Cultura.

“Se tivermos em conta os dois outros indivíduos que já tinham sido descobertos no mesmo sítio, temos um total de 11 indivíduos, confirmando que este é um dos sítios mais importantes do mundo para a história do neandertal”, afirmou o ministro Dario Franceschini, citado pela agência francesa AFP.

Para o governante, esta é “uma descoberta extraordinária, que dará a volta ao mundo”.

Oito dos vestígios encontrados terão entre 50.000 e 68.000 anos e o mais antigo estará entre os 90.000 e os 100.000 anos, avança o Governo italiano.

Francesco Di Mario, responsável pelas escavações, acredita que aqueles indivíduos são representativos de uma população de neandartais que devia ser muito importante naquela região.

“O neandertal marca uma etapa fundamental na evolução da humanidade, representando o pico de uma espécie e a primeira sociedade humana a falar devidamente”, frisou o director do serviço regional de Antropologia, Marion Rubini.

As escavações começaram em Outubro de 2019 e as descobertas este sábado anunciadas vão ajudar a “compreender melhor a história do povoamento da Itália”, acrescentou.

Em escavações recentes, foram encontrados naquele local milhares de ossos de animais, incluindo ossos de elefantes, rinocerontes, veados gigantes, cavalos selvagens e ursos, refere a AFP.

A Gruta de Guattari, na cidade de San Felice de Circeo, região de Lazio, foi descoberta por acaso, em Fevereiro de 1939.

Pouco depois, o antropólogo Albert Carlo Blanc descobriu naquele local um crânio de Neandertal em perfeito estado de conservação.

https://www.publico.pt/2021/05/08/ciencia/noticia/descobertos-restos-nove-neandertais-gruta-italia-1961752


domingo, 2 de maio de 2021

Divisões da Paleontologia

A paleontologia divide-se, conceitualmente, em diversas áreas, como por exemplo a paleobiologia, uma área que estuda os conceitos evolutivos e ecológicos e foca-se menos na identificação de fósseis. É no seio da Paleobiologia que se insere a paleozoologia, o estudo dos fósseis de animais, e a paleobotânica, o estudo dos fósseis de plantas. Basicamente, qualquer disciplina biológica aplicada aos organismos do passado geológico, por via do estudo dos fósseis, constitui uma subdisciplina paleobiológica: paleoecologia (que estuda os ecossistemas do passado), paleobiogeografia, paleoanatomia, paleoneurologia, paleomastozoologia, etc.

Outras disciplinas paleobiológicas transversais, que não estão limitadas a um dado grupo taxonómico, são, por exemplo:

Micropaleontologia — que estuda os fósseis de organismos ou parte deles que necessitam de microscópio para serem visualizados;

Paleoicnologia — que estuda os vestígios fósseis, por exemplo, pegadas;

Tafonomia — que ainda se divide em Bioestrationomia, Diagênese e Tectônica, estuda a integração da informação biológica no registo geológico, ou seja, a formação dos fósseis e das jazidas fossilíferas e do registo paleontológico;

Biocronologia — que estuda o desenvolvimento temporal (a cronologia) dos eventos paleobiológicos, bem como as relações temporais entre entidades paleobiológicas (os organismos do passado) e/ou tafonómicas (os fósseis);

Sistemática — que estuda a classificação de espécies fósseis.

Ainda se faz uma subdivisão da paleobotânica e da micropaleontologia constituindo a paleopalinologia, que se dedica ao estudo de pólen e esporos, importantes para a datação.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Importância da Paleontologia

A informação sobre a vida do passado geológico está contida nos fósseis e na sua relação com as rochas e os contextos geológicos em que ocorrem. O mundo biológico que hoje conhecemos é o resultado de milhares de milhões de anos de evolução. Assim, só estudando paleontologicamente o registo fóssil — o registo da vida na Terra — é possível entender e explicar a diversidade, a afinidade e a distribuição geográfica dos grupos biológicos actuais. Este tipo de estudo tornou-se viável através dos trabalhos de Georges Cuvier, que, mediante a aplicação das suas leis da anatomia comparada, comprovou o fenómeno da extinção e da sucessão biótica. Estas leis permitiram as reconstruções paleontológicas dos organismos que frequentemente eram encontrados no registo fossilífero somente de forma fragmentada, ou mesmo, apenas algumas partes fossilizadas. Desta maneira, os resultados dos trabalhos de Georges Cuvier possibilitaram, posteriormente, a elaboração de sequências evolutivas, que foram fundamentais para a defesa do evolucionismo.

Com base no princípio de que "o presente é a chave do passado", enunciado por Charles Lyell, partindo do conhecimento dos seres vivos atuais e ainda do seu estudo biológico, é possível extrapolar-se muita informação sobre os organismos do passado, como o modo de vida, tipo trófico, de locomoção e de reprodução, entre outros, e isso é fundamental para o estudo e a compreensão dos fósseis.

A partir dos fósseis, uma vez que são vestígios de organismos de grupos biológicos do passado que surgiram e se extinguiram em épocas definidas da história da Terra, pode fazer-se a datação relativa das rochas em que ocorrem e estabelecer correlações (isto é, comparações cronológicas, temporais) entre rochas de locais distantes que apresentem o mesmo conteúdo fossilífero. O estudo dos fósseis e a sua utilização como indicadores de idade das rochas são imprescindíveis, por exemplo, para a prospecção e exploração de recursos geológicos tão importantes como o carvão e o petróleo.