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sábado, 11 de julho de 2020

Parque Nacional da Peneda-Gerês com novas melhorias e reforço de meios humanos


Esta sexta-feira, 10 de julho, vai realizar-se a “Sessão de apresentação dos novos investimentos e reforço de meios humanos no Parque Nacional Peneda-Gerês”, que conta com a presença do Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, e do Secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território, João Paulo Catarino.

No evento será assinado o memorando de entendimento entre os cinco municípios integrantes deste território – Arcos de Valdevez, Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro, com vista à adesão ao modelo de cogestão do parque nacional.

Serão também assinados protocolos referentes ao “Projeto de Melhoria das condições de visitação nos cinco municípios do Parque Nacional da Peneda-Gerês”, entre as cinco autarquias, o Fundo Ambiental, e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Na mesma ocasião, ocorre a formalização da contratação dos 50 elementos do Corpo Nacional de Agentes Florestais, para proteção desta área.

O Parque tem em vista onze projetos de Plano-Piloto, que contam com um investimento de 8,4 milhões de euros. No âmbito do Projeto 4, Ordenamento e Sustentabilidade da Zona de Proteção Total da Mata de Albergaria, vai ser inaugurada a intervenção da Beneficiação do Caminho Florestal entre Leonte e a Portela do Homem, apoiada pelo Fundo Ambiental, com o valor de 533 mil euros.

https://greensavers.sapo.pt/parque-nacional-da-peneda-geres-com-mais-melhorias-e-reforco-de-meios-humanos/

Serra da Estrela confirmada como Geopark Mundial da UNESCO


A candidatura da Serra da Estrela a Geopark Mundial da UNESCO foi entregue em novembro de 2017, foi aprovada pelo Conselho Mundial de Geoparks em setembro de 2019 e hoje foi ratificada por aquele organismo numa reunião do Conselho Executivo.

A UNESCO refere numa nota publicada na sua página na internet que aprovou a designação de 15 novos Geoparques Globais na Europa, Ásia e América Latina, o que eleva a Rede Global de Geoparques “para 161 em 44 países”.

Para além do Geopark Estrela, a UNESCO também designou os Geoparks Cliffs of Fundi e Discovery (Canadá), Xiangxi e Zhangye (China), Lauhanvuori-Hämeenkangas (Finlândia), Toba Caldera (Indonésia), Rio Coco (Nicarágua), Hantangang (República da Coreia), Yangan-Tau (Rússia), Djerdap (Sérvia), Granada e Maestrazgo (Espanha), The Black Country (Reino Unido), Dak Nong (Vietname) e Kula-Salihli (Turquia).

Em Portugal, o Geopark Estrela vem juntar-se ao Açores UNESCO Global Geopark, ao Arouca UNESCO Global Geopark, ao Naturtejo da Meseta Meridional UNESCO Global Geopark e ao Terras de Cavaleiros UNESCO Global Geopark.

O coordenador executivo da Associação Geopark Estrela, Emanuel de Castro, referiu à agência Lusa que a oficialização da classificação da Serra da Estrela como Geopark Mundial “é o culminar de um longo processo de valorização, conservação e promoção do património da Estrela e dos nove municípios que integram este novo Geopark Mundial da UNESCO, reconhecendo o valor intrínseco da sua geologia e da estratégia de desenvolvimento territorial implementada pela Associação Geopark Estrela”.

“A classificação agora formalizada, cuja candidatura já havia sido aprovada pelo Conselho Mundial de Geopark em setembro de 2019, constitui um marco histórico para o território da Serra da Estrela. Este é o reconhecimento internacional que esta Montanha tanto merecia e que coloca a Estrela num patamar de relevância global”, sublinha.

Segundo o responsável, “mais do que os 124 locais de interesse geológico inventariado e aprovados pela UNESCO, esta é uma classificação que distingue a identidade, a unicidade e o caráter único deste território, fomentando uma verdadeira estratégia de desenvolvimento, assente nos valores geológicos, geomorfológicos e paisagísticos desta que é a montanha mais elevada de Portugal Continental”.

“Mas este é também o reconhecimento de um trabalho que tem sido desenvolvido nas áreas da ciência, da educação, da geoconservação, do turismo, da sustentabilidade e da comunicação, em prol do território e das suas comunidades, afirmando a Estrela com um espaço de sustentabilidade e de resiliência. Esta classificação vem, por isso, dar maior valor acrescentado a todo este trabalho e uma enorme responsabilidade para todos”, refere.

A oficialização do Geopark constitui também “uma das maiores estratégias deste século para a Serra da Estrela e para os mais de 150 mil habitantes” do território.

“Nos próximos quatro anos muito há para fazer, no reforço do conhecimento científico, na promoção da educação, na valorização turística, na geoconservação e na sua sustentabilidade e na forma como este território passa a ser comunicado e se posiciona no plano nacional e internacional”, sublinha.

Emanuel de Castro refere, ainda, que, a partir de hoje, municípios, instituições de ensino, centros de investigação, empresas e cidadãos “têm uma ferramenta de desenvolvimento e de reforço do seu sentido de pertença”.

https://greensavers.sapo.pt/serra-da-estrela-confirmada-como-geopark-mundial-da-unesco/

Brasil apresenta fóssil de dinossauro desconhecido


Um fóssil de cerca de 115 milhões de anos encontrado no Nordeste do Brasil e pertencente a uma espécie de dinossauro até então desconhecida foi apresentado esta sexta-feira por cientistas do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

É o Aratasaurus museunacionali, uma nova espécie de terópodes de tamanho médio, que com 3,12 metros de altura, que podia pesar até 34,25 quilos, mas que, sendo jovem, pode crescer ainda mais até atingir a idade adulta.

O fóssil foi encontrado em 2008 em uma região geológica do Nordeste do Ceará, e os resultados de investigações realizadas por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco, do Museu Nacional do Rio de Janeiro e Universidade Regional do Cariri, que foram publicados agora.

A investigação apontou que o novo fóssil ajudará a entender a história evolutiva dos terópodes, que compõem o grupo de dinossauros carnívoros cujos representantes actuais são aves.

A descoberta do Aratasaurus museunacionali – em homenagem ao Museu Nacional, a mais antiga instituição científica do Brasil – é um sinal de que outros tipos de dinossauros carnívoros habitavam a região do país há milhões de anos.

Segundo Juliana Sayão, paleontóloga da Universidade Federal de Pernambuco e uma das cientistas que participaram da investigação, como o fóssil é único, contém todas as informações sobre essa espécie.

“No Theropoda, descobrimos que o Aratasaurus faz parte de um grupo chamado Coelurosauria, que inclui tanto o dinossauro brasileiro encontrado na mesma região chamado Santanaraptor, quanto o famoso tiranossauro, velociraptores e até as aves de hoje”, explicou a paleontóloga brasileira, citada em comunicado.

Após ter sido descoberto numa mina de gesso em 2008, o fóssil de Aratasaurus foi transferido para o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, no Ceará, e depois enviado ao Centro Académico de Vitória, da Universidade Federal de Pernambuco, para ser preparado e estudado.

Esse processo foi lento porque a preparação envolveu a remoção da rocha que circundava o fóssil, que estava em condições frágeis, o que tornou o trabalho complexo.

Entre 2008 e 2016, foram realizadas análises microscópicas dos seus tecidos usando pequenas amostras dos ossos, bem como um scanner, com ao qual foi obtida uma quantidade maior de informações que permitiu uma reconstrução da aparência de como era o animal em vida.

Em 2016, o fóssil foi levado ao Museu Nacional do Rio de Janeiro e, apesar do trágico incêndio de 2018 que destruiu parte da instituição, a área onde o fóssil estava guardado não foi afectada pelas chamas.

https://www.publico.pt/2020/07/10/ciencia/noticia/brasil-apresenta-fossil-dinossauro-desconhecido-1924028

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Lagarto é visto de novo após 130 anos


O réptil chamou a atenção do cientista italiano Elio Modigliani, devido à protuberância que tinha na narina. E foi por causa dela que ficou conhecido como “lagarto com chifre no nariz”. Porém, após esse registo, feito há 130 anos, o animal nunca mais foi visto.

Recentemente, um artigo publicado na revista científica “The Journal of Asian Biodiversity” veio revelar que a espécie “Harpesaurus modiglianii”, o nome científico do lagarto, afinal ainda não está extinta. Tudo se deve ao biólogo indonésio Chairunas Adha Putra, que o avistou enquanto estava numa expedição de aves, em Sumatra, há dois anos.

O especialista encontrou um animal já morto, mas com a ajuda do colega Thasun Amarasinghe, também biólogo, chegou à conclusão que o lagarto era da mesma espécie descrita por Elio Modigliani. A descoberta mostrou assim que a espécie ainda está viva, mas ameaçada, uma vez que a zona onde vive tem sofrido com o desmatamento.

https://www.noticiasmagazine.pt/2020/lagarto-e-visto-de-novo-apos-130-anos/historias/250448/

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Efeitos do vulcanismo no clima, história e vida na Terra


Da colossal quantidade de energia armazenada no interior do planeta, ocasionalmente, por ação do vulcanismo ou da subducção refletida pelos sismos, parte dessa energia escapa. O efeito desta dinâmica traduz-se numa contínua mutação das esferas do sistema terrestre. Contamos-lhe mais aqui!

Vulcanismo personifica os processos através dos quais lava, gases e piroclastos chegam à superfície, provenientes do interior do planeta.
Os vulcões potenciaram a origem da vida, expeliram para a superfície do planeta, calor, água e um poderoso cocktail de compostos orgânicos como sulfeto de hidrogénio e arsénico, constituintes da vida. A ciência alvitra que os organismos primitivos, as bactérias estremófilas, alimentaram esta mistura nos lagos vulcânicos por cerca de 2 biliões de anos. De facto, os vulcões não só berçaram as primeiras possíveis formas de vida, como também numa longínqua altura em que o Sol aquecia muito menos o planeta do que atualmente, asseguraram a temperatura através de uma constante emissão de CO₂ que ajudou à criação de uma proto-atmosfera.

Entre 750 e 580 milhões de anos atrás, quase toda a face do planeta esteve coberta por gelo, naquilo a que os cientistas chamam de “Terra Bola de Neve”. Todavia, decorrente de um intenso e moroso cataclismo vulcânico, calotes geladas foram perfuradas pela força de expulsão de CO₂ e CH₄, num mecanismo de efeito de estufa que foi derretendo o gelo e redesenhando a cromacia do planeta. Foi um conturbado período que se estendeu por séculos com violentas tempestades, flutuações de temperaturas extremadas de -50 ºC a 50 ºC, alavancando um passo colossal na diversidade bioquímica, onde um resistente exército de microorganismos conseguiu sobreviver.

Seguiu-se, na inumana cronologia do tempo, ritmado por constantes nuances climáticas, um epopeico reinado evolutivo desses organismos unicelulares, até às complexas formas e tamanhos dos organismos multicelulares, que alicerçam toda a fauna e flora que constitui a vida na Terra.

Mudanças no sistema climático não se manifestam de forma repentina
Uma articulada combinação entre vulcanismo e seres vivos, particularmente o plâncton - microorganismos aquáticos que captam CO₂ e produzem O₂ (fitoplâncton), personificaram um mecanismo determinante no ajuste do equilíbrio atmosférico.

A evolução da história do planeta funde-se com a da humanidade, sendo o vulcanismo, um dos indomáveis perigos naturais que maior impacte socioeconómico pode causar. É um evento natural de escassa predictibilidade, que tem a sua perigosidade exponenciada com o tipo de manifestação, podendo ocorrer de modo efusivo com a emissão de escoadas lávicas, ou de modo explosivo com a projeção de gases e materiais piroclásticos a uma vertiginosa velocidade.

Na composição da crosta, os elementos mais abundantes são silício (Si) e alumínio (Al), no manto silício (Si) e magnésio (Ma), e no núcleo, níquel (Ni) e ferro (Fe).
No início da Idade Média, para além da cíclica instabilidade climática, no ano 535 d.C. começava um dos piores períodos para estar vivo. Um evento catastrófico com o vulcão Ilopango (El Salvador), protagonizou um instante geológico cuja magnitude explosiva fez flutuar em altitude 25 km de gases sulfúricos e partículas de cinza, bloqueando a luz do sol por inúmeros meses, naquilo que foi identificado como o inverno vulcânico, com muito frio (temperaturas desceram 1,5 a 2,5⁰C) e precipitação ácida, com consequências devastadoras na civilização.

Em 1257, o vulcão Samalas em Lombok (Indonésia), contribuiu para o início da Pequena Idade do Gelo, tendo sido uma erupção tão poderosa que a massa de partículas vulcânicas expelidas circulou na atmosfera desequilibrando o clima global. Em 1452, eclodiu o vulcão Kuwae, em Vanuatu (Pacífico), reconfigurando a ilha numa gigantesca cratera num acontecimento que ejetou para a atmosfera 35 kmᵌ de material vulcânico, formando uma enorme nuvem de poeira que filtrou a radiação solar, diminuindo as temperaturas durante cerca de dois anos.

Entre junho de 1783 e fevereiro de 1784, a fissura vulcânica de Laki (Islândia) esteve violentamente ativa e para além dos fluxos de lava, nuvens de compostos venosos foram expelidas, contaminando o solo, destruindo vastidões de plantações com inerente escassez de alimentos, dizimando mais de 50% da fauna e provocando a morte a mais de ¼ da população da ilha.

Em 1815, a erupção explosiva do Monte Tambora (Indonésia), ouvida a mais de 2 mil km de distância, libertou 180 kmᵌ de matéria a uma altura de 44 km, escurecendo o céu num raio de 500 km durante três dias, causando a morte a cerca de 100 mil pessoas e fazendo do ano de 1816, “o ano sem verão”.

Estima-se que todas estas erupções tenham libertado cinzas, SO₃ (trióxido de enxofre) e CO₂ (dióxido de carbono) em proporção tal, que tem vindo a afetar determinantemente o clima do planeta por cerca de 500 anos. Analogamente, na cronologia histórica, notáveis eventos marcaram similarmente a existência humana. A queda do Império Romano (séc.V) foi também ela imbuída pelas consequências de eventos naturais, pela fácil disseminação de bactérias que fizeram sucumbir milhares às pestes e fome que assolaram a civilização à época.

Desregulando significativamente os padrões de circulação atmosférica, o vulcanismo inferiu inclusive na derrota de Napoleão, na Batalha de Waterloo, pelo “curto-circuito” que causou na ionosfera, com impulso anormal na formação de nuvens, e por inerência num aumento no volume e intensidade de precipitação fora de época.

Os vulcões são dos fenómenos naturais mais fatais, de beleza assombrosa, mas de severo impacte no clima, com consequências que se traduzem em devastação. Contudo, apesar da sua incrível capacidade de destruição, representam uma espécie de fénix, uma vez que depois de arrefecerem, as cinzas e lava atuam como adubo, tornando os solos extremamente férteis.

https://www.tempo.pt/noticias/ciencia/efeitos-do-vulcanismo-no-clima-historia-e-vida-na-terra.html