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terça-feira, 31 de julho de 2018

Powerpoint - Sistemática dos Seres Vivos

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Caracol gigante é uma ameaça em Miami



As autoridades na região de Miami, no Sul da Florida, estão preocupadas com a infestação do caracol-gigante-africano que, nas próximas semanas, se vai tornar mais activo à medida que começa a estação das chuvas. O gastrópode, que pode alcançar o tamanho de uma ratazana e que devora todas as plantas que lhe aparecem à frente, chegou ao Estado norte-americano em Setembro de 2011.

Desde essa altura já foram apanhados 117.000 indivíduos. Por semana apanham-se mais de 1000 destes gastrópodes. “Eles são enormes, andam por aí, parecem que estão a olhar para as pessoas e a comunicar com elas, e as pessoas gostam disso”, explica Denise Feiber, porta-voz do Departamento para a Agricultura e para os Serviços dos Consumidores. “Mas as pessoas não se apercebem da devastação que esta criatura pode causar e libertam-nas num ambiente onde não têm inimigos naturais e prosperam”, diz, citada pela Reuters.

O caracol-gigante-africano, Achatina fulica, é original do Leste de África. Atinge os 18 centímetros de comprimento. Esta espécie é hermafrodita e cada indivíduo põe, em média, 1200 ovos por ano. A espécie já foi introduzida em locais tão diversos como a China ou o Brasil.

Nas próximas semanas os avistamentos destes caracóis vão tornar-se mais frequentes, à medida que os indivíduos vão saindo da terra onde estiveram em hibernação.

Esta não é a primeira vez que a Florida assiste a uma infestação da espécie. Em 1966, um rapaz trouxe de Miami três caracóis que, provavelmente, vieram no bolso do seu casaco. A avó do rapaz libertou os caracóis no seu jardim. Durante sete anos, a população cresceu, alcançando um efectivo de 17.000 caracóis. O Estado teve de gastar um milhão de dólares e demorou dez anos a erradicar a espécie.

O caracol também chegou a algumas ilhas da Caraíbas. Na ilha de Barbados, que está completamente infestada pelo gastrópode, a situação é tão grave que nas vias rápidas a carapaça do caracol fura pneus de carros que passam por cima. Por outro lado, o pavimento e as paredes estão preenchidos por baba e excremento do caracol. “Torna-se uma porcaria pegajosa”, descreve Denise Feiber.

As criaturas acabam por infestar as casas para se alimentarem de estuque e gesso e conseguirem assim obter o cálcio necessário para a carapaça. O caracol também é um hospedeiro de um verme que pode causar meningite nas pessoas, embora a doença ainda não tenha sido detectada nos Estados Unidos.

Não há certezas como é que a espécie chegou de novo à Florida. Uma pista que está a ser investigada é o grupo religioso Miami Santeria, com raízes na África Ocidental e nas Caraíbas. Em 2010 descobriu-se que estavam a utilizar estes caracóis para fazerem rituais. Mas a espécie pode ter chegado numa carga ou, inadvertidamente, na bagagem de um turista.

“Se alguém estiver na Jamaica ou na República Dominicana e tiver uma sanduíche de fiambre ou uma laranja, e não a comer totalmente, se a trouxer para os Estados Unidos e deitar o resto para o lixo em algum momento vai emergir alguma coisa destes produtos”, exemplifica Feiber.

Na semana passada, em Gainesville, na Florida, houve um simpósio sobre o caracol-gigante-africano. Os especialistas estiveram a discutir as formas mais eficazes para erradicar o molusco.

Esta não é a primeira vez que as autoridades da Florida se vêem obrigadas a lidar com uma espécie exótica e infestante. Desde 2000, que têm um grave problema com uma espécie de pitão que passou a habitar a região de Everglades, no Sul do estado.

http://www.publico.pt

domingo, 29 de julho de 2018

Powerpoint sobre os Diferentes Sistemas de Classificação

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No cimo da serra da Estrela já não se ouve o coaxar do sapo-parteiro



O alerta foi dado em 2009. Ibone Anza passeava-se na serra da Estrela e, numa das zonas do planalto superior, a investigadora do Instituto de Investigação de Recursos Cinegéticos, na Cidade Real, em Espanha, encontrou sapos-parteiros mortos junto a uma lagoa. Quando se analisaram os cadáveres, descobriu-se que estavam infectados com um fungo que causa uma doença - a quitridiomicose - que é responsável pelo declínio de muitas espécies de anfíbios.

Nos dois anos seguintes, Gonçalo M. Rosa andou a contar sapos-parteiros na serra da Estrela, num projecto para avaliar o impacto da infecção. Os resultados mostraram um cenário negro: houve uma diminuição de 67% de sapos-parteiros acima dos 1200 metros de altitude, conclui o estudo agora publicado na revista Animal Conservation por uma equipa internacional. É a primeira vez que se documenta em Portugal o declínio de uma espécie de anfíbio devido a esta doença.

Em poucos anos, o sapo-parteiro deixou de se ouvir durante a época de acasalamento, quando os machos faziam as suas vocalizações. Nem sequer se encontram sinais da praga. "Não tenho visto grande mortalidade porque simplesmente já não há indivíduos. Está-se ali com o camaroeiro, à procura de girinos, e não se encontra nada", diz Gonçalo M. Rosa, doutorando do Instituto Durrell da Conservação e Ecologia na Universidade de Kent, no Reino Unido, e no Centro de Biologia Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). "O sapo-parteiro pode desaparecer desta região."

O Alytes obstetricans, o nome científico do sapo-parteiro-comum, existe na Região Centro e Norte de Portugal. Passa a sua vida adulta longe da água, escondido nas rochas. Na serra da Estrela, a espécie reproduz-se a partir da Primavera. Depois, os machos transportam os ovos - daí o nome de sapo-parteiro -, e só quando os girinos estão prestes a sair dos ovos é que os machos os libertam para a água. Quando, finalmente, se completa a metamorfose, os animais saltam para terra.

"A Ibone viu os indivíduos mortos depois de terem terminado a metamorfose", diz o investigador de 29 anos. Foi na água que apanharam a infecção. Ainda ninguém sabe a 100% de onde emergiu o fungo Batrachochytrium dendrobatidis. Pensa-se que a doença provém de África e terá sido transportada para o resto do mundo com grande ajuda do homem.

Até ao início da década de 1990, não havia registos de mortes. Mas subitamente começaram a aparecer relatos do fungo em todos os continentes. O primeiro foi na Austrália, em 1993. Hoje, já infectou mais de 508 espécies, ameaçando de extinção 30% dos anfíbios e acelerando o declínio geral deste grupo de vertebrados que, antes, já tinha de lidar com a redução drástica do habitat e a poluição. Mas não se sabe há quanto tempo é que o fungo já estava na natureza.

Na Península Ibérica, foi identificado pela primeira vez o fungo no sapo-parteiro-comum na serra de Guadamarra, em Espanha, em 1997, por Jaime Bosch, do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, um dos autores do novo estudo.

"A quitridiomicose está associada aos insectos e esta é a primeira espécie descrita a infectar vertebrados", explica Gonçalo M. Rosa. O estádio adulto deste fungo lança células microscópicas com flagelo, que nadam na água e se agarram a superfícies vivas com queratina. A queratina é uma proteína que está na pele dos mamíferos e na dos anfíbios. Os girinos do sapo-parteiro só têm queratina na boca, e é lá que o fungo se instala. Depois da metamorfose, cresce para a pele.

"A pele do sapo-parteiro fica com uma vermelhidão na zona ventral - barriga e pernas. Os animais começam a largar pele com muita frequência e em grande quantidade, o que não é saudável", explica o biólogo. "O fungo começa a causar buracos na epiderme e provoca uma perturbação da função da pele." No caso dos anfíbios, há uma boa parte da respiração que é cutânea e fica comprometida com a doença. O animal fica prostrado e morre.

Durante a década de 1990 Pedro Moreira (FCUL) e José Conde (Centro de Interpretação da Serra da Estrela) - outros autores do estudo actual - analisaram a abundância do sapo-parteiro na serra da Estrela. No caso dos girinos, contabilizaram-nos e, nos indivíduos já metamorfoseados, avaliaram a sua presença.

Em 2010 e 2011, a equipa voltou aos mesmos locais: riachos, tanques, lagoas e represas acima dos 600 metros de altitude. O objectivo era ter uma comparação da evolução da espécie. Depois, avaliou-se a presença do fungo em sapos-parteiros vivos, mortos e em girinos.

Pensa-se que o fungo está mais activo durante mais tempo em temperaturas baixas e o resultado da monitorização revelou-se desastroso para os habitats acima dos 1200 metros. A equipa concluiu que o sapo-parteiro "desapareceu de 67% dos pontos onde foi encontrado no passado, a reprodução está limitada a 16% dos locais e as larvas são menos abundantes e estão muito infectadas pelo" fungo. A altitudes mais baixas, o fungo está presente, mas não existe esta mortalidade.

Gonçalo M. Rosa vai voltar à serra em Maio. A seca prolongada de 2012 confundiu a altura de reprodução dos anfíbios e o biólogo não sabe o que o espera no campo. Ao mesmo tempo, tornou-se num detective. Está à caça de espécimes de anfíbios da serra da Estrela que museus portugueses e internacionais possam ter recolhido no passado para tentar saber mais sobre o agente da quitridiomicose. Não se sabe "se o fungo chegou recentemente ou já lá estava há dezenas ou centenas de anos".

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