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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Notícia - Pólen desvenda crimes

Os microscópicos grãos de pólen das plantas poderão vir a derrubar a ideia de que há crimes perfeitos, ao dar pistas seguras para deslindar casos que desafiam os limites da investigação criminal.


A metodologia utilizada por meia dezena de investigadores forenses no Mundo, entre os quais Mafalda Faria, que desenvolve o seu trabalho na Universidade de Coimbra e no Instituto Nacional de Medicina Legal, não é mais do que a análise do pólen e de esporos de plantas que ficam agarrados ao corpo de pessoas e de objectos. O contributo de estudos de Mafalda Faria foi solicitado pela PJ para ajudar a reconstituir crimes como os do jovem universitário que assassinou a ex-namorada em Coimbra. "Para certas situações, a Palinologia é a única que pode resolver. Se, por exemplo, se encontra a arma do crime sem impressões digitais, poderá ter pólen, não daquele local, mas da sua proveniência", explica a investigadora. C.M.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Notícia - Ratinhos obesos respondem à hormona da saciedade

Quando, há pouco mais de 13 anos, foi descoberta no ratinho a leptina – uma hormona produzida pelos tecidos adiposos que diz ao cérebro para “desligar” o apetite quando já comemos o suficiente –, pensou-se que vinha aí o medicamento-milagre contra a obesidade. Só que o cérebro das pessoas obesas (e dos ratinhos) se revelou insensível à leptina: por alguma razão, os seus neurónios não “ouvem” o sinal de saciedade. Procuraram-se então substâncias que devolvessem aos neurónios a sua sensibilidade à hormona. Mas em vão. Até agora.

Umut Ozcan e colegas, de Harvard, que amanhã publicam um artigo na Cell Metabolism, desvendaram a provável razão da resistência à leptina associada à obesidade e a seguir conseguiram restaurar a resposta à leptina no cérebro de ratinhos obesos.

Acontece que, nas células do hipotálamo (a região cerebral onde a leptina actua), a estrutura que fabrica as inúmeras proteínas de que a célula precisa não consegue “dar conta do recado”, falhando provavelmente no fabrico da molécula que normalmente receberia o sinal da leptina.

Mas, com a ajuda de uma de duas substâncias (cujo nome de código é PBA e TUDCA) destinadas a aliviar essa situação de stress celular – e que para mais já foram aprovadas para uso clínico nos EUA –, os ditos neurónios passam a responder novamente ao sinal de saciedade, fazendo os ratinhos tratados com leptina perderem peso mesmo quando alimentados com dietas ricas em gorduras. “Se funcionar nas pessoas, isto poderá servir para tratar a obesidade”, diz Ozcan.

Ana Gerschenfeld

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Notícia - Biólogos descobriram dez novas espécies de anfíbios na Colômbia

Uma equipa de biólogos da Conservation International descobriu nove espécies de sapos e uma de salamandra nas montanhas da Colômbia. A notícia foi divulgada hoje, Dia Mundial das Zonas Húmidas.

As novas espécies, incluindo três sapos venenosos, foram descobertas na zona montanhosa de Tacarcuna, perto da fronteira da Colômbia com o Panamá. Esta região servia de passagem entre espécies de plantas e de animais entre a América do Norte e a América do Sul.

“Sem dúvida alguma podemos dizer que esta zona é uma verdadeira Arca de Noé”, comentou José Vicente Rodriguez-Mahecha, director científico da Conservation International na Colômbia, citado pela agência Reuters.

Actualmente, Tacarcuna é uma zona que sofre com o abate florestal, exploração de gado, caça, exploração mineira e fragmentação dos habitats. Estima-se que 30 por cento da sua vegetação natural já desapareceu.

“O elevado número de novas espécies de anfíbios é um sinal de esperança, mesmo com a grave ameaça de extinção que enfrentam estes animais em muitas outras regiões do mundo”, acrescentou.

Robin Moore, especialista em anfíbios na Conservation International, sublinhou que actualmente um terço de todas as espécies de anfíbios do planeta está ameaçada de extinção. “Os anfíbios são muito sensíveis às mudanças no ambiente (…). São uma espécie de barómetro e são os primeiros a responder a essas mudanças, como por exemplo as alterações climáticas”, explicou.

Os anfíbios ajudam a controlar a progressão de doenças como a malária e o dengue porque se alimentam dos insectos que transmitem essas doenças às pessoas.

A equipa quer trabalhar com as populações locais de Tacarcuna para que “encontrem formas mais sustentáveis para proteger os seus recursos naturais, também para seu benefício”, considerou Moore.

Hoje comemora-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas, habitat de muitas espécies de anfíbios, para relembrar a assinatura da Convenção de Ramsar, a 2 de Fevereiro de 1971.

sábado, 23 de setembro de 2017

Notícia - Ressuscitar o Neanderthal

A sequenciação completa do genoma (totalidade de bases de ADN, molécula que contém o código da hereditariedade) dos parentes humanos desaparecidos da Terra há 30 mil anos é uma das notícias mais esperadas para este ano. Embalados pelo genoma quase recuperado do mamute dos gelos siberianos, os cientistas voltam-se agora para as ossadas do homem de Neanderthal com vista a reconstituir o genoma deste hominídeo.




No entanto, para Eugénia Cunha, antropóloga da Universidade de Coimbra, as condições de preservação são muito diferentes. "O gelo dá uma maior garantia de preservação do ADN do que o de um fóssil de Neanderthal como o que foi descoberto em 2006 na Croácia, cujo material genético está a ser analisado".

Na realidade, o feito só pôde ser obtido graças a avanços recentes nas técnicas de leitura de ADN, que ao longo dos últimos 15 anos transformaram a decifração de genomas de missão hercúlea e milionária num procedimento quase banal de processamento de dados.

As amostras de ADN do mamute estavam fortemente degradadas, tiradas do pêlo de indivíduos que morreram há cerca de 20 mil anos e foram preservados no gelo. Mas, tomando por base o genoma do elefante africano, um parente próximo, os cientistas vão concluir a tarefa.

Agora, o grande objectivo dos investigadores é sequenciar o genoma do Neanderthal dentro de dois anos.

Para ressuscitar um mamute há uma série de formidáveis obstáculos a ultrapassar que a genética actual ainda não pode resolver. Mas são puramente técnicos e que serão resolvidos mais tarde ou mais cedo. E o que dizer de um homem de Neanderthal? "Não somos apenas genoma. Ainda falta um bom bocado para lá chegar", afirma Eugénia Cunha.

O genoma em estudo do Homem de Neanderthal revelou que na Europa viveram muito poucos indivíduos, o que facilitou a sua extinção.

Ao analisar os restos fósseis procedentes da Roménia, Portugal e República Checa, foram detectadas características tanto do homem de Neanderthal como do homem moderno, o que indica um possível cruzamento entre ambas as espécies depois de uma coexistência por cerca de 100 mil anos.

Este hominídeo, que povoou a Europa entre 170 mil e 30 mil anos poderá ter-se extinguido não subitamente: a sua população terá decrescido paulatinamente, misturando-se com o Homo Sapiens (menos forte, mas com um cérebro mais desenvolvido) cultural e sexualmente. Os últimos neandertais poderão ter vivido na Península Ibérica.

Comparando com o homem moderno, os neandertais eram mais robustos e possuíam feições morfológicas distintas, especialmente no crânio.

Os neandertais eram muito hábeis na fabricação de utensílios para a caça e de ferramentas. Várias pesquisas apontam para que possam ter sido caçadores sofisticados, mostrando que possuíam um total controlo dos materiais que encontravam na natureza e do local em que viviam.

Dos vários utensílios criados destacam-se artefactos elaborados sobre lascas, semelhantes a lâminas regulares e outros com entalhes, laterais e denticulados.

O milhão de bases já sequenciadas permite afirmar que a semelhança com o genoma do homem moderno é de 99,5% (99% com o do chimpanzé).

A descoberta do gene FOXP2 no genoma do homem de Neanderthal sugere que estes seres tinham a faculdade de falar.


Mais fortes do que o Homo Sapiens, os neandertais dominaram a Europa glacial durante cerca de 200 mil anos.

Mário Gil

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Notícia - Rã voadora identificada no Vietname



Uma nova espécie de rãs voadoras que pairam e saltam no ar foi descoberta perto da cidade Ho Chi Minh (antiga Saigão), a maior cidade do Vietname.

Jodi Rowley, uma bióloga australiana, e colegas vietnamitas, analisaram duas áreas florestais a menos de 90 quilómetros da cidade de sete milhões de habitantes. Estas florestas são atravessadas todos os dias por agricultores e por búfalos-asiáticos.

“E… lá, num tronco, ao lado de um caminho, estava uma rã enorme e verde”, disse Jodi Rowley, especialista em anfíbios, que trabalha no Museu Australiano. “Para descobrir uma nova espécie de rã, normalmente tenho de escalar uma montanha, subir uma queda de água e atravessar uma floresta tropical densa e espinhosa”, disse, citada pela agência Reuters.

Este animal de dez centímetros, verde e com a barriga branca, manteve-se escondido dos cientistas porque andava a voar entre o topo das árvores com 20 metros de altura. A rã só vem ao solo para se reproduzir nas poças de água.

A espécie, Rhacophorus helenae, tinha sido encontrada em 2009, mas só agora é que se compreendeu que era um novo anfíbio. O seu habitat está ameaçado. As duas áreas de floresta estudadas estão rodeadas por terrenos agrícolas e campos de arroz. “Não fazemos ideia do que ainda existe nesta parte do mundo”, disse a bióloga.

O nome comum da rã ficou, em inglês, Helen’s Tree Frog, qualquer coisa como a rã-arborícola-de-helena e é uma espécie de agradecimento à mãe da bióloga, chamada Helen, que tem cancro nos ovários. “Pensei que seria a altura apropriada para lhe mostrar a gratidão que tenho por tudo o que fez por mim”, contou Jodi Rowley.

http://www.publico.pt/