Páginas

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Notícia - Especialista diz que sismos são normais

De acordo com uma especialista em Sismologia da Universidade do Algarve, as actividades sísmicas que se têm verificado são algo “perfeitamente normal” e não passa de “uma coincidência” ter havido tão grande número sucessivo de abalos.

Maria da Conceição Neves explica que “mais de 90 por cento da actividade sísmica situa-se ao longo das cristas oceânicas onde não há estragos” e que as zonas onde as placas tectónicas convergem estão “sempre” a ser atingidas.

De acordo com a Lusa, a especialista não acredita que agora haja mais abalos sísmicos do que antes. A diferença, no seu entender, é que existem mais meios de comunicação, o que contribuiu para que estes fenómenos naturais sejam mais comentados.
“Não há motivo para alarme”, assegurou Maria da Conceição Neves que afirma não haver uma explicação cientifica para justificar a ocorrência dos sismos nos últimos meses que têm causado a morte de milhares de pessoas e a destruição de inúmeras cidades.



P.M.C.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Notícia - Os dias estão mais curtos

Primeiro o Haiti, com cerca de 300 mil mortos. Depois o Chile, com centenas de vítimas, e Japão, onde, por sorte, não ninguém morreu. Em pouco mais de um mês a Terra tremeu como nunca se viu.

Mas foi o terramoto chileno o que maiores repercussões teve no Planeta, libertando energia equivalente a vinte mil milhões de toneladas de TNT (1333 vezes a potência da bomba de Hiroxima) – a Terra tremeu nas latitudes abaixo do Equador.

Segundo a NASA, o sismo pode ter encurtado a duração do dia na Terra em cerca de 1,26 microssegundos (um microssegundo é a milionésima parte de um segundo). A conclusão é de uma equipa de cientistas liderada por Richard Gross que fez os seus cálculos através de um complexo modelo computadorizado. Investigadores alemães já contestaram esta teoria.

Segundo Richard Gross, os terramotos podem deslocar até centenas de quilómetros de rochas, o que modifica a distribuição da massa no Planeta, afectando a rotação da Terra. O cientista calcula que o abalo sísmico tenha movido o eixo do Planeta (eixo imaginário sobre o qual a massa da Terra se mantém equilibrada) cerca de oito centímetros.

Ao contrário do terramoto de Sumatra, em 2004, que provocou o maior tsunami da história e também pode ter reduzido a duração do dia em 6,8 microssegundos, o sismo chileno aconteceu nas latitudes abaixo do Equador, o que o torna mais eficaz na mudança do eixo do Planeta.

Por outro lado, a falha (placa tectónica) responsável pelo sismo chileno é mais profunda e num ângulo ligeiramente mais acentuado do que a falha responsável pelo terramoto de Sumatra. Isso faz com que a falha no Chile seja mais eficaz para deslocar verticalmente a massa da Terra e a sua mudança de eixo.

Por causa destes dois sismos – o do Chile, com magnitude de 8.8 na Escala de Richter e o de Sumatra que chegou aos 9.1 – o dia deixou de ter 24 horas. De salientar, porém, que esta alteração não tem impacto na segurança do Planeta.


Os efeitos colaterais do sismo do Chile ainda não terminaram. Primeiro foi o alerta de tsunamis no Pacífico (que não tiveram a intensidade esperada), agora é a hipótese de erupções vulcânicas explosivas, outro dos fenómenos mais destrutivos da natureza. Será bom recordar que o Chile possui 123 vulcões activos, 60 deles com actividade durante os últimos séculos, incluindo dois dos mais violentos da América do Sul: Villarrica e Llaima. Foi Charles Darwin um dos primeiros cientistas a sugerir a relação entre os fenómenos, e hoje os cientistas confirmam que depois dos terremotos de 1906 e 1960 (com magnitudes de 8.3 e 9.5, respectivamente) a frequência de erupções vulcânicas desses anos se multiplicou por quatro numa área de 500 km em redor dos epicentros.

Mário G

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Notícia - Telescópio Hubble encontrou galáxia mais distante e antiga jamais vista no Universo

Os astrónomos levaram as capacidades do telescópio espacial Hubble, da NASA (agência espacial norte-americana) até ao limite e descobriram aquela que poderá ser a galáxia mais distante e antiga alguma vez vista no Universo.

Esta galáxia ter-se-á formado quando o Universo tinha apenas 480 milhões de anos (Foto: NASA)

Esta galáxia ter-se-á formado quando o Universo tinha apenas 480 milhões de anos - hoje terá cerca de 13,7 mil milhões de anos. A galáxia terá existido quando o Universo teria apenas quatro por cento da sua idade actual, precisa Rychard Bouwens, astrónomo da Universidade da Califórnia que estuda a formação e evolução de galáxias, e a sua equipa, que publicaram o estudo na revista “Nature” de ontem.

A luz da galáxia, captada através da câmara de infravermelhos do telescópio, terá sido emitida há 13,2 mil milhões de anos. Ainda assim, os astrónomos são prudentes e falam da sua descoberta no condicional. “Este resultado está no limite das nossas capacidades. Mas passámos meses a fazer testes que o confirmaram e agora estamos seguros”, comentou Garth Illingworth, da Universidade da Califórnia e um dos autores do estudo.

Os astrónomos ainda não sabem ao certo quando é que apareceram as primeiras estrelas no Universo mas começam a compor o quadro de quando as estrelas e as galáxias começaram a surgir, depois do Big Bang.

“Esta última descoberta do Hubble vai aprofundar o nosso conhecimento do Univerno”, salientou Charles Bolden, administrador da NASA, em comunicado publicado no site da agência norte-americana.

Para chegar mais longe e vislumbrar o período em que se formaram as primeiras estrelas e galáxias, os astrónomos vão precisar do sucessor do Hubble, o telescópio espacial James Webb, que tem lançamento previsto para 2014. Por enquanto, os primeiros 500 milhões de anos da existência do Universo continuam a ser o capítulo que falta.

O Hubble, lançado há 20 anos, é um projecto internacional fruto da cooperação entre a NASA e a Agência Espacial Europeia.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Notícia - À espera que um ET nos telefone

A fórmula consagrada nos desenhos animados e nos filmes de ficção científica de série B norte-americanos é "Take us to your leader!" É isto que dizem os extraterrestres quando a sua nave espacial chega à Terra (a Washington ou Nova Iorque, onde havia de ser?). E os terrestres, estupefactos e aterrados, tratam de levar o ET ao mayor, à ONU ou a outro sítio qualquer.

Há 50 anos que o SETI começou a procurar ETI. Têm sido 50 anos de silêncio (Reuters)

Por estranho que possa parecer, saber exactamente que diálogo deve ser encetado com os ET é matéria de estudo científico. A prova disso é que a revista Philosophical Transactions A da conceituada Royal Society britânica acaba de publicar uma edição inteiramente dedicada à "detecção de vida extraterrestre e as suas consequências para a ciência e a sociedade".

No site daquela sociedade científica (rsta.royalsocietypublishing.org/content/369/1936.toc etoc), é possível ter acesso às conferências proferidas por uma constelação de especialistas de "astrobiologia" - vulgo, vida extraterrestre -, num encontro que decorreu em Londres há um ano. Nesse encontro, vários participantes apelaram a uma colaboração das Nações Unidas na definição dos protocolos a adoptar em caso de eventual contacto com uma espécie alienígena inteligente.

Dois meses depois daquele encontro, o célebre físico britânico Stephen Hawking (que não era um dos oradores) lançava, por seu lado, um surpreendente alerta num documentário realizado para o canal de televisão Discovery. Hawking, que acha muito razoável pensar que existe vida inteligente lá fora, dizia que, se algum extraterrestre inteligente quisesse comunicar connosco, o melhor seria ficarmos calados e não respondermos. Porque, se fossem alertadas para a nossa presença, forças alienígenas à procura de mundos habitáveis ou com recursos exploráveis poderiam desembarcar na Terra - com consequências tão nefastas para nós como foi para os índios a chegada à América dos conquistadores espanhóis em finais do século XV.

Mas será que as coisas são assim tão dramáticas? De facto, quando lemos os textos que foram agora postos online, este cenário de contacto físico fica relegado para um plano secundário, como algo de muito improvável - e talvez até impossível.

Uma coisa é certa, contudo: a existência de vida extraterrestre (não necessariamente inteligente) ganhou adeptos na comunidade científica na última década, em especial com a descoberta de planetas extra-solares - e, mais recentemente, com a constatação de que planetas rochosos parecidos com o nosso, em órbita em redor de estrelas parecidas com o nosso Sol, não são a excepção e, pelo contrário, serão mesmo bastante vulgares. A questão já não parece ser a de saber se estamos sozinhos ou não. É apenas uma questão de tempo, dizem muitos especialistas, até encontrarmos vida num desses planetas.

Há uns 50 anos, Frank Drake, fundador do SETI, calculou graças a uma fórmula matemática que leva o seu nome que deveriam existir umas 10 mil civilizações inteligentes no Universo. O SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) é o famoso projecto de procura de vida extraterrestre inteligente, que chegou a ser um programa da agência espacial norte-americana NASA nos anos 1990, mas que é hoje gerido pelo SETI Institute, uma entidade privada com sede na Califórnia.

O número obtido por Drake poderá ser exagerado (de facto, ninguém sabe calculá-lo ao certo). Mesmo assim, como o Universo contém, segundo as estimativas, centenas de milhares de milhões de galáxias (e a nossa Via Láctea, por exemplo, até 400 mil milhões de estrelas), não há razão para o nosso sistema solar e o nosso planeta serem únicos.

Mas, para além dos argumentos puramente numéricos em favor da existência de outros cantinhos habitáveis, porque é que deveria necessariamente haver vida nos planetas parecidos com a Terra que sem dúvida orbitam em torno de algumas estrelas? E se, mesmo nesses, nada tivesse acontecido?

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Notícia - Cientistas analisaram pela primeira vez a atmosfera de uma super-terra

Uma equipa de cientistas analisou pela primeira vez a atmosfera de uma super-terra. A experiência olhou para o planeta GJ 12114b, utilizando o Very Large Telescope do Chile, e chegou à conclusão que a atmosfera deste exoplaneta é formado ou por vapor de água muito denso, ou por nuvens grossas. O estudo foi publicado esta semana na revista Nature.

A super-terra GJ 12114b está a 40 anos-luz. (Paul A. Kempton)

O interessante nas super-terras é que “são uma transição entre planetas rochosos como a Terra, Vénus e Marte e os gigantes gelados como Úrano e Neptuno”, explicou Jacob Bean, primeiro autor do artigo, que trabalha no Centro de Astrofísica da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Esta classe era desconhecida até a comunidade científica começar a olhar para os planetas que estão fora do nosso Sistema Solar. Neste caso, o GJ 12114b tem um diâmetro três vezes maior do que a Terra e uma massa 6,5 vezes maior, situa-se a 40 anos-luz e foi descoberto em Novembro de 2009.

A descoberta desta super-terra foi feita graças ao seu trânsito celeste. O GJ 12114b passa à frente da estrela mãe e sempre que isso acontece a luz que chega à nossa Terra é menor. Isto permiti detectar a existência deste planeta e quantificar o seu diâmetro.

A medição da atmosfera foi feita de uma forma semelhante. A equipa utilizou o Very Large Telescope para verificar se determinados comprimentos de onda que no espectro da luz caem no infra-vermelho, ao atravessarem a atmosfera do GJ 12114b eram alterados, denunciando a sua composição.

A partir do conhecimento que os cientistas tinham sobre o planeta, havia três hipóteses sobre a sua atmosfera que foram postas à prova. Poderia ser formada por uma camada densa de vapor de água, poderia ser formada por uma atmosfera fina de hidrogénio e hélio – próprio de planetas gelados e rochosos, ou poderia ser uma mistura de gases vulcânicos.

Através da experiência os cientistas conseguiram retirar a hipótese da atmosfera fina de hidrogénio e hélio. O telescópio procurava uma influência da atmosfera através da absorção de raios de luz, mas depois de retirar o atrito causado pela nossa atmosfera terrestre, não obteve nada.

“O que mais determina o parâmetro que governa as características de absorção é a espessura da atmosfera do planeta – a extensão, a densidade, não necessariamente a abundância de um elemento”, explicou Bean citado pela BBC News.

Neste caso, o facto das leituras do telescópio não darem nenhuma indicação pode querer dizer que estamos perante um planeta com uma atmosfera formada por vapor de água tão denso que fica compactado junto da superfície da super-terra. Desta forma, a maioria dos raios passa por cima e não é influenciada pela atmosfera.

A outra alternativa é que o GJ 12114b tem uma atmosfera constituída por nuvens que bloqueiam a passagem dos raios deste comprimento de onda.

“Este é o resultado mais significativo do último ano sobre medições da atmosfera de um exoplaneta – e um ano é muito tempo neste campo”, defendeu em declarações à BBC News Drake Deming, do Laboratório de Sistemas Planetários da NASA, que fez um comentário sobre o artigo na mesma edição da Nature. O especialista refere que, apesar da grande frequência com que se descobrem novos exoplanetas, esta experiência mostra a dificuldade que é a pesquisa na área.

O próximo passo vai ser a análise da atmosfera através de outros comprimentos de onda no infra-vermelho. Mas Jacob Bean diz que antes disso vai haver mais novidades sobre o GJ 12114b. “Este é o exoplaneta mais interessante que está aí e há muitas pessoas focadas nele.”