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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Notícia - Astrónomo português recebe prémio internacional na Arménia

O astrónomo Nuno Cardoso Santos, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), recebeu ontem, na Arménia, o prémio internacional Viktor Ambartsumian.O prémio - partilhado com os seus colegas Michel Mayor (Universidade de Genebra) e Garik Israelian (Instituto de Astrofísica das Canárias) - foi atribuído pelo trabalho no estudo das estrelas que têm planetas em órbita e que fornecem indícios essenciais para a compreensão dos processos de formação planetária, informou o CAUP.

O galardão, no valor de cerca de 385 mil euros e considerado o mais importante na astrofísica depois do Prémio Nobel, será distribuído pelos três investigadores.

O Prémio Viktor Ambartsumian é atribuído de dois em dois anos e distingue investigadores, de qualquer país, por excepcionais contributos para a Ciência.

Este ano, foram nomeados 14 investigadores ou equipas, cabendo o prémio ao trio liderado pelo Professor Michel Mayor, que em 1995 codescobriu o primeiro exoplaneta à volta de uma estrela do tipo solar (51 Pegasi).

O júri que atribuiu o prémio é composto por físicos e astrónomos de renome, dos quais se destacam Martin Rees (Master do Tinity College da Universidade de Cambridge), Catherine Cesarsky (ex-directora geral do ESO e ex-presidente da União Astronómica Internacional) e Geoffrey Burbidge (editor das revistas "The Astrophysical Journal" e "Annual Review of Astronomy and Astrophysics").

Nuno Cardoso Santos é autor de 128 artigos científicos publicados, com mais de 5200 citações.

Ao ter conhecimento do prémio, o investigador manifestou-se “obviamente muito feliz” e acrescentou “esperar, sobretudo, que este reconhecimento possa, de alguma forma, ajudar a astronomia nacional a fazer cada vez mais e melhor”.

Em comunicado, o CAUP refere que actualmente são conhecidos cerca de 500 planetas extra-solares, muitos dos quais (em especial os de pequena massa) descobertos pela equipa liderada pelo professor Michel Mayor. Entre eles está o mais pequeno exoplaneta descoberto, Gliese 581e, com apenas 1,9 massas da Terra.

“Apesar do já elevado número de planetas extra-solares detectados, os mecanismos de formação destes sistemas são ainda pouco compreendidos. Por isso a equipa dedica-se também a tentar compreender melhor as propriedades destes sistemas planetários (e das suas estrelas-mãe), de modo a melhorar os actuais modelos de formação planetária”, acrescenta.

O Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) foi criado em Maio de 1989 e iniciou as actividades em Outubro de 1990. É a maior unidade de investigação na área da Astronomia em Portugal, considerada como “Excelente” nas últimas avaliações de Unidades I & D, efectuada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).

terça-feira, 21 de abril de 2015

Notícia - A estrela mais pesada do Universo está a emagrecer



Se a Terra girasse à volta da estrela R136a1, a luz que iríamos receber seria tão forte como o brilho do Sol é em relação à luz da Lua. Até agora, pensava-se que as estrelas não poderiam ter uma massa superior a 150 vezes a massa do nosso astro-rei, mas a R136a1 tem 265 vezes a massa solar e já emagreceu um bocado desde o seu nascimento. "Ao contrário dos humanos, estas estrelas nascem pesadas e perdem peso à medida que envelhecem”, disse Paul Crowther, num comunicado do Observatório Europeu do Sul. Há um milhão de anos este astro estava a formar-se no aglomerado estelar RMC 136a, que fica a 164 mil anos-luz do nosso sistema solar, perto da galáxia chamada Grande Nuvem de Magalhães. Na altura, a estrela teria 320 vezes a massa do Sol.

Crowther liderou a equipa da Universidade de Sheffield, Inglaterra, que com o grande telescópio no Chile (Very Large Telescope) e informação recolhida pelo telescópio espacial Hubble, identificaram várias estrelas gigantes neste e noutro aglomerado estelar, NGC 3603. Segundo diz, a R136a1 já está a meio da vida e perdeu um quinto da sua massa inicial. Mas brilha dez milhões de vezes mais que o nosso Sol. Estas regiões do Universo, carregados de pó e gases, geram estrelas com massas incríveis, mas com um tempo de vida limitado.

A descoberta altera o limite do tamanho destes astros. “As estrelas mais pequenas têm um limite mínimo de tamanho oito vezes acima de Júpiter, abaixo do qual são estrelas falhadas ou anãs castanhas”, explicou Olivier Schnurr, do Instituto Astrofísico de Potsdam na Alemanha. O limite superior expandiu-se, para cerca de 300 vezes a massa do Sol.

Ao contrário da nossa estrela, que tem os contornos definidos, a R136a1 expulsa tanta matéria da região mais externa que se torna difícil definir os seus contornos. À superfície, a sua temperatura é de 40 mil graus, mais de sete vezes superior ao nosso Sol.

No fim da vida, as estrelas mais maciças dão origem a supernovas, que se transformam ou numa estrela de neutrões ou em buracos negros. Os astrofísicos pensam que a morte das novas gigantes resulte numa supernova extremamente brilhante, que disperse quantidades de ferro equivalentes a dez massas solares. No lugar da estrela não fica nada.