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terça-feira, 3 de maio de 2011

Conteúdo - O Sistema Nervoso

A nossa sobrevivência depende, em primeira instância, de uma infinidade de reflexos, esses gestos automáticos que podemos treinar para torná-los mais eficazes e evitar que se deteriorem à medida que a idade avança.

Final de uma importante competição futebolística. O desafio saldou-se por um empate. As equipas disputam a vitória num tenso duelo de grandes penalidades. Um dos guarda-redes resiste melhor à pressão, adivinha a trajectória de quatro remates e consegue evitar dois golos, averbando o título para a sua equipa. Intuição, sorte? Na opinião dos neurologistas, é tudo uma questão de reflexos, um fenómeno abrangido pela capacidade motora de reacção do indivíduo.

Embora com origem no córtex cerebral, pois requer uma percepção a esse nível e um processamento relativamente complexo, este tipo de reacção é quase inconsciente quando a actividade é repetida, estereotipada e treinada. É por isso que podemos conduzir de forma automática, ou que o guarda-redes consegue chegar à bola e defender o penalty quase sem ter consciência do que está a fazer.

Por outro lado, é habitual associar-se o reflexo ao tempo de reacção perante um estímulo. É claro que tem de haver uma percepção, visual ou auditiva, uma decisão e uma resposta, mas, de acordo com os especialistas em medicina do desporto, embora a antecipação seja importante, é possível melhorar essa capacidade ao trabalhar a força explosiva do atleta e através de treinos específicos, destinados a avaliar as suas reacções aos estímulos. No caso de estar relacionado com a visão, treina-se o sentido da vista para o atleta se concentrar nos objectivos importantes.

Recentemente, comprovou-se, por exemplo, que a capacidade visual dos jogadores de ténis está muito desenvolvida. Roger Federer ou Rafael Nadal são extremamente rápidos e certeiros a processar imagens, o que lhes permite maior precisão quando necessitam de reconhecer objectos em movimento e tomar decisões sob pressão. "São muito mais rápidos a detectar a velocidade de um objecto móvel e, também, a decidir quando o tempo urge", explica Leila Overney, do Laboratório de Neurociência Cognitiva da Escola Politécnica Federal de Lausana (Suiça).

O melhor será, sem dúvida, que se possa exercitá-los. Um guarda-redes terá tanto mais reflexos, no sentido da rapidez de reacção motriz, quanto mais treinar. De igual modo, não conseguimos pontuar tanto num jogo de vídeo da primeira vez do que acontece quando já o conhecemos de cor e salteado.

Todavia, a prática não só permite melhorar os reflexos em geral como, sobretudo, aquele que foi treinado específica e sucessivamente. Por outras palavras, um guarda-redes de um clube de futebol não tem de possuir os reflexos indispensáveis para brilhar no ténis, nem um tenista saber defender grandes penalidades: como é evidente, cada pessoa possui determinada capacidade para um desporto, e não para outro.

Por serem decisões conscientes que requerem uma percepção cortical (do nosso córtex cerebral) e posterior processamento, considera-se que a actividade motora complexa se torna semi-automática ou inconsciente quando os gânglios basais (massa cerebral situada na zona profunda dos hemisférios) assumem o respectivo comando.

No entanto, a capacidade de reacção não é apenas importante no desporto. Os neurologistas recordam que os reflexos são fundamentais para a nossa sobrevivência no quotidiano, podendo ser definidos como "movimentos involuntários, rápidos e estereotipados, provocados por um estímulo"; consoante a natureza deste último, podem ser visuais, vestibulares, auditivos, posturais... Por outro lado, as vias reflexas possuem uma componente sensorial que se encarrega de receber a informação e transportá-la até à medula espinal, e um componente efector, que a transmite da medula ao músculo adequado.

Os reflexos são padrões hereditários de comportamentos comuns a toda uma espécie. Através deles, obtemos respostas simples, rápidas e automáticas para a defesa de uma parte ou de todo o corpo diante de um estímulo potencialmente lesivo", explica a dra. Victoria González, uma neurofisióloga espanhola cujos estudos sobre o chamado "reflexo auditivo de sobressalto" (que consiste na contracção generalizada de amplos grupos musculares perante um estímulo sonoro intenso e inesperado) confirmam como são indispensáveis. "Esse abalo brusco, ou susto, é rapidíssimo (ocorre em milésimos de segundo) e é acompanhado de uma reacção do sistema nervoso autónomo: uma descarga de adrenalina e um começo de hiperventilação. Depois, pode produzir-se uma reacção defensiva ou orientativa", explica a especialista.

O reflexo localiza a fonte acústica; se for intensa, os pequenos ossos do aparelho auditivo retesam-se automaticamente para que entre menos som no ouvido interno. Deste modo, protegem-se as células ciliadas, que transformam as vibrações em impulsos eléctricos; distingue-se melhor a acústica de intensidade elevada e ficamos em alerta.

O reflexo auditivo de sobressalto já se pode observar no início da vida. Por exemplo, os bebés com dois meses, que se assustam com o próprio choro, reagem aos ruídos estendendo os braços para a frente, com as palmas das mãos voltadas para cima e os polegares flectidos. Aliás, quando se bate com a mão suavemente junto da cabeça, o bebé abre e fecha os braços. A verdade é que os actos reflexos são considerados um sinal de evolução do próprio feto, nomeadamente no último trimestre de gestação, altura em que o sistema nervoso se torna maduro. São designados por "reflexos arcaicos" e desaparecem dois ou três meses depois do parto. Esses reflexos primitivos que podemos observar no recém-nascido (como o de sucção, da marcha automática, da preensão palmar e plantar, do abraço, etc.) são de origem cerebral e inatos.

As reacções do neonato traduzem-se em movimentos automáticos, que partem do tronco encefálico (a parte mais primitiva do cérebro) e não envolvem qualquer participação cortical, ou seja, não são controlados voluntariamente. Alguns gestos, como chupar o dedo ou dar pequenos pontapés, surgem ainda no ventre materno; quando decidem abandoná-lo, os reflexos ajudam o feto a colocar-se na posição adequada, dar a volta e descer pelo canal do parto.

Todavia, isto é só o começo. Pouco depois de nascer, o bebé já consegue mamar, graças ao reflexos de sucção e deglutição. Em seguida, os gestos primitivos são gradualmente substituídos por outros posturais, como o reflexo tónico assimétrico do pescoço, que relaciona o movimento da cabeça para um lado com o do braço equivalente, o qual se estica, o que se revela muito útil quando se está voltado de barriga para baixo.

A ausência de reflexos primitivos no recém-nascido pode ser indício de alterações neurológicas ou do sistema nervoso. A fim de comprovar o seu correcto funcionamento, o pediatra recorre a uma série de testes, como pô-lo de pé sobre uma superfície dura: o reflexo será inclinar-se e dar alguns passos. Outro teste será meter-lhe o dedo na boca para comprovar se tem o reflexo de sucção, se engole saliva e se volta a cabeça na sua direcção.

Embora estas reacções desapareçam passado algumas semanas, podem voltar a surgir na idade adulta, devido a doenças ou acidentes. Existe um teste (conhecido por "sinal de Babinski") para detectar uma eventual lesão mental ou uma paralisia cerebral: se se estimular a planta do pé e o dedo grande se separar dos outros e flectir para cima (o que é normal em crianças até aos dois anos), constitui um indício de lesão nas vias nervosas que ligam a medula espinal ao cérebro.

Por outro lado, alguns distúrbios neurológicos que produzem lesões no lóbulo frontal, como os acidentes vasculares cerebrais ou a demência frontotemporal, têm como consequência o aparecimento dos referidos reflexos primitivos, indício de que se está a gerar uma doença neurodegenerativa.

Seja como for, os reflexos mais estudados são os osteotendinosos, detectados através da percussão, com um pequeno martelo, de um tendão como o patelar ou rotuliano (no joelho), ou o bicipital (na prega do cotovelo). Com a extensão brusca do músculo, os receptores sensitivos activam-se e enviam um sinal à medula espinal, onde o neurónio-receptor entra em contacto com o neurónio-motor. É desta forma que evitamos esticar bruscamente os músculos para manter o equilíbrio; ou seja, quando estamos de pé, os nossos músculos impedem automaticamente a perda de postura, contraindo-se para evitar a descompensação.

Assim, o teste aos reflexos osteotendinosos destina-se a fornecer-nos informação sobre o funcionamento dos nervos periféricos sensitivos, a medula espinal e o controlo desses reflexos pelo córtex. Através do teste, fica-se a saber, entre outras coisas, que o nível quatro lombar está bem, isto é, que nem os neurónios sensitivos nem os motores desta região da medula sofreram qualquer alteração.

Do mesmo modo que os reflexos arcaicos podem ressurgir por causa de alguma doença, os osteotendinosos podem desaparecer devido a um problema que afecte os nervos periféricos, como a neuropatia diabética. Por sua vez, uma lesão no córtex cerebral pode provocar, em determinados casos, hiperreflexia ou reflexos exagerados. Todavia, mesmo que não haja qualquer problema de saúde, é normal que, com a idade (a partir dos 40 anos, segundo os especialistas), os reflexos comecem a tornar-se progressivamente mais lentos, embora sem afectar a qualidade de vida.

Na velhice, a situação muda. Os idosos têm, naturalmente, uma actividade motora mais lenta, mas certos sintomas, como quedas frequentes, movimentos desajeitados, lentidão em falar, dificuldade em tomar decisões ou inexpressividade facial podem constituir indícios de uma doença degenerativa. Alguns reflexos, como os que controlam a postura, começam a perder-se com a idade, o que favorece as quedas. A verdade é que, na história destes mecanismos automáticos, alguns vão ficando irremediavelmente para trás.

Os reflexos são a resposta do organismo para proteger os sentidos das agressões do meio. Eis alguns dos mais importantes:

Posturais e tónicos. Mantêm a cabeça direita e o corpo na vertical. Utilizam informação do aparelho vestibular, que indica a posição da cabeça no espaço (reflexos vestibulares), e dos receptores nos músculos do pescoço, os quais indicam se estiver flectido (cervicais).

Superficiais ou cutâneos. São desencadeados por estimulação da pele, das mucosas e da córnea. Incluem o reflexo pupilar (dilatação da pupila perante uma dor).

Fotomotor. Contracção da pupila devido a um estímulo luminoso.

Corporais visuais. Movimentos exploratórios dos olhos e da cabeça para ler, por exemplo; e dos olhos, da cabeça e do pescoço perante um estímulo visual. Incluem ainda o reflexo do pestanejo diante de um eventual perigo.

Auditivo. Perante um ruído demasiado forte, favorece a rigidez automática dos pequenos ossos do ouvido, de forma a passar menos som para o ouvido interno

Tussígeno. A irritação da laringe, da traqueia ou dos brônquios produz tosse para eliminar secreções e corpos estranhos.

Nauseoso. Produz vómitos quando se estimula a garganta ou a parte posterior da boca.

Do espirro. Ajuda a expulsar ar e partículas quando as vias nasais ficam irritadas.

Do bocejo. Surge quando o organismo precisa de oxigénio suplementar.

J.M.D.super interessante 148

sexta-feira, 11 de março de 2011

Conceito - Ácido Desoxirribonucleico (ADN ou DNA)

O Ácido Desoxirribonucleico (sigla: ADN; ou em inglês: DNA) é um ácido nucleico que contém toda a informação genética de cada indivíduo, nomeadamente de todos os seres celulares e de grande parte dos vírus. Este ácido consiste numa molécula formada por duas cadeias antiparaledas (em forma de dupla hélice) ligadas entre si por ligações de hidrogénio entre as bases azotadas e é constituído por unidades alternadas de desoxirribonucleótidos, os quais, por sua vez, são constituídos por um açúcar (a desoxirribose), um grupo fosfato e a referida base azotada (ou nitrogenada); esta base pode ser uma purina (Adenina e Guanina) ou uma pirimidina (Timina e Citosina). A Adenina está ligada com a Timina por 2 ligações de hidrogénio e a Guanina com a Citosina com 3 ligações de hidrogénio.

O ADN encontra-se no núcleo das células, nas mitocôndrias e nos cloroplastos e à sequência completa do ADN de cada célula é dada a designação de genoma. O seu principal papel no organismo é o de armazenar as informações necessárias para a síntese e replicação das proteínas. A síntese de proteínas consiste na produção das proteínas que as células e os vírus precisam para o metabolismo e desenvolvimento. A replicação designa o conjunto de reacções por meio das quais o ADN faz uma cópia de si mesmo de cada vez que uma célula se divide e transmite as suas informações às células filhas. Em quase todos os organismos celulares o ADN está organizado na forma de cromossomas, situados no núcleo celular.

A descoberta da estrutura da molécula de ADN foi efectuada em Março de 1953 pelo norte-americano James Watson e pelo britânico Francis Crick, descoberta que lhes valeu o Prémio Nobel da Medicina em 1962, juntamente com Maurice Wilkins.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Conteúdo - ADN - Símbolo de Vida

ADN, Ácido DesoxirriboNucleico, é uma molécula biológica universal presente em todas as células vivas. É no ADN que está contida toda a nossa informação genética, sob a forma de genes. O ADN é constituído por quatro tipos de nucleótidos , unidade básica do ADN (que por sua vez é constituído por uma pentose, um grupo fosfato e uma base azotada), que se associam de uma forma específica, formando uma cadeia dupla: adenina (A) com timina (T) e guanina (G) com citosina (C). Os nucleótidos são designados deste modo devido às bases azotadas que entram nas suas constituições. É possível ler a cadeia de ADN, obtendo-se uma sequência de letras, como por exemplo, ATGATTCTGTAGCCTGATCCC,  a uma sequência completa de ADN dá-se o  nome de genoma.
O ADN tem a forma de uma escada de corda enrolada helicoidalmente, ou seja, de uma hélice dupla em que os degraus são formados por pares de bases azotadas ligadas entre si, através de ligações de hidrogénio, com fundamento na complementaridade de bases. A estrutura, do ADN, foi proposta há 53 anos por James Watson e Francis Crick. A descoberta da estrutura do ADN abriu o caminho para se compreender como é que a informação genética é transmitida de progenitores para descendentes, ou de uma célula para outra, isto é, como funciona a hereditariedade.
Hoje em dia, esta descoberta tem um impacto em muitas áreas da vida moderna, tais como a medicina, a reprodução, a alimentação, a longevidade e o ambiente. No caso da medicina, e da saúde, há milhares de doenças hereditárias diferentes: cada uma resulta de um defeito num gene, muitos dos quais agora conhecemos. Assim, sabe-se detectar esses defeitos antes da nascença e tem-se esperança de os poder corrigir dentro de algum tempo, utilizando a terapia génica. Os testes genéticos permitem prever as doenças genéticas a que um indivíduo está mais sujeito e preveni-las a tempo. A amniocentese é um exemplo de um teste genético pré-natal que é muito usado para detectar se um bebé irá sofrer o síndroma de Down, mais conhecido como mongolismo, e que resulta da duplicação do cromossoma 21. Outro exemplo de influência genética é na reprodução, são as  técnicas de fertilização in vitro (FIV) que permitem que hoje muitos casais inférteis possam ter filhos. Aliado à FIV está o diagnóstico genético preimplantatório, que permite detectar, nos embriões, erros no ADN que causam doenças, reduzindo-se assim a probabilidade de a criança nascer com uma doença genética. Este diagnóstico não pode, contudo, ser usado para excluir embriões com características estéticas e sociais não desejadas, como por exemplo, cor dos olhos, sexo ou inteligência. Outro assunto em que a genética influencia é na alimentação pois através da engenharia genética é agora possível produzir alimentos mais baratos, mais energéticos e mais res istentes a pragas e à seca, sem poluir o ambiente nem gastar tanta água. Igual interferência genética dá-se na longevidade celular, resta agora continuar estes estudos de forma a descobrir como se impede o envelhecimento das células e como se reparam os estragos naturais das células velhas, estudos elaborados na mosca da fruta e numa espécie de lombrigas já identificaram certos genes responsáveis pelo prolongamento da longevidade. No ambiente o ADN é uma importante ferramenta para se salvarem espécies de animais e de plantas em perigo de extinção e mesmo para se trazerem de volta algumas que tenham desaparecido recentemente. O ADN traz a possibilidade de se criarem novas bactérias geneticamente modificadas que sejam capazes de limpar o ambiente de toxinas nocivas, pois decompõem resíduos orgânicos (nocivos para o ambiente) e transformam-nos em água e dióxido de carbono.
É, também, através do ADN, que se podem criar os «bilhetes de Identidade genéticos» isto é, a partir dos genes de ADN que se encontram no núcleo das nossas células é possível reconhecer a nossa identidade de uma maneira que ninguém o possa negar, pois o nosso ADN é único. Ou então pode-se verificar a vericidade dos progenitores, com o teste de paternidade.