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sexta-feira, 19 de março de 2021

Reencontradas 17 espécies de plantas consideradas extintas, uma delas nativa de Portugal

A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo.

Dezassete espécies europeias de plantas consideradas extintas foram reencontradas na natureza ou preservadas em colecções, segundo um estudo publicado na revista científica Nature Plants. A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo, e que três das espécies foram encontradas na natureza, duas preservadas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes, e as restantes reclassificadas “através de uma extensa revisão taxonómica”.

David Draper, um dos autores do estudo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que uma das plantas é originária de Portugal, mas precisou que nesse caso ainda são necessários mais estudos de confirmação. A espécie em causa é a Armeria arcuata, uma espécie endémica do Litoral Sudoeste de Portugal cujos últimos registos datam do final do século XIX. Através do estudo, os investigadores encontraram a espécie preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda.

Cauteloso, o investigador disse que é agora preciso fazer estudos genéticos para confirmar a redescoberta, porque há 150 anos que a planta estava desaparecida e pode haver “uma má identificação”. David Draper explicou que é um processo moroso, tanto mais que em tempos de pandemia de covid-19 os laboratórios estão fechados.

Caso se confirme que se trata da Armeria arcuata, e questionado se será devolvida ao seu habitat natural, o investigador explicou que o ideal seria devolvê-la à natureza, mas adiantou que como existem apenas “três ou quatro pés” é preciso primeiro um trabalho longo de recuperação, nomeadamente através da sua dispersão, primeiro, por vários jardins botânicos. Em termos gerais a descoberta agora anunciada vai permitir lançar programas de conservação para várias das espécies, consideradas raras ou sob ameaça de uma extinção definitiva.

A investigação “exigiu um trabalho minucioso de detective, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”, disse David Draper citado no comunicado. A investigação foi liderada por Thomas Abeli e Giulia Albani Rocchetti, investigadores da Universidade Roma Tre (Itália). Foram analisadas 36 espécies endémicas europeias cujo estatuto de conservação era “extinto” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Além de monitorização contínua na natureza, envolvendo universidades, museus, jardins botânicos e bancos de sementes, foram usadas técnicas avançadas para estudar a variabilidade das espécies. Nas declarações à Lusa, David Draper salientou ainda que os investigadores confirmaram que as restantes 19 espécies analisadas se perderam para sempre. Poderão algumas destas espécies ainda ser reencontradas também? “Pode acontecer, mas é cada vez mais difícil”, disse o investigador. David Draper considerou fundamental prevenir extinções de plantas, mais fácil do que procurar depois “ressuscitar” espécies, pelo que é preciso investigar e criar condições para que não se chegue ao ponto de extinção.

https://www.publico.pt/2021/03/10/ciencia/noticia/reencontradas-17-especies-plantas-consideradas-extintas-nativa-portugal-1953779

domingo, 14 de março de 2021

Reencontradas 17 espécies de plantas consideradas extintas, uma delas nativa de Portugal

Dezassete espécies europeias de plantas consideradas extintas foram reencontradas na natureza ou preservadas em colecções, segundo um estudo publicado na revista científica Nature Plants. A informação foi divulgada em comunicado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que dá conta que as 17 espécies agora redescobertas são nativas sobretudo da bacia do Mediterrâneo, e que três das espécies foram encontradas na natureza, duas preservadas em jardins botânicos europeus e bancos de sementes, e as restantes reclassificadas “através de uma extensa revisão taxonómica”.

David Draper, um dos autores do estudo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que uma das plantas é originária de Portugal, mas precisou que nesse caso ainda são necessários mais estudos de confirmação. A espécie em causa é a Armeria arcuata, uma espécie endémica do Litoral Sudoeste de Portugal cujos últimos registos datam do final do século XIX. Através do estudo, os investigadores encontraram a espécie preservada no Jardim Botânico da Universidade de Utrecht, na Holanda.

Cauteloso, o investigador disse que é agora preciso fazer estudos genéticos para confirmar a redescoberta, porque há 150 anos que a planta estava desaparecida e pode haver “uma má identificação”. David Draper explicou que é um processo moroso, tanto mais que em tempos de pandemia de covid-19 os laboratórios estão fechados.

Caso se confirme que se trata da Armeria arcuata, e questionado se será devolvida ao seu habitat natural, o investigador explicou que o ideal seria devolvê-la à natureza, mas adiantou que como existem apenas “três ou quatro pés” é preciso primeiro um trabalho longo de recuperação, nomeadamente através da sua dispersão, primeiro, por vários jardins botânicos. Em termos gerais a descoberta agora anunciada vai permitir lançar programas de conservação para várias das espécies, consideradas raras ou sob ameaça de uma extinção definitiva.

A investigação “exigiu um trabalho minucioso de detective, especialmente para verificar informações, muitas vezes imprecisas, reportadas de uma fonte para outra, sem as devidas verificações”, disse David Draper citado no comunicado. A investigação foi liderada por Thomas Abeli e Giulia Albani Rocchetti, investigadores da Universidade Roma Tre (Itália). Foram analisadas 36 espécies endémicas europeias cujo estatuto de conservação era “extinto” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

Além de monitorização contínua na natureza, envolvendo universidades, museus, jardins botânicos e bancos de sementes, foram usadas técnicas avançadas para estudar a variabilidade das espécies. Nas declarações à Lusa, David Draper salientou ainda que os investigadores confirmaram que as restantes 19 espécies analisadas se perderam para sempre. Poderão algumas destas espécies ainda ser reencontradas também? “Pode acontecer, mas é cada vez mais difícil”, disse o investigador. David Draper considerou fundamental prevenir extinções de plantas, mais fácil do que procurar depois “ressuscitar” espécies, pelo que é preciso investigar e criar condições para que não se chegue ao ponto de extinção.

https://www.publico.pt/2021/03/10/ciencia/noticia/reencontradas-17-especies-plantas-consideradas-extintas-nativa-portugal-1953779

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Heracleum mantegazzianum, a terrível planta que pode provocar ferimentos graves

Esta planta, com cinco metros de altura, larga furocumarinas, um produto químico tóxico que modifica a estrutura das células da pele e a torna mais sensíveis aos raios ultravioletas. Em 24 horas, e num prazo máximo de 48 horas, a pele desenvolve queimaduras e irritações que podem provocar cicatrizes permanentes e bolhas. E se esse composto químico chegar aos olhos, pode levar à cegueira.

Numa reportagem emitida pelo canal BBC, Oskars Mezhniyeks, dono de uma fazenda na Letónia trava uma batalha constante contra a planta. “Se eu não a matar aqui, ela vai tomar conta da minha plantação”, explica. “Elas têm um valor nutricional consideravelmente alto e, por isso, foram cultivadas como potencial alimento para o gado. Mas devido aos efeitos que causaram nos humanos foi abandonada rapidamente, só que continuaram a espalhar-se, já que uma só planta pode produzir muitas sementes”, acrescenta Pior Rzymski, investigador da Universidade de Poznan, na Polónia.

A planta é natural da Ásia, muito comum na Rússia e Geórgia, mas veio para os jardins europeus por causa das flores brancas que exibe. É comum encontrá-la também junto aos rios ou estradas no norte da Europa. Em Portugal não há registos da existência da planta. Há forma de limitar os efeitos caso a seiva encoste na pele. “Deve lavar a pele com sabão e água fria e evitar a exposição ao Sol”, aconselha Rzymski.

https://greensavers.sapo.pt/heracleum-mantegazzianum-a-terrivel-planta-que-pode-provocar-ferimentos-graves/

domingo, 31 de janeiro de 2021

Zoo de Lourosa lidera programa internacional sobre calau de casco cinzento



O Zoo de Lourosa, em Santa Maria da Feira, vai liderar um programa internacional apostado em aumentar a população selvagem do calau de casco cinzento, revelou hoje o único parque ornitológico do país a propósito dessa ave ameaçada.

O projeto envolve outras cinco instituições inscritas na Associação Europeia de Zoos e Aquários (EAZA), que escolheu o parque do distrito de Aveiro para coordenar a gestão em cativeiro das populações do calau da espécie ‘Ceratogymna atrata’, que é nativa das florestas do Centro-Este africano, está pouco identificada no seu habitat natural e integra a lista do Programa Europeu de Espécies Ameaçadas – também conhecido como “EAZA Ex-situ Programme”.

Como o Zoo de Lourosa tem vindo a monitorizar desde 2016 vários indivíduos dessa espécie, foi em 2020 convidado pela EAZA para aplicar a sua experiência na coordenação de um programa envolvendo outros 10 parques em território europeu.

“Dentro da EAZA existem 30 aves desta espécie de calau em cativeiro, mas poucos zoos têm conseguido a sua reprodução. Como o de Lourosa é dos poucos a nível mundial a ter sucesso reprodutivo com esta espécie e já monitoriza a respetiva população há alguns anos, foi proposto que ficássemos nós a coordenar o programa e o Comité Europeu de Espécies Ameaçadas confiou-nos essa responsabilidade”, explicou à Lusa Salomé Tavares, diretora da estrutura portuguesa.

O trabalho com o calau ‘Ceratogymna atrata’ será supervisionado pela curadora Andreia Pinto, e visa estudar o verdadeiro estatuto da espécie em estado selvagem com vista a travar “o decréscimo significativo da sua população devido ao tráfico”.

O projeto irá assim implicar investigação demográfica e genética, assim como “partilha de informação entre as várias instituições envolvidas”, no que a intenção é “manter elevados padrões de maneio da espécie em cativeiro e criar condições para que se reproduza com sucesso”.

Salomé Tavares realça que também cabe à equipa do Zoo de Lourosa “localizar potenciais futuros participantes no programa e fazer recomendações sobre a colocação dos descendentes da espécie, com o intuito de manter a sua diversidade genética”.

Em 2016 existiam apenas 13 calaus de casco negro em seis zoos membros da EAZA, mas, graças ao “sucesso pioneiro” do zoo da Feira na reprodução da espécie, os indivíduos mais jovens foram confiados a outras instituições europeias e atualmente a população da ‘Ceratogymna atrata’ aumentou para 30 aves distribuídas por 11 parques.

A primeira cria de calau de casco cinzento concebida em Lourosa nasceu em 2009. Já a ave mais jovem da espécie a juntar-se a essa família terá agora entre quatro a seis meses.

A sua idade exata é desconhecida porque, embora se tenha ouvido “uma cria a piar em julho, a mãe manteve-a selada no ninho durante algum tempo, como é típico dos calaus, e só em outubro a deixou sair pela primeira vez”.

Nessa altura, recorda Salomé Tavares, foi dupla a surpresa: “Contávamos só com uma cria, mas afinal eram duas”.

O Zoo de Lourosa abriu oficialmente as suas portas ao público em outubro de 1990, sendo nessa altura propriedade de um particular.

Em 2000 o espaço foi adquirido pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, que impôs ao local as normas comunitárias relativas à exposição de animais ao público.

Após algumas obras de remodelação, a reabertura do parque aconteceu em 2001, sendo que hoje o Zoo conta com cerca de 500 aves de 150 espécies diferentes, muitas delas raras ou ameaçadas de extinção.

https://greensavers.sapo.pt/zoo-de-lourosa-lidera-programa-internacional-sobre-calau-de-casco-cinzento/